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Na contramão mundial, país eleva estímulo
Além do Brasil, só o Japão, entre grandes economias, anunciou recentemente medidas de incentivo, com pacote de US$ 81 bi
Para OCDE, Brasil deveria começar a enxugar medidas de apoio já no começo de 2010; Banco Mundial e FMI também pedem moderação
ÁLVARO FAGUNDES
DA REDAÇÃO
O pacote de medidas anunciado ontem pelo governo brasileiro ocorre num momento
em que os principais organismos internacionais já discutem
como e quando começar a desmontar os planos de estímulo
trilionários adotados no mundo desde o ano passado. Mais: a
OCDE recomendou que o Brasil comece a enxugar medidas
já no começo do ano que vem.
Com a economia mundial
apresentando sinais de recuperação, parte das discussões hoje
está centrada em retirar a ajuda
estatal. O temor é que, se isso
ocorrer cedo demais ou com
muita pressa, a economia possa
desabar para uma nova recessão. Mas a adoção de mais estímulos não está no centro dos
debates, especialmente em relação às economias emergentes, que dão mais sinais de força
do que as nações ricas.
A posição mais contundente
sobre o assunto é a do presidente do Banco Mundial, Robert
Zoellick, que vem afirmando
desde a metade do ano que não
são necessários mais pacotes
de estímulo. Além dos riscos de
inflação, o dirigente vem afirmando de que as medidas tomadas pelos governos também
podem criar bolhas de ativos.
Diz mais: as soluções adotadas recentemente para combater a crise atual poderão se tornar o problema em um futuro
não muito distante. "Se houver
bolhas de ativos que não forem
atacadas corretamente, você
pode novamente prejudicar a
confiança em 2010, ano que é a
minha principal preocupação."
Para Zoellick, os pacotes já
adotados devem prosseguir até
2010 e as medidas para o desmonte desses planos devem ser
coordenadas entre os países.
Já a OCDE (grupo que reúne
30 das maiores economias do
planeta) afirma que a recuperação dos não membros da entidade -entre eles, o Brasil e a
China- se tornou uma fonte de
ajuda para os países ricos e que
a "grande questão" em várias
dessas economias é a retirada
dos pacotes de estímulo para
não gerar inflação.
"Uma política sensata de retirada dos estímulos é recomendável para o início de 2010,
caso a recuperação ocorra de
acordo com o esperado", afirma
a entidade em documento divulgado em novembro.
O desmonte dos pacotes de
estímulos também faz parte
das preocupações nos discursos do FMI. O diretor-gerente
do Fundo, Dominique Strauss-Kahn, vem dizendo que os planos de ajuda ainda devem ser
mantidos, mas, em nenhuma
das suas declarações recentes,
fala em ampliação dos gastos.
Segundo ele, o enxugamento
dos estímulos "deve esperar
uma recuperação segura da demanda privada, assim como
uma estabilidade financeira
mais firme. Recomendamos errar pelo lado da cautela, visto
que sair cedo demais é mais caro do que sair tarde demais".
Entre as grandes economias,
além do Brasil, só o Japão tomou recentemente medidas de
estímulo, com um pacote de
US$ 81 bilhões, mas o segundo
maior PIB do planeta ainda está derrapando no seu processo
de recuperação, enfrentando
deflação e uma moeda valorizada que prejudica a venda de
produtos para o exterior.
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