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MERCADO FINANCEIRO
Apesar da recente desvalorização, moeda americana precisa cair mais para atingir níveis de 1995
Dólar segue acima das médias dos anos 90
CHRISTOPHER SWANN
DO "FINANCIAL TIMES", EM WASHINGTON
Talvez seja tentador pensar que
as coisas não podem ficar muito
piores para o dólar.
A antes poderosa nota verde
perdeu cerca de um terço de seu
valor em comparação com seu pico contra o euro dois anos atrás e
25% em relação a um leque maior
de parceiros comerciais. Com a
economia americana voltando a
crescer com força, a queda do dólar parece ainda mais paradoxal.
A moeda americana não parece
estar próxima de um piso histórico. Quando se leva em conta o valor real em termos de comércio
(que considera as diferentes inflações internacionais), o dólar ainda está um pouco acima de sua
média desde 1970. Continua 7%
acima da média negociada da década de 90, e teria de cair mais
13% para atingir o ponto mais
baixo que alcançou ante o marco
alemão em 1995.
Com o atual déficit de conta
corrente perto de 5% do PIB e o
declínio do interesse internacional pelos ativos americanos, parece totalmente possível uma queda
aos baixos níveis de 1995.
"Podemos estar vendo o início
de uma longa tendência de queda
do dólar, que dure cinco, dez
anos", afirmou Mark Zandi, economista-chefe da consultoria
Economy.com.
As autoridades americanas têm
poucos motivos para protestar
contra a queda da moeda. Os números da atividade industrial
mostraram o maior nível de novas encomendas desde os anos 50.
Enquanto isso, os retornos corporativos têm aumentado pelo crescente valor em dólar dos lucros
das subsidiárias estrangeiras.
A reação em termos de inflação
ou taxas de juros maiores foi desprezível. A queda de 25% do dólar
em valor negociado desde o início
de 2002 causou um aumento dos
preços das importações não-petrolíferas de apenas 1,8%.
O principal motivo disso, segundo Nariman Behravesh, economista-chefe da consultoria
Global Insight, é que aqueles que
exportam para os EUA estão cortando as margens para continuar
no mercado. "Muitas empresas
estão contidas pelo medo de perder participação no mercado para
a China e outras economias asiáticas", afirmou.
Também não há sinal de que as
preocupações sobre o dólar estejam prestes a causar uma fuga dos
títulos do Tesouro dos EUA, o que
provocaria uma alta das taxas de
juros. Considerando a melhora
no otimismo econômico, o aumento no rendimento dos títulos
foi surpreendentemente pálido.
"O fato de os asiáticos continuarem comprando Tesouros em
grande quantidade ajudou a
manter a calma no mercado e as
taxas de juros sob controle", disse
Paul Lambert, diretor-executivo e
chefe de câmbio no Deutsche Asset Management.
Talvez mais surpreendente tenha sido a fraca reação da Europa.
Os pessimistas tinham afirmado
que o euro em ascensão eliminaria qualquer sinal de recuperação
na zona euro. Até agora houve
poucos indícios de que isso esteja
acontecendo. O aumento do euro
parece ser amplamente superado
pela melhora na demanda global.
"Existem alguns indícios de que
a economia alemã, orientada para
as exportações, está começando a
ganhar terreno sobre a França e a
Itália", disse Paul Meggyesi, estrategista de câmbio no JP Morgan.
Alguns analistas acreditam que
o dólar poderá manter a tendência de baixa até que as autoridades
indiquem seu descontentamento.
Consequentemente, a atenção deverá se concentrar na reunião do
G7 em fevereiro.
A última reunião do G7 em Dubai foi considerada uma contribuição para a última fase de queda do dólar. Uma declaração inspirada pelos EUA sobre os méritos das taxas de câmbio flexíveis
foi interpretada por alguns no
mercado como que deveriam permitir a queda do dólar.
"Até agora não há indícios de
que a queda do dólar esteja testando a tolerância das autoridades econômicas", disse Tim
Stuart, estrategista monetário do
Morgan Stanley em Nova York.
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