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TECNOLOGIA
Produção experimental desenvolve carvão vegetal para uso em fornos
IPT cria energia com capim-elefante
DA REPORTAGEM LOCAL
O capim-elefante, alimento tradicional para gado, é a matéria-prima do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) para gerar
energia.
No instituto, sediado em São
Paulo, pesquisadores desenvolvem uma tecnologia capaz de
transformar o capim em carvão
vegetal. O produto tem como
uma das aplicações principais alimentar fornos para a indústria,
como a siderúrgica, por exemplo.
Atualmente, o insumo utilizado
para produzir o carvão vegetal é o
eucalipto. No entanto, enquanto
uma árvore leva, em média, sete
anos para ser cortada e beneficiada, o capim-elefante, que tem esse
nome por atingir até seis metros
de altura, pode ser cortado anualmente.
Outra vantagem é a produtividade. O capim produz 40 toneladas de massa seca por hectare
anuais. O eucalipto chega a no
máximo 15 toneladas/ha/ano.
"Na Inglaterra, uma variedade
de capim-elefante começou a ser
usada em 2001 em uma usina termoelétrica em Cambrigde. Lá
existem 22 mil hectares cultivados. No Brasil, a escala de produção ainda é experimental. Temos cerca de 30 hectares [voltados para a geração de energia]", afirma o coordenador do pesquisa, professor Vicente Mazzarella.
Na avaliação de Mazzarella, a utilização do carvão à base de capim-elefante também pode combater o problema do "carvão do cerrado", ou seja, a queima de árvores nativas desse ecossistema para alimentar fornos industriais.
Como é produzido
Antes de se transformar em
energia, o capim passa por um
processo de secagem. O teor de
água da planta tem que ser reduzido a 30%. Na Inglaterra, isso é
feito ao natural, ou seja, o capim
seca no próprio pé. Em seguida,
colheitadeiras passam, cortam e
enfardam o material, que é estocado na forma de feno.
No Brasil, a forma de beneficiamento é outra. O capim é passado
numa moenda para retirar o excesso de água. Após atingir o teor
ideal, o capim é picado e já está
pronto para o uso industrial.
"As variedades de capim-elefante brasileiras podem ter uma
produtividade de até 60 toneladas/ha/ano. Além disso, há uma
grande demanda mundial por
formas renováveis de geração de
energia", diz Mazzarella.
No entanto antes de ter capacidade de produzir em escala industrial é preciso atrair investidores para a empreitada tecnológica.
No momento, o IPT está na fase
de avaliação da viabilidade econômica do produto. A Copersucar, por exemplo, participa do
projeto com a cessão de espaço
para carvoejamento (transformação do carvão), mas o IPT espera
conquistar mais parcerias.
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