|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Setor privado diz que decisão é equivocada
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O setor privado -potenciais investidores nas rodovias e grandes usuários-
reagiu mal à decisão do governo federal de suspender o
processo de concessão de
trechos de rodovias. A avaliação é que o país pode estar
perdendo uma oportunidade
de atrair capitais que hoje estão disponíveis.
Ontem, as cotações de várias empresas ligadas à área
de infra-estrutura tiveram
queda forte na Bolsa.
Os papéis ON (ordinários)
da CCR Rodovias, que pertencem ao Ibovespa (principal índice da Bolsa), caíram
7,38%. As ações ON da OHL
Brasil despencaram 12,61%.
E isso em um dia em que a
Bolsa de Valores de São Paulo registrou alta de 0,78%.
"Não tenha dúvida de que
esse é um recado do mercado", afirmou Renato Vale,
presidente da CCR.
Além do adiamento da retomada do processo de concessão de trechos de rodovias federais, os investidores
temem a criação de uma "pedagiobrás" -uma estatal para administrar diretamente a
cobrança do pedágio. "Esse
modelo já foi testado e não
funcionou", disse Vale.
Antes da privatização, rodovias como a Dutra (SP-Rio) e a ponte Rio-Niterói tinham cobrança de pedágio
feita diretamente pelo extinto DNER (atual Dnit, Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes).
"Para nós, é difícil de entender, mas há uma opção
política", afirmou Moacyr
Servilha Duarte, presidente
da ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de
Rodovias). "O país está perdendo uma oportunidade,
porque hoje existe abundância de capital no mundo para
investir em infra-estrutura.
É preciso atrair esse capital
para o Brasil", disse.
"Essa situação nos preocupa, porque havia uma expectativa de que esses trechos
estariam arrumados e entregues ao tráfego em boas condições", afirma Geraldo
Vianna, presidente da NTC
& Logística (Associação Nacional do Transporte de Carga e Logística). "Nós vamos
perder tempo, não se concedeu um metro de estrada no
primeiro mandato", lamentou o executivo.
"Perplexos"
"Estamos perplexos. Essa
medida vai na contramão de
tudo", disse Saturnino Sérgio
da Silva, diretor do Departamento de Infra-Estrutura da
Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). "Quando o governo diz
que quer a menor tarifa, concordamos. Mas não ter o serviço é o pior dos mundos",
disse, em referência ao péssimo estado das rodovias.
Luiz Afonso dos Santos
Senna, professor da UFRGS
(Universidade Federal do
Rio Grande do Sul) e ex-diretor da ANTT, também avalia
que a decisão é um erro.
"Com pedágio público, não
há compromisso entre o valor da tarifa e as obras que
precisam ser feitas na rodovia", disse.
A CCR é a maior operadora
de concessões de rodovias do
país. Cerca de 95% de sua receita vem da cobrança de pedágios nas rodovias em que
opera. A companhia opera
seis concessões de rodovias,
como AutoBan e NovaDutra.
Nos primeiros nove meses
de 2006, a CCR teve lucro líquido de R$ 314,5 milhões.
A OHL Brasil é a segunda
maior companhia do setor,
com quatro concessionárias
que operam em rodovias no
Estado de São Paulo, como
Autovias e Centrovias. O lucro líquido da OHL acumulado entre janeiro e setembro
do ano passado ficou em
R$ 80,9 milhões.
Colaborou FABRICIO VIEIRA, da Reportagem Local
Texto Anterior: Governo suspende concessão de rodovias Próximo Texto: Indústria de SP recua 1% em novembro Índice
|