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Pagamento de executivos da Varig é alvo de investigação
Ministério Público aponta tratamento privilegiado em rescisão de contratos
Aérea teria desembolsado recursos a 20 diretores e gerentes, enquanto cerca de 9.000 demitidos seguem sem verbas rescisórias
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O Ministério Público do Trabalho investiga suposto pagamento privilegiado, pela Varig,
da rescisão de 20 gerentes e diretores da companhia, que foram reaproveitados na empresa. Cerca de 9.000 trabalhadores demitidos continuam sem
receber verba rescisória.
Em alguns casos, como o de
um gerente que teria recebido
R$ 145 mil de rescisão, o MPT
diz já ter provas de que isso
ocorreu. "Esse privilégio não é
legal. São milhares passando
fome, enquanto 20, com salários já garantidos, receberam
verbas rescisórias na frente de
todo mundo", diz Rodrigo Carelli, procurador do Ministério
Público do Trabalho.
Na lista de supostas irregularidades, estão também as recentes demissões de 700 trabalhadores com estabilidade, entre eles sindicalistas e funcionários próximos da aposentadoria. Segundo Carelli, o MPT
está estudando quais as medidas que serão tomadas.
Um dos indícios de que alguns funcionários do alto escalão receberam as verbas rescisórias seria o de que, em e-mail
enviado ao presidente da Varig
à época, Marcelo Bottini, em 19
de junho de 2006, um funcionário de recursos humanos
pergunta sobre qual orientação
deve seguir para "a retenção de
alguns talentos, com o adiantamento de verbas rescisórias".
A Folha obteve uma lista
parcial dos funcionários que
teriam sido demitidos com a
antecipação. A lista inclui assessores da presidência, gerentes e diretores. Um dos gerentes teria acertado a manutenção no cargo mediante pagamento de verbas rescisórias no
valor de R$ 145.454 em abril.
A empresa afirma no "Instrumento Particular de Adiantamento de Verbas Rescisórias" que ele se candidatou ao
PDV (Programa de Demissão
Voluntária), mas que considera
seu cargo estratégico.
As hipóteses investigadas até
agora indicam que os funcionários de nível gerencial teriam
recebido as verbas da própria
empresa. Os que faziam parte
da direção teriam recebido por
meio de consultorias que prestavam serviço à Varig.
A Varig foi dividida em duas
em 2006. A "velha" ficou com
as dívidas, e a "nova", com as
operações.
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