São Paulo, quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

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Lucro da Vale recua 52% em 2009, na 1ª queda em 7 anos

Sob efeito da crise global, companhia registra ganho de R$ 10,2 bi, o pior resultado desde 2004

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Em um dos piores anos de sua história, a Vale registrou lucro líquido de R$ 10,249 bilhões em 2009, o menor desde 2004 -R$ 6,46 bilhões. Na comparação com 2008, quando o resultado havia sido mais que o dobro (R$ 21,3 bilhões), houve retração de 52%. Foi a primeira queda anual do lucro da companhia desde 2002.
No último trimestre de 2009, o resultado também veio pior: a Vale lucrou R$ 2,629 bilhões, 13% menos do que os R$ 3 bilhões do terceiro trimestre.
Apesar da reação do mercado no segundo semestre de 2009, impulsionado principalmente pela China, o faturamento da Vale caiu 32% no ano passado, para R$ 49,8 bilhões. Com a crise, o país asiático passou a representar 36% das vendas da Vale -em 2008, o percentual era de 18%.
Para a Vale, 2009 "foi um ano de grande desafios derivados da grande recessão", que levou a um "raro episódio de contração da economia global" e afetou o desempenho da companhia.
Não fosse o efeito positivo da valorização do real, os números da Vale seriam piores: o câmbio rendeu resultado positivo de R$ 1,6 bilhão em 2009, ao gerar ganhos em operações com derivativos e redução do endividamento em dólar da companhia.
Em 2010, porém, os recordes negativos da Vale vão dar lugar a números melhores. Lucro e faturamento crescerão com força, estimam analistas, na esteira da retomada de outros mercados siderúrgicos fora da China -como Japão, Brasil e, mais lentamente, Europa- e principalmente de um reajuste previsto de 30% a 40% do minério de ferro. Tal cenário, se confirmado, vai contrastar com a redução de 22% nas exportações da mineradora em 2009 -para US$ 13,7 bilhões.
"O ano de 2010 será bem melhor para a Vale, com perspectiva de alta do preço e dos volumes vendidos de minério de ferro", prevê o analista Marcos Assumpção, da Itaú Corretora.
A companhia vai colher ainda os frutos da aquisição, por US$ 4,2 bilhões, da Fosfertil e de minas de fosfato, que marcou a entrada efetiva da companhia na área de fertilizantes.
Com o negócio, a mineradora passa a ter fatia maior da sua receita atrelada ao consumo -no caso, de produtos agrícolas- e se torna menos dependente tanto da China como de investimentos em infraestrutura (que usam aço), os primeiros a acusarem o golpe de uma crise, avalia Cristiane Vianna, analista da corretora Ágora.
Para Pedro Galdi, da SLW, a compra da Fosfertil atende, de certo modo, à pressão do governo federal por mais investimentos no setor -o Brasil importa quase 90% dos fertilizantes que utiliza. Mas, diz, foi "um bom negócio" ao permitir a diversificação à companhia.
Em 2009, a Vale ampliou a sua participação em duas novas siderúrgicas em construção no país, também em resposta à pressão do governo.


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