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Mercado Aberto
guilherme.barros@uol.com.br
Infra-estrutura vai a Dilma para questionar concessões
Os grandes empresários ligados à infra-estrutura ficaram
perplexos, ontem, com a declaração de Dilma Rousseff (Casa
Civil) de que o governo iria desistir do programa de concessão de sete rodovias federais
para criar uma empresa estatal
que ficaria encarregada da manutenção das estradas e que cobraria pedágio.
O susto foi ainda maior pelo
fato de Dilma ter dado a informação um dia depois de o presidente da Venezuela, Hugo
Chávez, ter anunciado um plano de estatização das empresas
de energia e telefonia.
A Fiesp reuniu ontem alguns
dos grandes empreiteiros que
seriam prejudicados com a decisão.O encontro foi comandado por Saturnino Sérgio, diretor de infra-estrutura da Fiesp,
e contou com a participação de
representantes da Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Odebrecht e CCR. "Todos ficamos
perplexos com a decisão do governo", diz Saturnino Sérgio.
Também pego de surpresa
com a decisão do governo, o
empresário Paulo Godoy, presidente da Abdib (associação do
setor de infra-estrutura), irá se
reunir hoje, em Brasília, com
Dilma Rousseff para discutir,
entre outros temas, se há mesmo intenção do governo de suspender as concessões de rodovias. "Vou verificar se, de fato,
há essa intenção ou se foi um
mal-entendido", diz Godoy.
Godoy acha que, neste momento, é preciso ter cabeça fria,
e que pode ter ocorrido uma
leitura equivoca. Ele diz que
não acredita que o governo vá
desperdiçar a oportunidade
que o país tem hoje de atrair
grandes investidores para as
obras em infra-estrutura.
Segundo Godoy, o país precisa atrair um total R$ 85 bilhões
para esses investimentos, e, por
isso, ele espera que a decisão
não tenha ainda sido tomada
pelo governo. "Não acredito
que o governo vá abandonar o
caminho das concessões", diz.
Mesmo que o governo volte
atrás ou que diga que foi mal interpretado, a declaração de Dilma Rousseff trará, no mínimo,
duas conseqüências. A primeira, mais evidente, será a de que
o programa de concessão irá
sofrer mais um atraso, e as estradas continuarão em péssimo
estado de conservação.
Em segundo lugar, colocou
uma pulga atrás da orelha do
empresariado, que começa a
ver em Dilma Rousseff uma
certa vocação estatizante e que
agora começa a desabrochar. A
dúvida dos empresários é se ela
conta ou não com o apoio do
presidente Lula.
Caso mantida, a decisão não
só estará na contramão mundial -incluindo até dos Estados Unidos, que têm a maior
malha rodoviária do planeta-
como correrá o risco de não dar
certo, como já se viu no passado, com o pedágio público.
"Nós preferimos pagar um
pedágio mais caro e ter uma estrada boa a pagar uma quantia
menor e ter uma estrada em
péssimo estado de conservação", afirma Neuton Gonçalves,
diretor da NTC & Logística (a
associação dos transportadores
de carga e logística).
Brasil é um dos mais protecionistas sobre globalização
O Brasil é um dos países
mais protecionistas do mundo quando o assunto é globalização. Estudo do instituto
de pesquisa Market Analysis, em parceira com o canadense Global Scan, mostra
que o apoio à globalização
caiu 20% no país nos últimos dois anos e atingiu seu
menor nível da década.
"Os brasileiros acompanham um desencantamento
global mundial, que é vivido
pela maioria dos países
emergentes, como Rússia,
China e Índia, entre outros",
diz Fabián Echegaray, cientista político e diretor da
Market Analysis. Segundo a
pesquisa, o "desencantamento" acontece por uma
percepção de que, cada vez
mais, a globalização fica no
plano econômico e comercial sem muitos avanços nas
áreas sociais e ambientais.
Já a característica de "protecionismo" do país está ligada à maneira do brasileiro
de querer "adaptar" a globalização às suas próprias necessidades, com "proteção e
benefícios", diz Echegaray.
CATRACA LIMPA
O Grupo Wolpac, de sistemas de controle de acesso no setor de transportes, preparou duas novidades para 2007 com
a expectativa de gerar 40% de crescimento no mercado de
segurança. O primeiro produto é a Woclean, uma catraca
com sistema de higienização de mãos e braços para ambientes nos quais a assepsia é fundamental. "Criamos esse produto de acordo com a necessidade da Perdigão, mas já estamos negociando com outras empresas-clientes", diz Fabiano
Oton Wolf, diretor comercial da Wolpac. A segunda novidade é o Wolcell, uma tecnologia importada de Israel e usada
para controle de acesso à distância, que permite abrir uma
porta de qualquer lugar do mundo por uma ligação telefônica. No total, a Wolpac, que existe há 40 anos, tem nove famílias de produtos, totalizando 32 diferentes itens.
MORRER NA PRAIA
A construção de dois grandes empreendimentos na
praia de Stella Maris, em
Salvador, estão emperrados.
Um da Iberostar, de R$ 75
milhões, e outro da rede Catussaba, de R$ 60 milhões.
As empresas estão em disputa na Justiça por conta do
fechamento de um acesso. A
Catussaba acusa a Iberostar
de ter fechado uma rua. Já a
Iberostar afirma que não
existe uma via pública em
seu espaço e que o seu terreno foi invadido por um trator que abriu a passagem no
final do ano passado. A Catussaba nega a invasão. Procurada, a Prefeitura de Salvador não se manifestou sobre o caso.
EXPANSÃO
A Caixa abre dois escritórios de representação no exterior. O primeiro, em fevereiro, será no Japão, na cidade de Hamamatsu, onde vivem 20 mil brasileiros. O segundo, em março, em Jersey
City, Nova Jersey, nos Estados Unidos. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, 70% dos brasileiros
residentes nos EUA estão no
nordeste americano.
NO AR
Na esteira da crise aérea, a
OceanAir, de German Efromovich, prepara-se para
realizar um grande investimento neste ano. Já está fechada a compra de dois
Boeing-767/300 ER para as
novas linhas internacionais.
As duas aeronaves desembarcam no Brasil até o próximo mês. Também estão em
negociação pelo menos oito
Boeing-787. Para este ano, já
estão certos mais seis MK-28, dois Fokker-100 e os dois
Boeing.
"SOÇIALISMO"
Delfim Netto está impressionado com o socialismo de
Hugo Chávez. Segundo ele,
"o socialismo do século 21
praticado por Chávez se escreve com cedilha".
NOVA DIREÇÃO
O empresário Carlos
Eduardo Uchôa Fagundes é
o novo presidente do Conselho Regional de Administração de São Paulo. Uchôa Fagundes substitui Roberto
Cardoso Carvalho.
com ISABELLE MOREIRA LIMA e JOANA CUNHA
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