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Ministros dizem a Lula que energia subirá
Equipe prevê reajuste neste ano devido ao baixo nível dos reservatórios e ao acionamento das termelétricas, mais caras
Durante reunião com Lula, auxiliares rebateram
declarações de dirigente da Aneel sobre hipótese de
racionamento neste ano
Ivan Cruz/Agência A Tarde
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Na bacia do São Francisco, lago da usina hidrelétrica de Sobradinho (BA), com 19,3% de água armazenada em seu reservatório
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em reunião anteontem com
os ministros Dilma Rousseff
(Casa Civil) e Nelson Hubner
(Minas e Energia), o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva foi avisado de que haverá aumento de
energia em 2008 devido ao baixo nível dos reservatórios das
usinas hidrelétricas.
No mesmo encontro, os ministros contrariaram o diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Jerson
Kelman, ao discutir a possibilidade de um racionamento de
energia neste e no próximo
ano. Kelman disse que não estava totalmente convencido de
que um eventual racionamento
poderia ser descartado.
Já Dilma e Hubner afirmaram que essa possibilidade poderia ser descartada. Presente
ao encontro, o diretor-geral do
Operador Nacional do Sistema
Elétrico, Hermes Chipp, deu
razão a Dilma. Lula fez uma
reunião de emergência anteontem porque Kelman deu declaração dizendo que um racionamento em 2008 não é impossível, mas é improvável.
Segundo a Folha apurou,
Dilma ficou irritada com as declarações de Kelman. A ministra encurtou a folga para dizer
a Lula que a possibilidade levantada pelo diretor não é real
e que houve um certo desencontro de informações entre
setores do governo e as agências. Por conta disso, o presidente convocou uma reunião
com os representantes do setor
elétrico na quarta-feira à noite,
da qual Dilma participou.
No início, Lula perguntou a
todos se haveria ou não racionamento em 2008. Chegou a
dizer que em 2001, ano do apagão, os auxiliares também deveriam dizer ao presidente da
época, Fernando Henrique
Cardoso, que não havia risco.
Teve início, então, um debate. Kelman disse que a imprensa exagerara ao tratar de suas
declarações, mas sustentou
que não poderia descartar totalmente um apagão porque,
até o momento, havia chovido
menos do que o necessário.
Dilma e Hubner sustentaram que a única semelhança
com 2001 era esse "atraso" das
chuvas. No entanto, disseram
que, nos últimos anos, foram
tomadas medidas que melhoraram a segurança do sistema
elétrico. Exemplo: interligação
entre as regiões do Brasil, o que
permite levar energia para um
local distante que corre risco
de abastecimento. Decidiu-se
que a região Sul transmitiria
1.000 megawatts para a Sudeste, a fim de evitar problemas. A
região Norte também deverá
fornecer, nos próximos dias,
energia para o Nordeste.
Todos os auxiliares de Lula
concordaram, porém, que haverá encarecimento do preço
da energia porque o governo
terá de recorrer a termelétricas, mais caras e mais poluentes do que as hidrelétricas, para
suprir a demanda em 2008.
Lula determinou que os técnicos fizessem uma reunião no
dia seguinte (ontem) e que dessem um entrevista coletiva para "tranqüilizar a população".
Foi nessa entrevista, ontem,
que Hubner disse que o impacto na tarifa causado pelo acionamento das termelétricas será pequeno. "Praticamente não
tem reflexo na tarifa, é insignificante", disse o ministro.
Na reunião de coordenação
política do governo de ontem,
Dilma fez um relato minucioso
sobre o modelo do setor elétrico e disse que, mesmo que não
chova "nenhuma gota neste
ano", 2008 estaria livre do risco de racionamento.
Segundo relatos feitos à Folha, na reunião, Dilma afirmou
que, sem um volume de chuvas
satisfatório, problemas poderiam aparecer a partir de 2009,
mas que, até lá, os riscos deverão ser afastados.
(KENNEDY ALENCAR, VALDO CRUZ E LETÍCIA SANDER)
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