São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

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PIB / GOVERNO

"Tem gente rezando para que a crise pegue o país", diz Lula

Em discurso, Lula afirma que há gente "torcendo" para o presidente "se lascar'

Presidente volta a pedir a trabalhadores que não reduzam o consumo, para evitar impacto maior da crise mundial na economia

SIMONE IGLESIAS
ENVIADA ESPECIAL A COLINAS DO TOCANTINS

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que tem gente torcendo para que a crise econômica mundial tenha reflexos mais fortes no país para prejudicá-lo.
"Não quebramos nem vamos quebrar. Mas tem gente torcendo. Tem gente que vai deitar rezando "tomara que a crise pegue o Brasil para esse Lula se lascar'", disse, em discurso para funcionários da Odebrecht, que estão fazendo as obras da Ferrovia Norte-Sul, no Tocantins.
Lula explicou aos trabalhadores sobre a necessidade de aumentarem o consumo para que a economia não se desaqueça e aumente o desemprego. Brincando, foi didático com o público: "Quando vocês ouvirem esta palavra durável, é um carro, uma casa, uma máquina. E semiduráveis são uma geladeira, um fogão", afirmou. Na realidade, são classificados como bens semiduráveis itens como vestuário e calçados. Geladeira e fogão são bens duráveis.
Quando informado pela equipe econômica sobre o resultado do PIB no terceiro trimestre, Lula comemorou e disse, de acordo com assessores, que os índices indicam que a economia brasileira se encontrava num momento excelente quando da chegada da crise financeira internacional. O Planalto não comentou oficialmente os números do PIB.
Em discurso improvisado -o texto entregue pela assessoria estava voando do púlpito e Lula decidiu não utilizá-lo-, o presidente fez um desabafo ao lembrar das dificuldades que enfrentou para chegar à Presidência. Disse que depois de 1989, quando perdeu a eleição para Fernando Collor de Mello, percorreu o país na "Caravana da Cidadania" e depois foi impedido de usar o material colhido em sua campanha.
"Quando eu terminei as caravanas, eu tinha consciência de que eu estava preparado para ser presidente. Mas construíram a maior aliança que a elite já construiu nesse país para evitar que eu ganhasse as eleições em 1994", declarou.
Lula disse que, depois de eleito, o país estava praticamente quebrado.
"Pegamos o Brasil em 2003 e estava realmente quase quebrado. Mas decidi que iria consertar [o Brasil] como um peão consegue domar um cavalo bravo", afirmou.
Quanto às críticas aos programas sociais, citou que os recursos pagos pelo governo ao Bolsa Família servem para ajudar na alimentação e comparou a gorjetas. "Mais R$ 70 ou R$ 80 para uma dona de casa é menos que uma gorjeta que o rico dá no bar depois de encher a cara de uísque", afirmou.


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