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São Paulo, terça-feira, 11 de março de 2003

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ANO DO DRAGÃO

Taxa de fevereiro foi a maior para esse mês no Real; transportes responderam por quase metade da alta

Pressão faz a Fipe rever inflação para 9%

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A primeira inflação de São Paulo do governo Lula supera as expectativas e atinge a maior taxa para os meses de fevereiro desde o início do Plano Real. Em fevereiro, os preços subiram 1,61% (2,19% em janeiro). A previsão no início do mês era de 1%, reajustada para 1,50% na segunda quinzena pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
Parte desta taxa é herança do governo Fernando Henrique Cardoso, mas o governo petista de São Paulo foi um dos principais alimentadores dessa taxa, ao reajustar os preços das tarifas de ônibus. Só o setor de transporte, incluindo gasolina e álcool, foi responsável por 43% da inflação do mês passado.
A aceleração da taxa em janeiro e em fevereiro, período em que a inflação acumulou 3,84%, fez a Fipe revisar a estimativa deste ano para 9%. A previsão anterior era de 7%.
A inflação acumulada nos últimos 12 meses até fevereiro subiu para 13,18%, a maior taxa nos últimos 78 meses (seis anos e meio). Mesmo com a desaceleração da inflação mensal, a taxa acumulada em 12 meses vai continuar subindo e poderá atingir 15% já no próximo mês.
Três fatores foram fundamentais para a inflação superar a previsão neste primeiro bimestre em São Paulo, segundo Heron do Carmo, economista e coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe: aumento nas tarifas de ônibus, manutenção da taxa do dólar elevada e incertezas trazidas pela possível guerra entre Estados Unidos e Iraque.
Um quarto fator, que já era previsto, mas veio com aumento maior do que o esperado, foi o setor de hortifrutigranjeiros.
"Essa trombada da inflação começou por ocasião das eleições. A taxa entrou no sinal vermelho em novembro, está no amarelo e, a partir deste mês, passa para o verde", disse o economista da Fipe.
A inflação a partir de agora reafirma a tendência de baixa, o que já deveria ter ocorrido a partir de janeiro, diz a Fipe. Para março, a estimativa é de 0,80%, e para abril, 0,50%, mesmo que haja o conflito EUA-Iraque.
Para o economista da Fipe, a guerra é ruim, mas, quando começar -e se começar- será um alívio para os indicadores econômicos do Brasil. Desde o ano passado que as incertezas dessa guerra trazem solavancos na economia, diz ele.

Após alta, queda
A taxa de inflação vai cair, ainda, porque subiu demais nos últimos meses. Dos 13,18% dos últimos 12 meses, 10,77% foram registrados apenas nos últimos seis meses. Os consumidores perderam renda e as vendas vão cair.
Heron diz que, no último trimestre do ano passado, as incertezas econômicas fizeram os empresários reajustar seus preços pelo Índice de Preços por Atacado -um dos componentes do Índice Geral de Preços, índice de inflação da FGV.
O IPA, segundo o economista da Fipe, é um índice que reflete as expectativas de preços, mas que pode não ser o preço praticado no atacado. A adoção do IPA fez muitas indústrias reporem as margens, mas agora a demanda fraca forçará a recomposição dos preços para baixo.
A Fipe divulgou ontem vários indicadores que mostram a tendência de queda da inflação. O núcleo inflacionário do IPC da instituição, que chegou a 3% em dezembro e recuou para 1,84% em janeiro, esteve em 1,20% em fevereiro. O núcleo da inflação, que representa 50% dos componentes do índice, é composto por produtos industrializados, exceto combustível e vestuário, e por serviços privados.
Outro indicador de redução inflacionária mostrado pela Fipe foi o comportamento médio das variações dos preços. Em dezembro, a maior concentração de aumentos de preços (27%) ocorreu na faixa de 2% a 5%. Em fevereiro, a maior concentração (25%) foi na faixa de 0% a 1%.


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