São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Crise favorece repatriação de capital

A atual conjuntura econômica, com dólar valorizado e juros menores nos Estados Unidos, é ideal para os brasileiros que têm capital no exterior trazerem os recursos para o Brasil. A análise é de Roberto Justo, sócio do escritório de advocacia Choaib, Paiva e Justo, especializado em atender clientes do setor de "private banking" de bancos como Itaú, Bradesco e Banco do Brasil.
Segundo ele, a demanda por consultoria sobre a melhor forma para trazer os recursos aplicados no exterior cresceu após a quebra do banco Lehman Brothers, no dia 15 de setembro, que provocou a disparada da cotação da moeda norte-americana.
Desde então, o escritório já estruturou a entrada de cerca de R$ 100 milhões. E, segundo Justo, o fluxo ainda continua. O motivo, diz ele, é a oportunidade de transformar a mesma quantia em dólares em um volume maior de reais criada pela mudança cambial. Outro fator é o diferencial de juros -nos EUA a taxa básica de juros é de 1% ao ano. Já no Brasil é de 13,75%.
"É melhor aproveitar o câmbio para trazer o dinheiro para o Brasil e aplicar em DI que deixar lá para render quase nada em títulos norte-americanos", afirma Justo.
De acordo com Justo, a maioria dos recursos provém de clientes que têm empresas no exterior. O escritório estrutura operações de distribuição de dividendos para o acionista ou redução do capital da empresa para que o empresário traga a dinheiro ao Brasil de forma legalizada.
Apesar do aumento do interesse de brasileiros em trazer o dinheiro do exterior para o Brasil, o movimento de saída de recursos de estrangeiros aplicados no Brasil é ainda maior. O mês passado fechou com um saldo negativo de US$ 4,639 bilhões, o pior resultado desde janeiro de 1999. Segundo economistas, a retirada do dinheiro do Brasil se deve à necessidade de vender ativos líquidos em países emergentes para compensar perdas no exterior.

CRISE CORPORATIVA

Problemas nas relações com o consumidor foram responsáveis por 26% das 312 crises corporativas noticiadas nos primeiros nove meses deste ano, segundo levantamento da agência Imagem Corporativa. Em seguida, estão as crises relacionadas a problemas operacionais e de manutenção (veja acima). As empresas atingidas se pronunciaram em 72% dos casos, buscando dar sua versão.

DE BRINQUEDO

Paulo Benzatti, diretor comercial da Gulliver Brinquedos, afirma que não vai repassar o aumento de custos na importação de produtos, provocado pelo recente aumento do dólar, nos preços dos brinquedos neste ano. "Nós temos uma espécie de hedge interno, que nos preservou de perdas maiores", afirma Benzatti. Em vez de usar a cotação do dólar que pagou para importar os produtos, a Gulliver define os preços no varejo a partir de uma média do valor da moeda americana em um determinado período de tempo. "Nós nunca trabalhamos com o dólar a R$ 1,60", afirma Benzatti. Com a crise, a Gulliver acelerou o seu projeto de aumentar a participação de brinquedos produzidos no Brasil, atualmente em 30% de suas vendas, para 50%.

PLACA MÃE
A Digitron, uma das maiores fabricantes de chips e placas-mãe do país, vai fabricar mais cinco modelos de placas da Intel a partir de 2009. Hoje, eles já produzem três modelos. As placas são o coração de um computador e de um notebook, onde ficam os circuitos e componentes eletrônicos, quase todos importados.A primeira delas será a Mini ITX, que poderá ser acoplada diretamente em uma TV de LCD ou um monitor, transformando-se automaticamente em um computador."Será o fim daqueles gabinetes gigantescos. Basta comprar a placa e pedir que um técnico faça a junção com o monitor", diz Sung Un Dong, presidente da Digitron, parceira da Intel no Brasil. O preço deve ser de cerca de R$ 230. A produção começa em janeiro e as vendas, em fevereiro. Além disso, segundo Sung, elas gastam menos energia do que as placas convencionais do mercado.

com JOANA CUNHA, MARINA GAZZONI e JULIO WIZIACK



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