São Paulo, segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

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Investidor se protege com títulos e fundos

Para evitar prejuízo com sobe e desce de ações, aplicador diversifica portfólio e escolhe opções mais conservadoras

Avanço do Tesouro Direto ilustra mudança de perfil; em novembro, o número de investidores alcançou marca inédita de 172.237 pessoas

DA REPORTAGEM LOCAL

Para atravessar os momentos tensos no mercado, o investidor pessoa física que aplica diretamente seus recursos na Bolsa sem o auxílio de um banco tem procurado se proteger com produtos conservadores como títulos públicos, fundos negociados como ações, ouro e até derivativos, segundo as corretoras. O objetivo é diversificar o portfólio de investimento e reduzir o risco de perdas com eventuais solavancos.
Na renda fixa, o contínuo crescimento do Tesouro Direto ilustra essa mudança de perfil. Em novembro passado, último dado disponibilizado pelo Tesouro, o número de investidores cadastrados para operar nesse sistema alcançava a marca inédita de 172.237 pessoas. O número representa um aumento de 20,6% em 12 meses no volume de cadastrados.
O elevado volume de operações de pequeno porte no Tesouro Direto mostra que o produto tem se tornado mais popular. Em novembro, as vendas de títulos em montante de até R$ 5 mil representaram 63,4% do total movimentado no mês.
O Tesouro Direto é um sistema de negociação de títulos públicos por meio da internet, que começou a funcionar em 2002. O objetivo do governo era alcançar o pequeno investidor com os títulos públicos.
"Tivemos um crescimento muito grande no Tesouro Direto. No momento de rebalanceamentos dos investimentos, vimos muitas pessoas procurando portos seguros e ativos mais sólidos para aguardar o momento de voltar. O Tesouro Direto foi utilizado para isso", disse Helio Pio, gerente comercial da corretora Ágora.
O engenheiro Allan Arantes, organizador do site "Investidor Agressivo", de troca de informações sobre o mercado de ações, conta que os participantes buscaram informações sobre aplicações defensivas, como ouro, índices futuros, além de títulos públicos. "As pessoas têm se sofisticado cada vez mais. Não necessariamente porque a Bolsa estava ruim, mas para ter mais segurança e ganhar mais", disse Arantes.
"A pessoa física está mais informada e começa a preferir montar sua própria carteira. É interessante notarmos que também há uma geração de pessoas que cresceram acostumadas a computadores e tecnologia, para quem operar sistemas como o "home broker" é muito simples", afirma Robson Queiroz, diretor comercial da corretora SLW.
Em 2009, o pequeno investidor também passou a utilizar mais os fundos de índice, conhecidos como ETFs, que são negociados na Bolsa como uma ação. A vantagem é a taxa de administração de 0,54%, enquanto os fundos administrados pelos bancos cobram até 4%.
No ano passado, o volume diário de negócios com ETFs cresceu 22,3% -saltou de R$ 15,2 milhões para R$ 18,6 milhões por dia.
O fundo mais negociado é o Bova11, que replica o Ibovespa. O fundo subiu 82% em 2009 -no ano, o Ibovespa teve alta de 82,6%. Já o fundo Small11, que foca ações de segunda linha, subiu 136,1% -pouco abaixo dos 137,5% de alta do índice Small Cap da Bolsa.
Segundo Helio Pio, muitos clientes têm buscado fundos de investimento com derivativos e operações estruturadas de hedge (proteção), organizados pela corretora para o cliente do "home broker" proteger sua carteira de ações.
"A gente sempre teve esses produtos, mas poucos clientes tinham interesse. Com a crise, o investidor buscou saber o que poderia fazer para se proteger. Hoje, a gente vê a mesa de derivativos operando muito mais."


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