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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br
Confiança do consumidor volta a crescer em fevereiro
Mais um sinal de que a economia começa a mostrar indícios de recuperação no país: depois da alta da indústria automobilística, a confiança do consumidor sobe em fevereiro. Segundo pesquisa da Fecomercio
SP, que será divulgada hoje, a
confiança do consumidor da região metropolitana de São Paulo voltou a subir neste mês,
após quatro meses de queda.
O ICC (Índice de Confiança
do Consumidor) apresentou alta de 6,8% em fevereiro, em relação a janeiro, chegando a
132,9 pontos. O índice varia de
zero a 200 pontos, indicando
pessimismo abaixo de cem e
otimismo acima desse nível. Os
dados são apurados com 2.100
consumidores no município.
Para Altamiro Carvalho, economista da Fecomercio SP, o
resultado foi estimulado pela
queda dos índices de inflação,
pelas medidas do governo federal para aquecer a economia e
por indicadores favoráveis como o aumento da renda em
2008, apontado pelo IBGE, e o
aumento do salário mínimo.
"Os reflexos da crise devem
estar menores do que se imaginava no bolso do consumidor",
afirma Carvalho.
Em outubro, a entidade fez
uma pesquisa em que 81% dos
consumidores diziam que esperavam reflexos diretos da
crise nos seus bolsos e no país.
"Logo depois alguns indicadores mostraram que o governo estava correndo atrás para
tentar dotar o mercado financeiro de maior liquidez. O próprio presidente Lula estimulava o consumo para a economia
não parar. O consumidor passou a avaliar que talvez a crise
não viesse da forma como se
pintava", diz o economista.
Na comparação com janeiro
de 2008, houve uma queda de
9,8% no índice, que marcava
147,3 pontos.
O Icea (Índice das Condições
Econômicas Atuais), um dos
componentes do ICC, que registra como o entrevistado percebe a sua situação atual, teve
alta de 8,7% em relação a janeiro, marcando 128,8 pontos.
A percepção em relação ao
futuro, medida pelo IEC (Índice das Expectativas do Consumidor), também apresentou alta de 5,6% ante janeiro e atingiu 139,2 pontos.
De acordo com Carvalho, o
resultado não significa que a
partir de agora necessariamente vai haver uma tendência de
aumento contínuo do otimismo do consumidor.
Na análise segmentada por
sexo, os homens estão mais otimistas (136,6 pontos) do que as
mulheres (129,2).
Quando o levantamento foi
segmentado por faixa de renda,
o ICC apurou alta de 9,3%
(140,9 pontos) entre os consumidores com rendimentos superiores a dez salários mínimos. Os paulistanos na faixa de
renda inferior a dez salários
mínimos tiveram variação positiva menor, de 6,1% no ICC
(130,9 pontos).
CIMENTO
Marcelo Miranda, governador do Tocantins, visita
hoje as obras de construção
da fábrica da Votorantim Cimentos em Xambioá, no
norte do Estado. A previsão
é que a fábrica entre em operação integral em setembro,
com capacidade de produção de 1 milhão de toneladas
ao ano. Com investimentos
de R$ 300 milhões, deve gerar 600 empregos diretos e
indiretos, abastecendo os
mercados do Tocantins, do
sudeste do Pará, do oeste do
Maranhão e do sul do Piauí.
NA BOMBA
O Sindicom (Sindicato
Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis
e de Lubrificantes) deu programa de treinamento ao
Procon-SP, para capacitar
30 técnicos do órgão na
atuação nos casos de adulteração de combustíveis. No
Estado de SP está o maior
índice de fraude, com perda
estimada anual de R$ 1 bilhão na receita. O Procon recebeu a atribuição de aplicar
a lei que prevê a apreensão e
o perdimento dos combustíveis adulterados.
TSUNAMI
A crise ainda não atingiu
o fundo do poço e o seu
pior momento será a partir de junho. Essa é a expectativa de Luiz Fernando Lucho do Valle, presidente da Ecoesfera Empreendimentos Sustentáveis. Para ele, a crise de liquidez ficará ainda mais
grave a partir da metade
deste ano. O empresário
também espera que a economia brasileira só se restabeleça em 2011, e, a norte-americana, em 2012.
