São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 2008

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Crise abala confiança do consumidor, diz pesquisa

Pessoas têm receio e não querem assumir dívidas

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A confiança do consumidor, indicador que revela o que pode estar por vir na economia, foi abalada pela crise global. Neste mês, o ICC (Índice de Confiança do Consumidor) paulista caiu 4,5% em relação a outubro e 3% ante novembro de 2007, segundo pesquisa da Fecomercio SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo).
Apesar de a massa salarial estar em alta, o consumidor está com receio de assumir dívidas e de não arcar com gastos extras no início de 2009, quando terá de pagar tributos e a matrícula escolar. Como conseqüência, os lojistas devem evitar altos estoques neste final de ano, diz a federação paulista.
"A expectativa do consumidor está contaminada pela crise", diz Thiago Freitas, assessor econômico da Fecomercio SP.
O ICC é um dos indicadores mais aguardados por lojistas, já que mostra a disposição do consumidor para ir às compras. "Enquanto a oferta de crédito estiver restrita, e as taxas de juros, elevadas, a confiança do consumidor estará abalada. O lojista precisa ser cauteloso com as compras e ficar de olho para não virar o ano com estoques elevados", diz Freitas.
O ICC, que varia de 0 a 200 pontos, caiu de 139 pontos, em outubro, para 132,6 pontos neste mês. Pontuação acima de 100 pontos é considerada mais ou menos otimista e abaixo de 100, mais ou menos pessimista. Para Freitas, a tendência é de o índice cair nos próximos meses, a não ser que o acesso ao crédito volte a ser facilitado e ocorra corte na taxa de juros.
A Ipsos, a pedido da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), fez o mesmo tipo de pesquisa nacionalmente em outubro e constatou estabilidade no INC (Índice Nacional de Confiança) do consumidor em relação a setembro. No Nordeste, o índice ficou praticamente estável e nas regiões Sul, Norte e Centro-Oeste o índice subiu no período. No Sudeste, porém, o índice caiu 5,4%.
"Para a associação, o que ocorre é que o consumidor do eixo Rio-São Paulo foi mais afetado e está mais informado sobre os desdobramentos da crise. E, por isso, está mais cauteloso com os gastos. Nas outras regiões, onde há pólos agrícolas e produtos para exportação, existe ainda certo entusiasmo com a alta do dólar. A taxa de câmbio favoreceu algumas regiões", afirma Emílio Alfieri, economista da ACSP.
Valdemir Colleone, diretor da Lojas Cem, notou que o consumidor está inseguro. A previsão inicial era de a Lojas Cem faturar em outubro entre 10% e 13% mais do que em igual mês do ano passado. Até o dia 20 de outubro, o crescimento tinha sido de 8% e o mês fechou com empate nas vendas em relação ao mesmo período de 2007.


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