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PIB / GOVERNO
"Tem gente rezando para que a crise pegue o país", diz Lula
Em discurso, Lula afirma que há gente "torcendo" para o presidente "se lascar'
Presidente volta a pedir a trabalhadores que não reduzam o consumo, para evitar impacto maior da crise mundial na economia
SIMONE IGLESIAS
ENVIADA ESPECIAL A COLINAS DO TOCANTINS
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que
tem gente torcendo para que a
crise econômica mundial tenha
reflexos mais fortes no país para prejudicá-lo.
"Não quebramos nem vamos
quebrar. Mas tem gente torcendo. Tem gente que vai deitar rezando "tomara que a crise
pegue o Brasil para esse Lula se
lascar'", disse, em discurso para
funcionários da Odebrecht, que
estão fazendo as obras da Ferrovia Norte-Sul, no Tocantins.
Lula explicou aos trabalhadores sobre a necessidade de
aumentarem o consumo para
que a economia não se desaqueça e aumente o desemprego. Brincando, foi didático com
o público: "Quando vocês ouvirem esta palavra durável, é um
carro, uma casa, uma máquina.
E semiduráveis são uma geladeira, um fogão", afirmou. Na
realidade, são classificados como bens semiduráveis itens como vestuário e calçados. Geladeira e fogão são bens duráveis.
Quando informado pela
equipe econômica sobre o resultado do PIB no terceiro trimestre, Lula comemorou e disse, de acordo com assessores,
que os índices indicam que a
economia brasileira se encontrava num momento excelente
quando da chegada da crise financeira internacional. O Planalto não comentou oficialmente os números do PIB.
Em discurso improvisado -o
texto entregue pela assessoria
estava voando do púlpito e Lula
decidiu não utilizá-lo-, o presidente fez um desabafo ao lembrar das dificuldades que enfrentou para chegar à Presidência. Disse que depois de 1989,
quando perdeu a eleição para
Fernando Collor de Mello, percorreu o país na "Caravana da
Cidadania" e depois foi impedido de usar o material colhido
em sua campanha.
"Quando eu terminei as caravanas, eu tinha consciência de
que eu estava preparado para
ser presidente. Mas construíram a maior aliança que a elite
já construiu nesse país para
evitar que eu ganhasse as eleições em 1994", declarou.
Lula disse que, depois de eleito, o país estava praticamente
quebrado.
"Pegamos o Brasil em 2003 e
estava realmente quase quebrado. Mas decidi que iria consertar [o Brasil] como um peão
consegue domar um cavalo
bravo", afirmou.
Quanto às críticas aos programas sociais, citou que os recursos pagos pelo governo ao
Bolsa Família servem para ajudar na alimentação e comparou
a gorjetas. "Mais R$ 70 ou R$
80 para uma dona de casa é menos que uma gorjeta que o rico
dá no bar depois de encher a cara de uísque", afirmou.
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