|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ANO DO DRAGÃO
Taxa de fevereiro foi a maior para esse mês no Real; transportes responderam por quase metade da alta
Pressão faz a Fipe rever inflação para 9%
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
A primeira inflação de São Paulo do governo Lula supera as expectativas e atinge a maior taxa
para os meses de fevereiro desde o
início do Plano Real. Em fevereiro, os preços subiram 1,61%
(2,19% em janeiro). A previsão no
início do mês era de 1%, reajustada para 1,50% na segunda quinzena pela Fipe (Fundação Instituto
de Pesquisas Econômicas).
Parte desta taxa é herança do
governo Fernando Henrique Cardoso, mas o governo petista de
São Paulo foi um dos principais
alimentadores dessa taxa, ao reajustar os preços das tarifas de ônibus. Só o setor de transporte, incluindo gasolina e álcool, foi responsável por 43% da inflação do
mês passado.
A aceleração da taxa em janeiro
e em fevereiro, período em que a
inflação acumulou 3,84%, fez a Fipe revisar a estimativa deste ano
para 9%. A previsão anterior era
de 7%.
A inflação acumulada nos últimos 12 meses até fevereiro subiu
para 13,18%, a maior taxa nos últimos 78 meses (seis anos e meio).
Mesmo com a desaceleração da
inflação mensal, a taxa acumulada em 12 meses vai continuar subindo e poderá atingir 15% já no
próximo mês.
Três fatores foram fundamentais para a inflação superar a previsão neste primeiro bimestre em
São Paulo, segundo Heron do
Carmo, economista e coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe: aumento nas tarifas de ônibus, manutenção da
taxa do dólar elevada e incertezas
trazidas pela possível guerra entre
Estados Unidos e Iraque.
Um quarto fator, que já era previsto, mas veio com aumento
maior do que o esperado, foi o setor de hortifrutigranjeiros.
"Essa trombada da inflação começou por ocasião das eleições. A
taxa entrou no sinal vermelho em
novembro, está no amarelo e, a
partir deste mês, passa para o verde", disse o economista da Fipe.
A inflação a partir de agora reafirma a tendência de baixa, o que
já deveria ter ocorrido a partir de
janeiro, diz a Fipe. Para março, a
estimativa é de 0,80%, e para abril,
0,50%, mesmo que haja o conflito
EUA-Iraque.
Para o economista da Fipe, a
guerra é ruim, mas, quando começar -e se começar- será um
alívio para os indicadores econômicos do Brasil. Desde o ano passado que as incertezas dessa guerra trazem solavancos na economia, diz ele.
Após alta, queda
A taxa de inflação vai cair, ainda,
porque subiu demais nos últimos
meses. Dos 13,18% dos últimos 12
meses, 10,77% foram registrados
apenas nos últimos seis meses. Os
consumidores perderam renda e
as vendas vão cair.
Heron diz que, no último trimestre do ano passado, as incertezas econômicas fizeram os empresários reajustar seus preços
pelo Índice de Preços por Atacado
-um dos componentes do Índice Geral de Preços, índice de inflação da FGV.
O IPA, segundo o economista
da Fipe, é um índice que reflete as
expectativas de preços, mas que
pode não ser o preço praticado no
atacado. A adoção do IPA fez
muitas indústrias reporem as
margens, mas agora a demanda
fraca forçará a recomposição dos
preços para baixo.
A Fipe divulgou ontem vários
indicadores que mostram a tendência de queda da inflação. O
núcleo inflacionário do IPC da
instituição, que chegou a 3% em
dezembro e recuou para 1,84%
em janeiro, esteve em 1,20% em
fevereiro. O núcleo da inflação,
que representa 50% dos componentes do índice, é composto por
produtos industrializados, exceto
combustível e vestuário, e por serviços privados.
Outro indicador de redução inflacionária mostrado pela Fipe foi
o comportamento médio das variações dos preços. Em dezembro,
a maior concentração de aumentos de preços (27%) ocorreu na
faixa de 2% a 5%. Em fevereiro, a
maior concentração (25%) foi na
faixa de 0% a 1%.
Texto Anterior: Artigo: Três anos após pico da Nasdaq, investidores querem segurança Próximo Texto: Taxa do Dieese registra recuo para 1,35% Índice
|