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Governo admite que deu pouca atenção ao álcool
Alegação é que era preciso estruturar o setor de biodiesel, uma vez que o programa do etanol já estava consolidado
Governo afirma que não abandonou o programa do etanol e nega que esteja sendo movido agora pelo interesse norte-americano
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo Lula admite que
no primeiro mandato deu mais
atenção ao biodiesel porque era
preciso estruturar esse setor e
apenas na semana passada fez a
primeira reunião para discutir
estratégias para o álcool, mas
afirma que não abandonou o
etanol e nega que esteja sendo
movido pela iniciativa dos Estados Unidos.
Segundo a ABDI (Agência
Brasileira de Desenvolvimento
Industrial) e o Itamaraty, o presidente Lula falou sobre a prioridade do etanol e propôs parceria ao presidente dos EUA,
George W. Bush, na primeira
visita que fez a ele, em 2003.
Os americanos, porém, só teriam procurado o governo brasileiro para tratar do assunto há
cerca de seis meses, quando os
temas "aquecimento global" e
"mudanças climáticas" ganharam mais relevância.
"Nós já trabalhamos com
etanol há alguns anos e o presidente falou sobre etanol e biocombustíveis com Bush na visita que fez a ele em 2003. Há uns
seis meses, os Estados Unidos
vêm conversando com o Brasil
sobre isso porque a questão da
mudança climática, nos últimos tempos, tem acentuado a
necessidade dos EUA [por novas fontes de combustíveis]",
disse o presidente da ABDI,
Alessandro Teixeira.
Antes de embarcar para Washington para assumir a embaixada do Brasil, no início deste
mês, o embaixador Antonio Patriota disse à Folha que o presidente Lula voltou a falar com
Bush sobre álcool quando os
dois conversaram em julho de
2006, no encontro do G8 em
São Petersburgo, na Rússia.
Segundo Teixeira, a política
do governo para biocombustíveis se divide em duas partes. A
primeira é voltada para o biodiesel, que está associado à
agricultura familiar, embora
quem esteja investindo pesadamente no setor sejam empresários de soja, matéria-prima do biodiesel.
A segunda parte são as políticas para o etanol. "Obviamente, todas as políticas relacionadas ao desenvolvimento do
biocombustível foram trabalhadas com a indústria automobilística. Tanto é que chegamos a janeiro deste ano com
83% da nova frota produzida
com motores flex. Hoje, temos
mais de 32 mil postos de serviços que oferecem a possibilidade de etanol. Sabíamos que, por
meio do desenvolvimento da
frota de automóveis, daríamos
condições para a indústria aumentar sua demanda, e foi o
que aconteceu", disse Teixeira.
Investimento maior
De acordo com o secretário
de Política Industrial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior,
Antonio Sérgio Mello, atualmente há cerca de R$ 10 bilhões em investimentos em
curso no setor de álcool. Ele
acredita que o valor pode ser
dobrado em pouco tempo, mas
não precisou o período.
O governo alega que foi dada
prioridade para os biocombustíveis porque partiu do zero
nessa área, diferentemente do
álcool. "O setor de biodiesel era
inexistente. Portanto foi necessário um maior esforço do governo para estruturá-lo. É preciso estruturar a propriedade
privada e fazer cooperativas de
produção", disse Teixeira.
(CLÁUDIA DIANNI)
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