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POLÊMICA
Associações favoráveis querem levar proposta conjunta ao governo federal para tentar a liberação dos produtos
Encontro esquenta debate sobre transgênico
CÍNTIA CARDOSO
ALESSANDRA MILANEZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Um encontro que está previsto
para acontecer hoje, em São Paulo, vai reunir diferentes setores do
agronegócio brasileiro para debater sobre os transgênicos.
Boa parte da lista dos convidados tem pelo menos um ponto em
comum: é favorável à liberação do
plantio e comercialização de organismos geneticamente modificados no Brasil. Aprosoja (Associação Brasileira de Produtores de
Soja), Abrasem (Associação Brasileira de Produtores de Semente), Abiove (Associação Brasileira
das Indústrias de Óleos Vegetais),
Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil) são algumas das
associações convidadas.
Os participantes pretendem elaborar uma carta com uma posição de consenso para ser encaminhada ao governo federal. A anfitriã do evento será a Abag (Associação Brasileira de Agribusiness), entidade que era presidida
pelo atual ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.
"Os agricultores ainda são muito desarticulados nessa questão
de transgênicos. Temos interesse
na liberação de soja transgênica,
mas queremos que o debate seja
científico, e não apenas político",
diz o presidente da Aprosoja Iwao
Myiamoto, que confirmou presença no encontro de hoje.
A política, porém, não está afastada do debate sobre transgênicos. Tanto os favoráveis contra os
contrários à liberação se acusam
mutuamente de praticar lobby
com o governo federal e com parlamentares.
A CNA (Confederação Nacional
da Agricultura), por exemplo, assume que defende a liberação dos
transgênicos em conversas com
políticos. Carlos Sporetto, vice-presidente da CNA, afirma que a
entidade está acionando ministérios e políticos sobre a necessidade de uma definição rápida sobre
o tema. "Fizemos uma enquete e
70% dos produtores são favoráveis à transgenia."
Um dos principais argumentos
dos que defendem a liberação dos
transgênicos no Brasil é que eles já
estariam presentes nas mesas brasileiras há pelo menos sete anos
-logo, diante da impossibilidade
de inversão do quadro, não haveria saída senão liberar o produto.
Desde 2002, o Greenpeace elabora uma lista com os alimentos
brasileiros que teriam substâncias
geneticamente modificadas, derivadas de soja RR e milho Bt (ambos produzidos pela Monsanto).
O guia é elaborado com base em
informações divulgadas pelas
próprias empresas que preenchem um questionário enviado
pelo Greenpeace. Tatiana Carvalho, responsável pelo guia, afirma,
entretanto, que pode haver traços
de transgênicos mesmo entre os
que declaram não os produzir.
"Não temos condição de testar todos os produtos do mercado. Não
somos empresa certificadora."
A organização ambientalista
acusa a multinacional Monsanto
de fazer lobby pró-transgênico
em Brasília. A empresa se defende. Por meio de sua assessoria de
imprensa, diz que há apenas um
escritório comercial no Distrito
Federal que trata dos negócios da
Monsanto no âmbito governamental, mas ressalta que hoje a
sua posição é de neutralidade.
A Monsanto, por sua vez, rebate
ao declarar que o Greenpeace
possui ativistas que atuam politicamente. A entidade confirma a
prática e diz que mantém representantes para acompanhar as
discussões com o objetivo de defender o consumidor.
Vigília
Integrantes de cinco movimentos sociais ligados à luta pela terra,
entre eles o MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra), iniciaram ontem à tarde em
Uberlândia (MG) uma "vigília
simbólica" em frente à Monsanto.
A idéia é permanecer sob barracos de lona na porta da empresa
durante cinco semanas. A manifestação leva o nome "Por um
Brasil Livre de Transgênicos".
Ontem havia cerca de 200 pessoas
no local, mas os organizadores
prevêem reunir 800. Caso sejam
impedidos de permanecer no local, os sem-terra dizem que vão
montar seus barracos no centro
da cidade.
Colaborou a Agência Folha
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