São Paulo, terça-feira, 11 de janeiro de 2005

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Receita com serviços repõe as perdas

DA SUCURSAL DO RIO

Dados da consultoria especializada no setor bancário Austin Asis mostram que as tarifas passaram a ser uma grande fonte de receita para as instituições financeiras. No caso do Banco do Brasil, por exemplo, a receita com tarifas representava apenas 9,4% do faturamento total em 1994. Subiu para 17,6% em 2004 (informações até setembro). No Itaú, a cifra passou de 8,6% para 26,9%. No Bradesco, subiu de 11,5% para 19%.
Houve também um avanço expressivo no valor total arrecadado com tarifas. A receita com serviços subiu 798% de 1994 a 2003 (último ano com dados até dezembro) no caso do Unibanco, chegando a R$ 14,9 bilhões, de acordo com a Austin Asis.
No BB, a alta foi de 255%, para R$ 39,1 bilhões em 2003. O Bradesco elevou sua receita com tarifas para R$ 29 bilhões, um incremento de 552% no período.
O levantamento da Austin Asis releva ainda que cinco dos sete bancos analisados cobrem o total da sua folha de pagamentos apenas com o que é arrecado com serviços. Em alguns casos, ainda sobra dinheiro. No BB, 93,2% dos gastos de pessoal são cobertos pela receita com serviços -o percentual era de 16,3% em 1994. Bradesco, Caixa e HSBC pagam toda a folha e ainda sobra um pouco no caixa. No Itaú e no Unibanco, os ganhos com tarifas superam bastante os 100% da folha -181,2% e 162,6%, respectivamente. Só 52,5% e 49,4% dos gastos com pessoal desses dois bancos eram cobertos pela receita de serviços em 1994. De acordo com a Austin Asis, os dados incluem além das tarifas dos serviços (cheque, cartão etc.), as taxas de administração de fundos.
Segundo Luis Miguel Santacreo, da Austin Asis, com a estabilidade os bancos tiveram de se preocupar em aumentar seus índices de eficiência, o que os fez elevar suas receitas e cortar custos. Elevaram tarifas e reduziram pessoal. Houve, de acordo com ele, uma forte terceirização, o que gerou muitas demissões. E mais ações por parte das instituições estão em curso. Uma delas, conta, é o compartilhamento de caixas eletrônicos. "Os bancos fizeram tudo isso e vão fazer ainda mais para chegar nos níveis internacionais de rentabilidade", diz Santacreo. (PS)


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