São Paulo, quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

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Pagamento de executivos da Varig é alvo de investigação

Ministério Público aponta tratamento privilegiado em rescisão de contratos

Aérea teria desembolsado recursos a 20 diretores e gerentes, enquanto cerca de 9.000 demitidos seguem sem verbas rescisórias


MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

O Ministério Público do Trabalho investiga suposto pagamento privilegiado, pela Varig, da rescisão de 20 gerentes e diretores da companhia, que foram reaproveitados na empresa. Cerca de 9.000 trabalhadores demitidos continuam sem receber verba rescisória.
Em alguns casos, como o de um gerente que teria recebido R$ 145 mil de rescisão, o MPT diz já ter provas de que isso ocorreu. "Esse privilégio não é legal. São milhares passando fome, enquanto 20, com salários já garantidos, receberam verbas rescisórias na frente de todo mundo", diz Rodrigo Carelli, procurador do Ministério Público do Trabalho.
Na lista de supostas irregularidades, estão também as recentes demissões de 700 trabalhadores com estabilidade, entre eles sindicalistas e funcionários próximos da aposentadoria. Segundo Carelli, o MPT está estudando quais as medidas que serão tomadas.
Um dos indícios de que alguns funcionários do alto escalão receberam as verbas rescisórias seria o de que, em e-mail enviado ao presidente da Varig à época, Marcelo Bottini, em 19 de junho de 2006, um funcionário de recursos humanos pergunta sobre qual orientação deve seguir para "a retenção de alguns talentos, com o adiantamento de verbas rescisórias".
A Folha obteve uma lista parcial dos funcionários que teriam sido demitidos com a antecipação. A lista inclui assessores da presidência, gerentes e diretores. Um dos gerentes teria acertado a manutenção no cargo mediante pagamento de verbas rescisórias no valor de R$ 145.454 em abril.
A empresa afirma no "Instrumento Particular de Adiantamento de Verbas Rescisórias" que ele se candidatou ao PDV (Programa de Demissão Voluntária), mas que considera seu cargo estratégico.
As hipóteses investigadas até agora indicam que os funcionários de nível gerencial teriam recebido as verbas da própria empresa. Os que faziam parte da direção teriam recebido por meio de consultorias que prestavam serviço à Varig.
A Varig foi dividida em duas em 2006. A "velha" ficou com as dívidas, e a "nova", com as operações.


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