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Serra abandona a privatização da Cesp
Depois de paralisia de dez anos, governo paulista autoriza empresa a retomar planos de expansão da produção de energia
Depois do fracasso de três tentativas de venda, estatal mira modelo da Cemig e pode se expandir fora de SP, diz novo diretor-presidente
Rafael Hupsel/Folha Imagem
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Vilson Daniel Christofari, o novo diretor-presidente da Cesp, na sede da empresa em São Paulo
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Cesp (Companhia Energética de São Paulo), controlada
pela Secretaria da Fazenda do
governo paulista, abandonou
de vez o plano de privatização,
sob o qual ficou amarrada durante toda a década passada.
O governador José Serra é
pré-candidato à Presidência
pelo PSDB, e o PT deve usar a
questão das privatizações na
campanha, como fez em 2006.
Serra ordenou que a Cesp retome planos de investimento e
-ainda que de forma tímida-
siga os passos trilhados pela
Cemig, a estatal mineira.
A Cemig é hoje uma das companhias que mais investem na
expansão da capacidade de produção. O sinal para a mudança
de rumo foi dado pelo governo
de São Paulo há três semanas,
quando o Conselho de Administração da Cesp indicou Vilson Daniel Christofari como
novo diretor-presidente. Ele
assumiu o posto em 19 de janeiro, no lugar de Guilherme Augusto Cirne de Toledo, homem
com longa história na Cesp,
responsável por todo o plano de
privatização da companhia.
A avaliação do mercado é a de
que a Cesp ainda poderia ser
privatizada em 2010, a partir do
momento em que o governo federal renove as concessões das
suas duas principais usinas,
Ilha Solteira e Jupiá.
Como a Folha já antecipou, o
governo federal já tomou a decisão de renovar as concessões
que vencem nos próximos
anos. As usinas da Cesp cujas
concessões vencerão nesta década respondem por mais de
60% de sua produção.
Segundo um ex-diretor da
Cesp, uma eventual decisão de
manter o plano de privatização
poderia coincidir com o calendário eleitoral, algo que daria
munição aos petistas, sobretudo quando uma companhia tão
próxima quanto a Cemig prospera sob o controle estatal.
Investimentos
Fato é que o novo presidente
tem agora mandato para retomar os planos de investimento,
que começam de maneira muito tímida. "Vencida a fase da
tentativa frustrada de privatização -e hoje esse é um assunto que não mais está sendo cogitado-, estamos retomando
uma vida normal de uma empresa com uma série de anseios
para o futuro", disse à Folha
Christofari, o novo diretor-presidente.
Segundo ele, a Cesp prospecta projetos em duas frentes.
Pretende retomar estudos antigos para aproveitamento de
pequenas centrais hidrelétricas no território paulista e avalia empreendimentos de fazendas eólicas também em São
Paulo, sobretudo em áreas da
própria companhia. Nesse retorno, entretanto, a direção da
Cesp, hoje com 1.300 funcionários, terá limites estreitos para
apostar em novos negócios.
"Nessa primeira fase, serão
empreendimentos de pequeno
porte, que possam ser feitos
sem aportes do Estado, que
possam ser feitos equacionando os recursos de dentro da
própria empresa, que tenham
retorno do investimento e que
não comprometam a distribuição de dividendos para os acionistas", disse Christofari.
Ele classifica a primeira fase
de retomada dos investimentos como uma "sinalização" ao
mercado e ao país de que a
companhia, que teve papel
central no modelo de investimentos maciços em construção de grandes hidrelétricas no
país, está de volta aos negócios.
Segundo o novo diretor-presidente, essa nova posição tende a evoluir, não imediatamente, para o modelo da Cemig,
com planos de investimento
fora das fronteiras do Estado
de São Paulo.
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