São Paulo, sábado, 10 de novembro de 2007

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Kingston quer produção no país até 2008

Líder em memórias de computador estuda parceria com empresas nacionais ou mesmo fábrica própria

Divulgação
John Tu tocando com o grupo Meninos do Morumbi, em SP


JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL

Percussionista da banda "JT and the California Dreamin"", o chinês naturalizado americano John Tu não é tão famoso quanto Oprah Winfrey, mas está à frente dela na lista dos americanos mais ricos, com uma fortuna estimada em US$ 1,5 bilhão. Sua fonte de renda, no entanto, não é a música. Em duas décadas, John Tu consolidou, em parceria com David Sun, a Kingstom Technology, maior fornecedora independente de memórias do mundo. A memória é o componente do computador que permite a armazenagem temporária ou permanente de dados. Embora não revele o faturamento da Kingston no país (no mundo, foi de US$ 3,7 bilhões em 2006), Tu diz que as vendas brasileiras crescem o dobro do que a média da América Latina. Esse é um dos motivos para trazer a produção para o Brasil. Uma das formas seria fazer acordos com empresas que têm benefícios fiscais do governo federal. Entre as companhias avaliadas estão Digitron e Flex, em Manaus, e Celestica, em Jaguariúna, interior de São Paulo. Utilizando a fábrica de uma dessas companhias, a Kingston derrubaria seus preços competindo em pé de igualdade com a Smart Modular, que vende basicamente para os fabricantes de computadores e notebooks. Em 2008, os brasileiros devem comprar mais de 12 milhões de unidades, um mercado que a Kingston quer para si.

 

FOLHA - A Kingston quer se instalar no Brasil há muito. Por que a empresa tem pressa nesse momento?
JOHN TU -
Temos de estar aqui. As vendas cresceram 122% apenas no primeiro semestre. A média de expansão na América Latina é de 60%. Nos EUA e na Europa, esse ritmo é de 20%. Ficou mais fácil explicar por que devemos investir em um país da América Latina. Desde então, começamos a buscar parceiros brasileiros que já tenham o Plano Produtivo Básico (PPB), pré-requisito para termos algumas isenções em nossos produtos. É uma forma de agilizarmos nossa entrada no país. Mas se não encontrarmos uma empresa em condições para produzir, comercializar e prestar assistência aos nossos clientes, iremos investir em uma fábrica própria.Tudo depende dos incentivos fiscais que possamos conseguir.

FOLHA - Quanto seria investido?
TU -
Não há números ainda. Uma máquina para cortar a lâmina de silício em que se fundem os circuitos eletrônicos e embalá-los custa US$ 40 milhões. Acredito que uma seria suficiente. Pode ser que usemos máquinas de terceiros, mas também poderemos trazer as nossas. O investimento vai depender da definição do nosso modelo de negócio que, por sua vez, está atrelado às negociações com o governo federal.

FOLHA - Onde será a fábrica?
TU -
A busca de parceiros é fundamental nesse processo de implantação. Estamos analisando locais no interior de São Paulo, na Zona Franca de Manaus e em Minas Gerais. Um dos parceiros, por exemplo, já tem uma máquina que poderia ser utilizada. Eles também teriam de se adequar ao nosso processo de testes de chips.

FOLHA - Você é aficionado por automóveis. Existe alguma relação entre a forma como dirige seus carros e seus negócios?
TU -
Antes de tudo, sou extremamente cauteloso ao volante. Quando dirijo um carro procuro a fragilidade da máquina. O desafio é tentar compensá-la para que o seu desempenho seja o máximo. Nos negócios, funciona da mesma forma.

FOLHA - Sua garagem comporta todos os seus carros?
TU -
De fato, preciso de uma garagem maior (risos). Tenho cinco carros: um Aston Martin [o carro usado pelo agente 007], um McLaren SR, um Porsche Carrera GT, uma Ferrari 599 e uma Bugatti.

FOLHA - Deixa alguém dirigi-los?
TU -
Sim. Tenho até uma espécie de pista de prova na sede da companhia. Nunca fui apegado aos carros nem aos bens materiais. Exceto pelos meus cabelos, sempre fui assim, desde que saí de Taiwan. Hoje ainda me sinto fazendo negócios dentro da minha garagem. É minha natureza: não me sinto influenciado pelo mundo exterior.

FOLHA - O senhor é mais rico que a Oprah Winfrey. Quais são seus planos, já que a fase do "ganhar dinheiro" está superada?
TU -
Eu sou tão rico assim?! Obrigado por me informar (risos). Eu me preocupo apenas em viver em harmonia com as pessoas e com os clientes. Esse é o meu lema. Para mim, viver em harmonia é estar constantemente com o coração aberto e não se envolver em discussões -o que não significa concordar com tudo. É isso o que encontro quando toco com os Meninos do Morumbi, grupo a quem dei suporte quando começaram suas atividades. De alguma forma, sempre que tenho a chance de tocar com eles, eu me conecto com o menino de nove anos que vive em mim e isso me deixa muito feliz.


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