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Crise abala confiança do consumidor, diz pesquisa
Pessoas têm receio e não querem assumir dívidas
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A confiança do consumidor,
indicador que revela o que pode
estar por vir na economia, foi
abalada pela crise global. Neste
mês, o ICC (Índice de Confiança do Consumidor) paulista
caiu 4,5% em relação a outubro
e 3% ante novembro de 2007,
segundo pesquisa da Fecomercio SP (Federação do Comércio
do Estado de São Paulo).
Apesar de a massa salarial estar em alta, o consumidor está
com receio de assumir dívidas e
de não arcar com gastos extras
no início de 2009, quando terá
de pagar tributos e a matrícula
escolar. Como conseqüência,
os lojistas devem evitar altos
estoques neste final de ano, diz
a federação paulista.
"A expectativa do consumidor está contaminada pela crise", diz Thiago Freitas, assessor
econômico da Fecomercio SP.
O ICC é um dos indicadores
mais aguardados por lojistas, já
que mostra a disposição do
consumidor para ir às compras.
"Enquanto a oferta de crédito
estiver restrita, e as taxas de juros, elevadas, a confiança do
consumidor estará abalada. O
lojista precisa ser cauteloso
com as compras e ficar de olho
para não virar o ano com estoques elevados", diz Freitas.
O ICC, que varia de 0 a 200
pontos, caiu de 139 pontos, em
outubro, para 132,6 pontos neste mês. Pontuação acima de 100
pontos é considerada mais ou
menos otimista e abaixo de 100,
mais ou menos pessimista. Para Freitas, a tendência é de o índice cair nos próximos meses, a
não ser que o acesso ao crédito
volte a ser facilitado e ocorra
corte na taxa de juros.
A Ipsos, a pedido da ACSP
(Associação Comercial de São
Paulo), fez o mesmo tipo de
pesquisa nacionalmente em
outubro e constatou estabilidade no INC (Índice Nacional de
Confiança) do consumidor em
relação a setembro. No Nordeste, o índice ficou praticamente
estável e nas regiões Sul, Norte
e Centro-Oeste o índice subiu
no período. No Sudeste, porém,
o índice caiu 5,4%.
"Para a associação, o que
ocorre é que o consumidor do
eixo Rio-São Paulo foi mais afetado e está mais informado sobre os desdobramentos da crise. E, por isso, está mais cauteloso com os gastos. Nas outras
regiões, onde há pólos agrícolas
e produtos para exportação,
existe ainda certo entusiasmo
com a alta do dólar. A taxa de
câmbio favoreceu algumas regiões", afirma Emílio Alfieri,
economista da ACSP.
Valdemir Colleone, diretor
da Lojas Cem, notou que o consumidor está inseguro. A previsão inicial era de a Lojas Cem
faturar em outubro entre 10% e
13% mais do que em igual mês
do ano passado. Até o dia 20 de
outubro, o crescimento tinha
sido de 8% e o mês fechou com
empate nas vendas em relação
ao mesmo período de 2007.
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