São Paulo, quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

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Cesp considera participar de usinas na Amazônia

Empresa avalia projetos depois de Belo Monte, como o Teles Pires/Tapajós

Presidente da estatal paulista afirma que, para isso, Estado terá de aprovar lei que autoriza associações fora do Estado de São Paulo


DA REPORTAGEM LOCAL

A nova direção da Cesp admite voltar a participar de empreendimentos de porte após a concessão da usina de Belo Monte (PA), prevista para abril.
Um alvo possível é o megaprojeto das cinco usinas do complexo hidrelétrico dos rios Teles Pires/Tapajós, além de outros empreendimentos na bacia Amazônica.
"Neste momento, [grandes projetos] ainda não. A Cesp não vai participar de Belo Monte. Estamos estudando pequenos projetos para investimento dentro de São Paulo, o que não significa que, no futuro, quando os projetos das usinas dos rios Tapajós e Teles Pires -e outros na margem esquerda do rio Amazonas- forem colocados em licitação, a Cesp não se organize para participar", afirmou o diretor-presidente, Vilson Daniel Christofari.
Segundo ele, a companhia pode se habilitar a fazer parcerias com foco em grandes empreendimentos fora de São Paulo, mas isso só poderá ocorrer depois de uma alteração da atual legislação. A Cesp não dispõe de autorização para associações. É um passo a ser dado no futuro, disse Christofari.

Renovação
A Cesp aguarda a renovação por mais 30 anos das concessões das usinas de Ilha Solteira e Jupiá para retomar a negociação de energia no mercado cativo (formado pelas distribuidoras de energia) e livre (formado pelos grandes consumidores).
A estatal tem cerca de 2.000 MW médios de energia que serão descontratados entre os anos de 2012 e 2013.
A Folha apurou que o governo federal já decidiu renovar as concessões, só não definiu o prazo. Christofari diz que a negociação dessa energia já deveria ter começado.
As duas usinas, pela atual regra do setor elétrico, terão de ser devolvidas ao governo federal em 2015, quando o contrato de concessão expira. Essa foi a razão pela qual fracassou a última tentativa de privatização da Cesp, em março de 2008.
"Não acredito que o governo federal deixe de renovar as concessões, ainda que determine novas condições para tal. Mas [a renovação] não pode demorar, porque as companhias já deveriam começar a negociar a energia que será descontratada", afirma Vilson Daniel Christofari, diretor-presidente da Cesp.
Estimativas do mercado indicam que nos próximos anos mais de 20.000 MW médios de capacidade efetiva de geração fiquem sem contrato até 2015, o que inclui não só a energia da Cesp, mas a de outras companhias, como Cemig, Copel, Chesf e Furnas.
É um grande volume de energia que ficará sem contrato. Como comparação, o Brasil registrou uma demanda por energia na semana passada equivalente a 70.000 MW médios. O volume de energia firme, que deixará de ter contrato por ocasião do fim das concessões, representa 28% dessa demanda recorde. (AGNALDO BRITO)


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