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Na China, superávit comercial cai 63% em fevereiro e inflação atinge recordes
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
O superávit comercial da
China encolheu 63% em fevereiro, em relação ao mesmo
mês do ano passado. Analistas
culpam as nevascas e a comemoração do Ano Novo chinês
em fevereiro para o tamanho da
queda, mas afirmam que a redução das exportações já reflete a desaceleração dos Estados
Unidos.
As exportações chinesas subiram só 6,5%, enquanto as importações cresceram 35,1%,
graças à alta do preço do petróleo e de várias commodities que
a China precisa importar para
alimentar sua expansão.
As vendas aos EUA caíram
5%, enquanto as compras de
produtos americanos pelos chineses cresceram 33%.
A agência estatal chinesa Xinhua afirmou que a queda reflete a desaceleração dos EUA,
"enquanto a expansão chinesa
continua robusta, dirigindo a
demanda por importações".
A balança comercial movimentou US$ 166 bilhões em fevereiro. O superávit foi de US$
8,6 bilhões, enquanto em fevereiro de 2007 foi de US$ 23,7
bilhões. Nos últimos dois anos,
o país teve superávits médios
de US$ 15 bilhões por mês.
O encolhimento do superávit
não é a única má notícia para a
economia chinesa. O índice de
preços ao atacado aumentou
6,6% em fevereiro na taxa em
um ano, revelou ontem o Escritório Nacional de Estatísticas.
Já o índice de preços ao consumidor chegou a 7,1% em janeiro também em 12 meses, o
maior aumento em 11 anos.
Os EUA e a União Européia
pressionam a China para abandonar a política cambial que
mantém sua moeda, o yuan,
desvalorizada, o que dá vantagem competitiva extra ao país.
Na semana passada, o premiê
Wen Jiabao afirmou que o governo buscaria um câmbio
mais flexível para o yuan, que já
foi valorizado em 16% contra o
dólar nos últimos dois anos.
Mas permitir que os produtos chineses fiquem mais caros
no mercado externo e facilitar a
entrada de importados mais
baratos provoca arrepios no
Partido Comunista pela possibilidade da perda de empregos.
O crescimento acelerado nos
últimos cinco anos dependeu
basicamente de fortes investimentos internos e externos e
de exportações em alta.
Mas a demanda internacional, especialmente a americana, está se desacelerando.
O governo rotineiramente
estabelece como meta de crescimento 8% do PIB, só para depois comemorar cifras acima
de 10%. Neste ano, economista
chineses e do Banco Mundial
têm feito previsões de crescimento do PIB de 9,5%. No ano
passado, cresceu 11,4%.
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