São Paulo, domingo, 11 de janeiro de 2004

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Tanzi fundou empresa após a morte do pai

TONY BARBER
DO "FINANCIAL TIMES"

Na véspera de Ano Novo, um advogado de Calisto Tanzi, 65, fundador e ex-presidente da Parmalat, hoje preso, estava diante do tribunal de Milão e fez um resumo da participação de seu cliente no escândalo financeiro que envolve a companhia alimentícia.
"O problema pode ser explicado da seguinte maneira: bons produtos, más finanças", disse o advogado Fabio Belloni. "Ele não sabia nada de finanças. É um empresário. Há muitas coisas que ele não sabia."
Mas não é tão simples. Tanzi disse que se apropriou indevidamente de 500 milhões de fundos da Parmalat durante sete ou oito anos.
Em sua cela na prisão San Vittore, em Milão, reconheceu que sabia de modo geral sobre as impropriedades contábeis que, segundo sua própria estimativa, resultaram em um buraco de 8 bilhões nas contas da Parmalat e provocaram o colapso de sua companhia.
Durante sua longa carreira, Tanzi cultivou o modelo do empresário familiar, de hábitos persistentes e atitudes práticas, um homem típico de sua região natal, no norte da Itália.
Tanzi tem diploma em contabilidade e em 1992 recebeu um título honorário em economia da Universidade de Parma.
Em 1961, aos 22 anos, Tanzi abandonou a universidade após a morte de seu pai, Melchiorre, para assumir o modesto negócio da família de presunto e massa de tomate. Nessa época a economia italiana estava no pico do boom pós-Guerra e o mundo adotava com entusiasmo as imagens da elegância italiana, simbolizada principalmente por Giovanni Agnelli, da dinastia Fiat.
A Parmalat, cujo nome combina as palavras Parma e "latte" (leite, em italiano), logo se tornaria o maior produtor mundial de leite longa vida. Quando a empresa se expandiu para iogurtes, sucos de fruta, molhos vegetais e biscoitos, a Parmalat tornou-se sinônimo de Parma, assim como a Fiat o era de Turim.
Tanzi dava uma atenção escrupulosa às atividades de sua empresa, levantando-se cedo para verificar as entregas de produtos. Também financiou projetos comunitários, como um centro de reabilitação de drogados e a restauração dos afrescos da catedral de Parma.


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