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Emergentes reclamam que ajuda financeira fica restrita aos discursos
JULIO WIZIACK
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
MAURÍCIO MORAES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Embora os representantes
do G-20 discursarem em torno
da proposta de uma compensação financeira vinda dos países
desenvolvidos aos emergentes,
nenhum dos representantes
mostrou-se abertamente favorável, principalmente os EUA.
O subsecretário do Tesouro
americano, David McCormick,
limitou-se a afirmar que os
EUA estão comprometidos na
solução dessa crise, defendendo uma revisão profunda das
instituições financeiras. "Na
reunião da próxima semana estaremos focados nos princípios
das reformas para evitar outras
crises", comentou.
McCormick reforçou que os
EUA estão prontos para colocar mais recursos na economia
real caso seja necessário, mas
deixou dúvidas sobre a relevância do G20. "Acredito que o papel desse grupo é importante e
vamos dar todo o apoio, mas ele
[o G20] não é o único fórum de
debate."
A Ministra das Finanças da
França, Christine Lagarde,
também seguiu nessa direção.
"Encontramo-nos todos na necessidade de estabelecer um
plano de ação concreto e um
cronograma para colocar em
prática uma nova arquitetura
[financeira] mundial", disse.
A ministra também mencionou um novo pacote de ajuda
do governo francês às pequenas
e médias empresas, no montante de 22 bilhões, o qual deve ser enviado ao Parlamento.
Há ainda outros pontos de
discórdia nos bastidores.
Segundo o ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega,
apesar de estarem comprometidos na contenção dos efeitos
dessa crise, os países desenvolvidos deverão apresentar resistência à proposta do G20 de
monitorar o mercado de fundos derivativos e de hedge a
partir da criação de organismos
permanentes, no âmbito do
G20, de detecção de risco. Afinal, ainda de acordo com o ministro, são os países desenvolvidos, especialmente os EUA,
que administram a maior
quantidade e volume de investimentos. "Eles terão problemas porque a proposta [do
G20] acarretaria limitação de
seu raio de ação", explicou
Mantega.
"Guido Mantega está certo
quando diz que o crescimento,
no próximo ano, virá das nações emergentes. É justo, portanto, tentar apoiar esse crescimento porque será a única fonte de avanço que teremos", disse Dominique Strauss-Kahn,
diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional),
sem dar nenhum detalhe sobre
a forma de tal ajuda.
Durante a crise, o Fundo
concordou em socorrer a Islândia, a Hungria e a Ucrânia. O
Federal Reserve, banco central
dos EUA, também colocou à
disposição do Brasil e da Coréia
do Sul, entre outros países, linhas especiais de "swap" (troca
de moeda americana por reais,
uma espécie de empréstimo
sem pagamento de juros) no
valor de US$ 30 bilhões cada.
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