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Fundos de investimento têm em 2008 perda recorde
Saques superam os de 2002, quando teve início a marcação a mercado no país
Fundos multimercados tiveram saques de R$ 52,912 bilhões, enquanto os de ações tiveram aplicações de R$ 5,8 bilhões no ano
DA REPORTAGEM LOCAL
Os fundos de investimento
tiveram em 2008 o pior ano da
história: os saques superavam
as captações em R$ 67,592 bilhões até o último dia 4. No entanto, segundo Marcelo Giufrida, presidente da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de
Investimento), o resultado não
é tão ruim pois essas perdas representam apenas cerca de 6%
do patrimônio líquido total da
indústria, de R$ 1,117 trilhão.
"Em 2002, quando os saques
foram de aproximadamente R$
63 bilhões, eles significavam
20% do patrimônio", disse. Naquele ano, a indústria sofreu
com o início da marcação a
mercado -estabelecimento do
preço de um ativo de acordo
com o seu valor de mercado.
Dentre os tipos de fundo, os
que apresentaram maior volume de saques foram os multimercados (que aplicam os recursos em diversos tipos de ativos), com perdas de R$ 52,912
bilhões. "Diante da crise internacional, os investidores buscaram menor risco, como os
CDBs [Certificados de Depósito Bancário]", explicou Alexandre Zákia, vice-presidente da
Anbid. "Comparando com outros países, como os EUA e o
Japão [que viram saques superiores a 20%], pode-se afirmar
que a indústria brasileira se
saiu muito bem, o que se deve à
solidez do nosso mercado financeiro e à sua adequada regulação e auto-regulação." Ele
comenta que nunca viu o setor
registrar dois anos negativos
seguidos, então tem a expectativa de que em 2009 os resultados sejam melhores. Já o conjunto dos fundos de ações apresentou captação líquida de US$
5,798 bilhões. "O investidor doméstico percebeu que alguns
papéis estão com valor abaixo
do preço técnico", disse Zákia.
Empresas
O ano também foi bastante
negativo para a obtenção de recursos pelas companhias por
meio de instrumentos do mercado financeiro.
Até setembro, 15 empresas
acessaram o mercado acionário, quatro delas pela primeira
vez. As operações de oferta pública de valores mobiliários recuaram 31,6% até o mês passado ante 2007, para R$ 93,4 bilhões, e a emissão de notas promissórias teve alta de 110,6%.
"As empresas têm preferido
dívida de prazo mais curto",
disse Alberto Kiraly, outro vice-presidente e coordenador
da comissão de finanças corporativas. "Deve haver uma recuperação entre o primeiro e o segundo trimestre de 2009."
As captações externas caíram 30,9% até novembro ante
mesmo período de 2007. Até
que as condições de liquidez no
mercado internacional de crédito se restabeleçam, as instituições financeiras domésticas
é que serão procuradas.
(DENYSE GODOY)
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