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BIS vê maior seca de crédito desde 98
DA REDAÇÃO
Em meio às tensões envolvendo
a eleição presidencial, o Brasil
amargou, no último trimestre do
ano passado, a maior sangria de
recursos internacionais desde o
terceiro trimestre de 2001, quando eclodiu a crise argentina.
De acordo com relatório trimestral do BIS (Banco de Compensações Internacionais) sobre o mercado financeiro internacional, o
fluxo de recursos ficou negativo
em US$ 2,4 bilhões no período.
Com sede na Basiléia (Suíça), o
BIS funciona como o banco central dos bancos centrais.
Segundo o relatório, o temor
dos efeitos negativos que uma
guerra no Oriente Médio pode
trazer afetou praticamente todos
os mercados no final do ano passado. As captações globais permaneceram nos menores patamares desde a segunda metade de
1998, quando ocorreu a crise da
moratória da Rússia.
De acordo com o BIS, em relação ao Brasil houve uma "surpreendente melhora no sentimento dos investidores" após o
governo de Luiz Inácio Lula da
Silva ter sinalizado que manterá
os compromissos internacionais
e perseguirá as reformas previdenciária e tributária.
Ainda segundo a instituição, as
empresas brasileiras aproveitaram para captar recursos no exterior e refinanciar suas dívidas, a
despeito de os juros cobrados lá
fora ainda serem muito elevados.
As companhias conseguiram refinanciar US$ 2,7 bilhões em dívidas com instituições estrangeiras.
Seca de crédito
O relatório informa que, nos
três últimos meses do ano passado, o total mundial de emissão de
dívidas ficou em US$ 185,2 bilhões, valor praticamente estável
em relação ao trimestre precedente. Desde o segundo semestre de
98, quando o mundo sentia os reflexos da crise russa, o total de
captação de recursos não ficava
abaixo de US$ 200 bilhões em
dois trimestres consecutivos.
Se a América Latina experimentou uma severa seca de crédito internacional, alguns países emergentes obtiveram bons resultados. Os mercados emergentes,
puxados pelos países do Leste Europeu, conseguiram ampliar suas
captações em 50% no trimestre. A
Rússia foi o país que mais obteve
crédito -US$ 2,3 bilhões.
Sem recessão
Os presidentes dos principais
BCs do planeta consideram que o
risco de uma recessão global é pequeno, mas reconhecem que uma
eventual guerra no Iraque obscureceria qualquer previsão.
"O crescimento está um pouco
abaixo do que esperávamos, mas
ainda é modestamente positivo",
disse Edward George, presidente
do Banco da Inglaterra e porta-voz dos BCs do G7 (o grupo dos
sete países mais ricos do planeta),
após uma reunião das autoridades monetárias no BIS.
Segundo George, a economia
americana deverá acelerar seu
crescimento. Para Alemanha e Japão, a previsão é de crescimento
tímido, mas não haveria o perigo
de uma contração. Ele ressalvou:
"É difícil separar o impacto da situação política e os fundamentos
macroeconômicos".
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