São Paulo, quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

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Vago, plano do governo Obama desaponta

Bolsa dos EUA cai 4,6% após anúncio do Tesouro de socorro a bancos; Senado aprova pacote de estímulo de US$ 840 bi

Presidente fala em "bom começo" com aprovação no Congresso, mas incerteza sobre ajuda a instituições financeiras azeda mercado


Paul J. Richards/France Presse
Geithner durante anúncio de pacote de ajuda aos bancos

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

O governo do presidente dos EUA, Barack Obama, avançou ontem na direção de concluir os dois principais pacotes de medidas para tentar tirar o país da maior crise econômica desde os anos 1930.
A aprovação no Senado do novo plano de recuperação de quase US$ 840 bilhões após vários adiamentos e que exigiu a pressão pessoal do presidente, porém, não encobriu a decepção do mercado com o segundo vetor anticrise: o também novo pacote de socorro aos bancos.
Delineado de forma vaga, o plano frustrou o mercado. Logo após seu anúncio, o índice Dow Jones da Bolsa de Valores de Nova York começou a cair, até fechar em forte baixa de 4,6%.
A principal dúvida permanece: como o Tesouro tratará os chamados ativos "tóxicos" dos bancos que estão no centro da crise e que têm provocado rombos bilionários nessas instituições. A resposta a essa pergunta não foi conhecida ontem.
Embora o pacote para o setor financeiro possa movimentar, segundo o Tesouro, até US$ 2 trilhões (ou 14% do PIB dos EUA), apenas US$ 500 bilhões desse total foram minimamente detalhados. O plano foi apresentado de forma genérica e em um documento público de menos de sete páginas.
Ao saber da aprovação do pacote pelo Senado, Obama afirmou que era "uma grande notícia". Já o secretário de Tesouro, Timothy Geithner, disse no Senado: "Honestamente, acho que esse plano pode custar mais e que precisará de recursos maiores".
O plano é considerado por sua administração como fundamental para estancar o aumento do desemprego, que chegou a 20 mil demissões por dia em janeiro. Do total, cerca de 35% serão usados em cortes de impostos. O resto será gasto em obras de infraestrutura, ajuda a governos estaduais e municipais e assistencialismo.
"Ainda temos de fundir os planos da Câmara com o do Senado antes de chegar à minha mesa, por isso teremos de trabalhar um pouco mais nisso nos próximos dias", disse Obama. "Mas é um bom começo."
No pacote, à emenda protecionista "Buy American" (compre produtos americanos), que exige que todo aço, ferro e manufaturados das obras financiadas pelo plano sejam dos EUA ou parceiros de tratados, foi adicionada a "Employ American" (empregue americanos).


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