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São Paulo, terça-feira, 11 de março de 2003

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BIS vê maior seca de crédito desde 98

DA REDAÇÃO

Em meio às tensões envolvendo a eleição presidencial, o Brasil amargou, no último trimestre do ano passado, a maior sangria de recursos internacionais desde o terceiro trimestre de 2001, quando eclodiu a crise argentina.
De acordo com relatório trimestral do BIS (Banco de Compensações Internacionais) sobre o mercado financeiro internacional, o fluxo de recursos ficou negativo em US$ 2,4 bilhões no período. Com sede na Basiléia (Suíça), o BIS funciona como o banco central dos bancos centrais.
Segundo o relatório, o temor dos efeitos negativos que uma guerra no Oriente Médio pode trazer afetou praticamente todos os mercados no final do ano passado. As captações globais permaneceram nos menores patamares desde a segunda metade de 1998, quando ocorreu a crise da moratória da Rússia.
De acordo com o BIS, em relação ao Brasil houve uma "surpreendente melhora no sentimento dos investidores" após o governo de Luiz Inácio Lula da Silva ter sinalizado que manterá os compromissos internacionais e perseguirá as reformas previdenciária e tributária.
Ainda segundo a instituição, as empresas brasileiras aproveitaram para captar recursos no exterior e refinanciar suas dívidas, a despeito de os juros cobrados lá fora ainda serem muito elevados. As companhias conseguiram refinanciar US$ 2,7 bilhões em dívidas com instituições estrangeiras.

Seca de crédito
O relatório informa que, nos três últimos meses do ano passado, o total mundial de emissão de dívidas ficou em US$ 185,2 bilhões, valor praticamente estável em relação ao trimestre precedente. Desde o segundo semestre de 98, quando o mundo sentia os reflexos da crise russa, o total de captação de recursos não ficava abaixo de US$ 200 bilhões em dois trimestres consecutivos.
Se a América Latina experimentou uma severa seca de crédito internacional, alguns países emergentes obtiveram bons resultados. Os mercados emergentes, puxados pelos países do Leste Europeu, conseguiram ampliar suas captações em 50% no trimestre. A Rússia foi o país que mais obteve crédito -US$ 2,3 bilhões.

Sem recessão
Os presidentes dos principais BCs do planeta consideram que o risco de uma recessão global é pequeno, mas reconhecem que uma eventual guerra no Iraque obscureceria qualquer previsão.
"O crescimento está um pouco abaixo do que esperávamos, mas ainda é modestamente positivo", disse Edward George, presidente do Banco da Inglaterra e porta-voz dos BCs do G7 (o grupo dos sete países mais ricos do planeta), após uma reunião das autoridades monetárias no BIS.
Segundo George, a economia americana deverá acelerar seu crescimento. Para Alemanha e Japão, a previsão é de crescimento tímido, mas não haveria o perigo de uma contração. Ele ressalvou: "É difícil separar o impacto da situação política e os fundamentos macroeconômicos".


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