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Política da empresa sofre críticas
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM GARANHUNS (PE)
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CASTRO E CARAMBEÍ (PR)
A Parmalat do Brasil adota políticas diferentes de relacionamento com seus fornecedores, dependendo da organização dos pecuaristas e da região do país.
Enquanto a empresa nem sequer mantém contratos com os
fornecedores individuais de leite
de sua fábrica em Garanhuns (230
km de Recife), em Carambeí (130
km de Curitiba) é a Batávia -empresa controlada pela multinacional- que se sujeita às regras ditadas pelo "pool do leite", formado
por três cooperativas.
A falta de contratos permite à
empresa alterar a qualquer momento seus preços, clientes e volume a ser adquirido. Os fornecedores são obrigados a entregar o
leite à fabrica por 30 dias consecutivos antes de receber a primeira
quinzena. Os outros 15 dias só são
pagos após mais duas semanas.
Eventual interrupção da entrega
por opção do produtor implica a
retomada de todo o processo. A
estratégia reduz as chances de o
pecuarista procurar melhor preço
para o seu produto.
"O produtor de leite é um sofredor. Produz sem saber quanto vai
receber", disse o presidente do
Sindicato Rural de Garanhuns,
Antonio Inácio Bezerra, 37.
A situação é oposta à vivida pelos associados das cooperativas
Batavo (de Carambeí), Castrolanda (Castro) e Capal (Arapoti).
Com potencial de 600 mil litros de
leite ao dia, a bacia leiteira do Paraná entrega só 30% na fábrica da
Parmalat. O restante é disputado
por outras indústrias de laticínios.
"O caminhão [da transportadora] chega aqui e eu não sei se vai
levar o leite para Batávia, Danone,
Colasso ou Bethânia", disse o produtor do Paraná Jan Loman, 39.
A colocação do leite nas indústrias é feita pelo pool de cooperativas. A organização e o poder de
barganha da entidade conferem
ao produtor uma "blindagem"
contra investidas das indústrias,
segundo a Castrolanda.
"Aqui há um monopólio, e a
maioria é obrigada a vender à
Parmalat, porque não há outra alternativa viável na região", disse
Bezerra. "Pelo menos até agora
eles têm recebido em dia."
No Paraná, também não houve
registro de atrasos.
Para o empresário e pecuarista
pernambucano Altamir Marne
Holanda Rabelo, 44, a pontualidade no pagamento já não importa mais. Dono de 40 vacas, Rabelo
colocou seu plantel à venda, alegando prejuízo. "Aqui, a gente só
sabe de fato por quanto vendeu o
leite quando vai ao banco."
O setor responde por cerca de
4.000 empregos na região da unidade da Batávia.
O leite para a fábrica em Garanhuns é fornecido por cerca de
400 produtores. A unidade gera
230 empregos diretos.
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