A empresa está apostando em corte de custos e ganho de produtividade para
enfrentar a crise. A Ecoesfera reduziu sua estrutura
de quatro para três escritórios e demitiu 18% do
pessoal. "Cortamos pessoas que eram focadas no
cenário anterior à crise. E
buscamos novos profissionais mais adaptados a esse
novo mercado", diz Lucho
do Valle.
O empresário vê no pacote habitacional do governo uma ação que pode
aquecer o setor imobiliário neste ano. Hoje, cerca
de 15% do faturamento da
empresa vem de empreendimentos de menor valor.
Se o pacote sair do papel,
Lucho do Valle pode aumentar essa participação
para até 60%.
A Ecoesfera vende apartamentos que custam entre R$ 80 mil e R$ 350 mil.
Para Lucho do Valle, o desafio é vender abaixo de
R$ 80 mil. Ele acredita que
a redução de preços fará a
diferença nas vendas. "As
incorporadoras não baixaram preços na tabela, mas
estão mais flexíveis para
aceitar propostas."
CERVEJA
Marcel Telles, da InBev,
esteve ontem com o presidente Lula. Na pauta, o aumento do IPI para a cerveja,
que entrou em vigor no começo deste ano.
DO LEITE À USINA
André Mastrobuono foi
contratado para a presidência do grupo Santelisa Vale,
respondendo diretamente a
Luiz Kaufmann, que assumiu a presidência do conselho consultivo. O executivo
atuará na sede do grupo junto à Usina Santa Elisa, em
Sertãozinho (SP). Mastrobuono presidia a Parmalat
no Brasil desde abril.
AMBIENTE
Newton Lima Azevedo, vice-presidente da Abdib e ex-
-executivo da Suez, entra na
Odebrecht Engenharia Ambiental, empresa criada pela
Organização Odebrecht para atuar em projetos de saneamento básico.
MOVIMENTO
A Caixa Econômica teve
em janeiro captação líquida
positiva de R$ 641 milhões
na poupança. Alcançou saldo total de depósitos de
R$ 93,4 bilhões -alta de
21,1% ante o mesmo período
de 2008. O resultado permitiu ao banco participação de
mercado de 34,39%.
BEM COTADO
Bernardo Gradin, presidente da Braskem, é o executivo
mais cotado para assumir a presidência do conselho diretor da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química). Se o nome dele for confirmado na diretoria da entidade, Gradin vai substituir Carlos Mariani Bittencourt,
que está à frente da associação desde 1987. A gestão de
Mariani se encerra em março deste ano.
Imóvel voltará a atrair, diz empresário
O mercado financeiro
londrino deverá voltar a se
interessar por investimentos no setor imobiliário brasileiro a partir do
segundo semestre. Essa
foi a percepção de Eduardo Barros, sócio da holding de participações Nova Financial, após um
"road show" em Londres,
na semana passada.
"Conversamos com investidores institucionais,
fundos de investimento,
bancos e gestores de ativos
e, nesse momento, eles estão voltados principalmente para as oportunidades nos Estados Unidos e
na Europa", diz Barros.
"No entanto, foi unânime a opinião de que esse
momento não deverá ir
além do segundo semestre
e, a partir daí, eles pretendem se voltar para o Brasil", afirma.
Isso porque, segundo
Barros, o Brasil está sendo
considerado o país mais
interessante entre os
emergentes e a área imobiliária é uma das mais
atraentes. "Eles acreditam
na apreciação desse setor
no mercado brasileiro no
médio e no longo prazo."
A mesma intenção, no
entanto, não foi sentida
em Nova York. De acordo
com Barros, o "road show"
programado para acontecer nos EUA foi adiado
porque os investidores sequer estão avaliando os
projetos.
com JOANA CUNHA, MARINA GAZZONI e CRISTIANE BARBIERI
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