São Paulo, quinta-feira, 11 de janeiro de 2001

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PETRÓLEO

Inclusão de itens não previstos em contratos custou US$ 212 mi a mais

Petrobras pagou mais do que devia por plataformas

DA SUCURSAL DO RIO

A Petrobras pagou mais de US$ 200 milhões além do previsto nos contratos originais para ter as plataformas de produção e de armazenamento de petróleo P-40 e P-38, que chegam neste mês para operar no campo de Marlim Sul (bacia de Campos, no Rio).
Segundo o diretor da área de serviços da estatal, Antônio Menezes, os custos adicionais foram decorrentes da inclusão de itens que deveriam estar previstos nos contratos e também de atrasos decorrentes da "performance do estaleiro".
Menezes disse que a Petrobras está com uma ação na Corte de Justiça de Londres (foro de discussão jurídica previsto no contrato) para tentar se ressarcir dos prejuízos que teriam sido causados pela empresa Marítima Petróleo, subcontratada pela japonesa Mitsubishi para gerir a construção das plataformas. As duas foram construídas no estaleiro Jurong, de Cingapura.
A estatal também reivindica uma quantia, a ser calculada, que teria deixado de faturar com o atraso de um ano na entrega das plataformas. O sistema formado pela P-40 e a P-38 tem capacidade para produzir 150 mil barris de petróleo por dia.
Em agosto de 99, a Petrobras demitiu, por justa causa, os engenheiros Roberto Orzechowsky e Alceu Lima Neto sob acusação de terem cometido irregularidades nas contratos da P-40 e da P-38.
Eles teriam deixado de alertar a direção da empresa que a P-40 não tinha sistemas de geração de energia elétrica e de ancoragem e que os custos de aproximadamente US$ 40 milhões para instalar esses sistemas se somariam ao preço da plataforma. Em setembro, Orzechowsky obteve na Justiça sua reintegração aos quadros da estatal.
Segundo Menezes, originalmente a P-40 custaria R$ 380 milhões e a P-38, US$ 160 milhões. Total: US$ 540 milhões. No final, a P-40 saiu por US$ 552 milhões e a P-38, por US$ 200 milhões, totalizando US$ 752 milhões. Diferença: US$ 212 milhões.
O presidente da Marítima, German Efromovich, disse que desconhece haver uma ação da Petrobras na Justiça e que também não reconhece nenhum aumento de custos das plataformas que seja da sua responsabilidade.
Segundo ele, a Petrobras está sendo "covarde" no relacionamento com a empresa.
De acordo com Efromovich, a Marítima tentou várias vezes discutir com a Petrobras atrasos nas construções das duas plataformas por conta de mudanças no projeto feitas pela estatal.
A plataforma P-40 chega ao Brasil amanhã. A P-38, no dia 26. A primeira é uma unidade de produção, enquanto a segunda é um navio-cisterna para armazenar o óleo produzido pela primeira.
Elas devem entrar em operação em julho. Em novembro de 2002 o sistema deverá atingir a capacidade máxima de produção, que é de 150 mil barris por dia.



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