São Paulo, sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

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Ministros dizem a Lula que energia subirá

Equipe prevê reajuste neste ano devido ao baixo nível dos reservatórios e ao acionamento das termelétricas, mais caras

Durante reunião com Lula, auxiliares rebateram declarações de dirigente da Aneel sobre hipótese de racionamento neste ano

Ivan Cruz/Agência A Tarde
Na bacia do São Francisco, lago da usina hidrelétrica de Sobradinho (BA), com 19,3% de água armazenada em seu reservatório

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em reunião anteontem com os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Nelson Hubner (Minas e Energia), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi avisado de que haverá aumento de energia em 2008 devido ao baixo nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas.
No mesmo encontro, os ministros contrariaram o diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Jerson Kelman, ao discutir a possibilidade de um racionamento de energia neste e no próximo ano. Kelman disse que não estava totalmente convencido de que um eventual racionamento poderia ser descartado.
Já Dilma e Hubner afirmaram que essa possibilidade poderia ser descartada. Presente ao encontro, o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Hermes Chipp, deu razão a Dilma. Lula fez uma reunião de emergência anteontem porque Kelman deu declaração dizendo que um racionamento em 2008 não é impossível, mas é improvável.
Segundo a Folha apurou, Dilma ficou irritada com as declarações de Kelman. A ministra encurtou a folga para dizer a Lula que a possibilidade levantada pelo diretor não é real e que houve um certo desencontro de informações entre setores do governo e as agências. Por conta disso, o presidente convocou uma reunião com os representantes do setor elétrico na quarta-feira à noite, da qual Dilma participou.
No início, Lula perguntou a todos se haveria ou não racionamento em 2008. Chegou a dizer que em 2001, ano do apagão, os auxiliares também deveriam dizer ao presidente da época, Fernando Henrique Cardoso, que não havia risco.
Teve início, então, um debate. Kelman disse que a imprensa exagerara ao tratar de suas declarações, mas sustentou que não poderia descartar totalmente um apagão porque, até o momento, havia chovido menos do que o necessário.
Dilma e Hubner sustentaram que a única semelhança com 2001 era esse "atraso" das chuvas. No entanto, disseram que, nos últimos anos, foram tomadas medidas que melhoraram a segurança do sistema elétrico. Exemplo: interligação entre as regiões do Brasil, o que permite levar energia para um local distante que corre risco de abastecimento. Decidiu-se que a região Sul transmitiria 1.000 megawatts para a Sudeste, a fim de evitar problemas. A região Norte também deverá fornecer, nos próximos dias, energia para o Nordeste.
Todos os auxiliares de Lula concordaram, porém, que haverá encarecimento do preço da energia porque o governo terá de recorrer a termelétricas, mais caras e mais poluentes do que as hidrelétricas, para suprir a demanda em 2008.
Lula determinou que os técnicos fizessem uma reunião no dia seguinte (ontem) e que dessem um entrevista coletiva para "tranqüilizar a população". Foi nessa entrevista, ontem, que Hubner disse que o impacto na tarifa causado pelo acionamento das termelétricas será pequeno. "Praticamente não tem reflexo na tarifa, é insignificante", disse o ministro.
Na reunião de coordenação política do governo de ontem, Dilma fez um relato minucioso sobre o modelo do setor elétrico e disse que, mesmo que não chova "nenhuma gota neste ano", 2008 estaria livre do risco de racionamento.
Segundo relatos feitos à Folha, na reunião, Dilma afirmou que, sem um volume de chuvas satisfatório, problemas poderiam aparecer a partir de 2009, mas que, até lá, os riscos deverão ser afastados. (KENNEDY ALENCAR, VALDO CRUZ E LETÍCIA SANDER)

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