São Paulo, quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Confiança do consumidor volta a crescer em fevereiro

Mais um sinal de que a economia começa a mostrar indícios de recuperação no país: depois da alta da indústria automobilística, a confiança do consumidor sobe em fevereiro. Segundo pesquisa da Fecomercio SP, que será divulgada hoje, a confiança do consumidor da região metropolitana de São Paulo voltou a subir neste mês, após quatro meses de queda.
O ICC (Índice de Confiança do Consumidor) apresentou alta de 6,8% em fevereiro, em relação a janeiro, chegando a 132,9 pontos. O índice varia de zero a 200 pontos, indicando pessimismo abaixo de cem e otimismo acima desse nível. Os dados são apurados com 2.100 consumidores no município.
Para Altamiro Carvalho, economista da Fecomercio SP, o resultado foi estimulado pela queda dos índices de inflação, pelas medidas do governo federal para aquecer a economia e por indicadores favoráveis como o aumento da renda em 2008, apontado pelo IBGE, e o aumento do salário mínimo.
"Os reflexos da crise devem estar menores do que se imaginava no bolso do consumidor", afirma Carvalho.
Em outubro, a entidade fez uma pesquisa em que 81% dos consumidores diziam que esperavam reflexos diretos da crise nos seus bolsos e no país.
"Logo depois alguns indicadores mostraram que o governo estava correndo atrás para tentar dotar o mercado financeiro de maior liquidez. O próprio presidente Lula estimulava o consumo para a economia não parar. O consumidor passou a avaliar que talvez a crise não viesse da forma como se pintava", diz o economista.
Na comparação com janeiro de 2008, houve uma queda de 9,8% no índice, que marcava 147,3 pontos.
O Icea (Índice das Condições Econômicas Atuais), um dos componentes do ICC, que registra como o entrevistado percebe a sua situação atual, teve alta de 8,7% em relação a janeiro, marcando 128,8 pontos.
A percepção em relação ao futuro, medida pelo IEC (Índice das Expectativas do Consumidor), também apresentou alta de 5,6% ante janeiro e atingiu 139,2 pontos.
De acordo com Carvalho, o resultado não significa que a partir de agora necessariamente vai haver uma tendência de aumento contínuo do otimismo do consumidor.
Na análise segmentada por sexo, os homens estão mais otimistas (136,6 pontos) do que as mulheres (129,2).
Quando o levantamento foi segmentado por faixa de renda, o ICC apurou alta de 9,3% (140,9 pontos) entre os consumidores com rendimentos superiores a dez salários mínimos. Os paulistanos na faixa de renda inferior a dez salários mínimos tiveram variação positiva menor, de 6,1% no ICC (130,9 pontos).

CIMENTO
Marcelo Miranda, governador do Tocantins, visita hoje as obras de construção da fábrica da Votorantim Cimentos em Xambioá, no norte do Estado. A previsão é que a fábrica entre em operação integral em setembro, com capacidade de produção de 1 milhão de toneladas ao ano. Com investimentos de R$ 300 milhões, deve gerar 600 empregos diretos e indiretos, abastecendo os mercados do Tocantins, do sudeste do Pará, do oeste do Maranhão e do sul do Piauí.

NA BOMBA
O Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes) deu programa de treinamento ao Procon-SP, para capacitar 30 técnicos do órgão na atuação nos casos de adulteração de combustíveis. No Estado de SP está o maior índice de fraude, com perda estimada anual de R$ 1 bilhão na receita. O Procon recebeu a atribuição de aplicar a lei que prevê a apreensão e o perdimento dos combustíveis adulterados.

TSUNAMI

A crise ainda não atingiu o fundo do poço e o seu pior momento será a partir de junho. Essa é a expectativa de Luiz Fernando Lucho do Valle, presidente da Ecoesfera Empreendimentos Sustentáveis. Para ele, a crise de liquidez ficará ainda mais grave a partir da metade deste ano. O empresário também espera que a economia brasileira só se restabeleça em 2011, e, a norte-americana, em 2012.
A empresa está apostando em corte de custos e ganho de produtividade para enfrentar a crise. A Ecoesfera reduziu sua estrutura de quatro para três escritórios e demitiu 18% do pessoal. "Cortamos pessoas que eram focadas no cenário anterior à crise. E buscamos novos profissionais mais adaptados a esse novo mercado", diz Lucho do Valle.
O empresário vê no pacote habitacional do governo uma ação que pode aquecer o setor imobiliário neste ano. Hoje, cerca de 15% do faturamento da empresa vem de empreendimentos de menor valor. Se o pacote sair do papel, Lucho do Valle pode aumentar essa participação para até 60%.
A Ecoesfera vende apartamentos que custam entre R$ 80 mil e R$ 350 mil. Para Lucho do Valle, o desafio é vender abaixo de R$ 80 mil. Ele acredita que a redução de preços fará a diferença nas vendas. "As incorporadoras não baixaram preços na tabela, mas estão mais flexíveis para aceitar propostas."

CERVEJA
Marcel Telles, da InBev, esteve ontem com o presidente Lula. Na pauta, o aumento do IPI para a cerveja, que entrou em vigor no começo deste ano.

DO LEITE À USINA
André Mastrobuono foi contratado para a presidência do grupo Santelisa Vale, respondendo diretamente a Luiz Kaufmann, que assumiu a presidência do conselho consultivo. O executivo atuará na sede do grupo junto à Usina Santa Elisa, em Sertãozinho (SP). Mastrobuono presidia a Parmalat no Brasil desde abril.

AMBIENTE
Newton Lima Azevedo, vice-presidente da Abdib e ex- -executivo da Suez, entra na Odebrecht Engenharia Ambiental, empresa criada pela Organização Odebrecht para atuar em projetos de saneamento básico.

MOVIMENTO
A Caixa Econômica teve em janeiro captação líquida positiva de R$ 641 milhões na poupança. Alcançou saldo total de depósitos de R$ 93,4 bilhões -alta de 21,1% ante o mesmo período de 2008. O resultado permitiu ao banco participação de mercado de 34,39%.

BEM COTADO

Bernardo Gradin, presidente da Braskem, é o executivo mais cotado para assumir a presidência do conselho diretor da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química). Se o nome dele for confirmado na diretoria da entidade, Gradin vai substituir Carlos Mariani Bittencourt, que está à frente da associação desde 1987. A gestão de Mariani se encerra em março deste ano.

Imóvel voltará a atrair, diz empresário

O mercado financeiro londrino deverá voltar a se interessar por investimentos no setor imobiliário brasileiro a partir do segundo semestre. Essa foi a percepção de Eduardo Barros, sócio da holding de participações Nova Financial, após um "road show" em Londres, na semana passada.
"Conversamos com investidores institucionais, fundos de investimento, bancos e gestores de ativos e, nesse momento, eles estão voltados principalmente para as oportunidades nos Estados Unidos e na Europa", diz Barros.
"No entanto, foi unânime a opinião de que esse momento não deverá ir além do segundo semestre e, a partir daí, eles pretendem se voltar para o Brasil", afirma.
Isso porque, segundo Barros, o Brasil está sendo considerado o país mais interessante entre os emergentes e a área imobiliária é uma das mais atraentes. "Eles acreditam na apreciação desse setor no mercado brasileiro no médio e no longo prazo."
A mesma intenção, no entanto, não foi sentida em Nova York. De acordo com Barros, o "road show" programado para acontecer nos EUA foi adiado porque os investidores sequer estão avaliando os projetos.


com JOANA CUNHA, MARINA GAZZONI e CRISTIANE BARBIERI


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