São Paulo, terça-feira, 11 de março de 2008

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Na China, superávit comercial cai 63% em fevereiro e inflação atinge recordes

RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

O superávit comercial da China encolheu 63% em fevereiro, em relação ao mesmo mês do ano passado. Analistas culpam as nevascas e a comemoração do Ano Novo chinês em fevereiro para o tamanho da queda, mas afirmam que a redução das exportações já reflete a desaceleração dos Estados Unidos.
As exportações chinesas subiram só 6,5%, enquanto as importações cresceram 35,1%, graças à alta do preço do petróleo e de várias commodities que a China precisa importar para alimentar sua expansão.
As vendas aos EUA caíram 5%, enquanto as compras de produtos americanos pelos chineses cresceram 33%.
A agência estatal chinesa Xinhua afirmou que a queda reflete a desaceleração dos EUA, "enquanto a expansão chinesa continua robusta, dirigindo a demanda por importações".
A balança comercial movimentou US$ 166 bilhões em fevereiro. O superávit foi de US$ 8,6 bilhões, enquanto em fevereiro de 2007 foi de US$ 23,7 bilhões. Nos últimos dois anos, o país teve superávits médios de US$ 15 bilhões por mês.
O encolhimento do superávit não é a única má notícia para a economia chinesa. O índice de preços ao atacado aumentou 6,6% em fevereiro na taxa em um ano, revelou ontem o Escritório Nacional de Estatísticas.
Já o índice de preços ao consumidor chegou a 7,1% em janeiro também em 12 meses, o maior aumento em 11 anos.
Os EUA e a União Européia pressionam a China para abandonar a política cambial que mantém sua moeda, o yuan, desvalorizada, o que dá vantagem competitiva extra ao país.
Na semana passada, o premiê Wen Jiabao afirmou que o governo buscaria um câmbio mais flexível para o yuan, que já foi valorizado em 16% contra o dólar nos últimos dois anos.
Mas permitir que os produtos chineses fiquem mais caros no mercado externo e facilitar a entrada de importados mais baratos provoca arrepios no Partido Comunista pela possibilidade da perda de empregos.
O crescimento acelerado nos últimos cinco anos dependeu basicamente de fortes investimentos internos e externos e de exportações em alta.
Mas a demanda internacional, especialmente a americana, está se desacelerando.
O governo rotineiramente estabelece como meta de crescimento 8% do PIB, só para depois comemorar cifras acima de 10%. Neste ano, economista chineses e do Banco Mundial têm feito previsões de crescimento do PIB de 9,5%. No ano passado, cresceu 11,4%.


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