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Analistas temem efeitos de plano de Bush
Especialistas acreditam que congelamento de juros possa afetar mercado de títulos lastreados em créditos imobiliários de alto risco
Medida anunciada pelo
governo dos EUA visa
facilitar pagamento de
prestações e evitar
execução de hipotecas
DA BLOOMBERG
O plano do presidente dos
EUA, George W. Bush, de congelar os juros em alguns créditos imobiliários de alto risco
("subprime") pode acabar sendo uma cura que dá origem a
outra doença. Analistas temem
que a medida possa forçar os
investidores no mercado de bônus lastreados em contratos de
crédito imobiliário de moradias a reavaliar as suas carteiras. Esse mercado, de US$ 6,3
trilhões, foi criado com um fundo comum de empréstimos
com pagamento de juros para
os investidores.
"Se o governo interferir e
mudar contratos, isso definitivamente terá o efeito de esfriar
a securitização dos contratos
de crédito imobiliário", disse
Milton Ezrati, economista-sênior e estrategista de mercado
da Lord Abbett & Co., que supervisiona US$ 120 bilhões em
ativos. "Quando o governo intervém e diz que você fechou
um contrato para fazer um determinado acordo, mas já não
pode ter esse acordo, acho que
isso dá margem a processos na
Justiça."
Bush e o secretário do Tesouro, Henry Paulson, anunciaram
na semana passada acordo com
as instituições que concedem
crédito para congelar as taxas
em alguns empréstimos "subprime" por cinco anos. Nesse
mercado, as taxas de juros iniciais da hipoteca são menores
-como uma forma de atrair
mais usuários- e aumentam
durante o restante do contrato.
"A medida poderia causar a
redução da confiança na viabilidade de avanço dos mercados
de bônus e de crédito imobiliário e levar ao aumento dos juros
e das taxas que reajustam os
contratos de crédito imobiliário para todos", disse Kenneth
Hackel, diretor-gerente de estratégia de renda fixa da RBS
Greenwich Capital Markets.
Hackel disse que vem "recebendo muitos telefonemas" de
clientes "batendo os punhos na
mesa e fazendo barulho".
O American Securitization
Forum, grupo do setor de crédito imobiliário que colaborou
com os reguladores na elaboração do plano, disse que ele tem
como objetivo trabalhar com os
contratos existentes. Como
parte de um contrato típico de
bônus, as empresas de crédito
terão que modificar os empréstimos apenas nos casos em que
essa operação gerar mais retorno para os detentores de bônus
do que uma execução de hipoteca, com arresto do imóvel. Os
acordos também estabelecem
que os empréstimos não podem ser modificados a não ser
que a inadimplência seja "razoavelmente previsível".
As instituições estariam
agindo no interesse dos investidores em bônus porque a execução causaria perdas maiores,
disse em nota o American Securitization Forum.
"Não é justo, mas é provavelmente a melhor solução tanto
para os que estão fazendo os
pagamentos como para os que
não podem arcar com aumentos nas prestações", disse Andrew Harding, diretor de investimentos de renda fixa da Allegiant Asset Management, que
administra US$ 18 bilhões.
Prejuízo bilionário
A redução do valor das hipotecas e empréstimos alavancados já causou perdas de US$ 66
bilhões aos bancos no mundo.
O Goldman Sachs estimou no
mês passado que as perdas no
mercado de crédito imobiliário
em todo o mundo possam chegar a US$ 726 bilhões.
As execuções de hipotecas
com arresto do imóvel quase
dobraram em outubro em relação ao mesmo mês de 2006, em
grande parte porque os tomadores com históricos de crédito
precários não conseguiram
manter os pagamentos depois
de aumentos.
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