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Bolsa cai 3% e fica abaixo de 60 mil pontos
Alta do petróleo e especulações sobre a situação de instituições financeiras americanas levam ao 3º dia de nervosismo global
Com receio de que recessão nos EUA atinja o Brasil, investidores deixam de lado otimismo e adotam cautela; dólar volta a superar R$ 1,70
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
A Bovespa, que nas últimas
semanas mostrava menos estragos diante das turbulências
em Wall Street, rendeu-se ontem ao nervosismo internacional causado pela disparada dos
preços do petróleo e pelas preocupações com a saúde das instituições financeiras americanas
e européias. Recuou 3,02%, para 59.999 pontos. Desde o pico
de 28 de fevereiro, as perdas somam 8,47%. O dólar comercial
avançou 1,3% e fechou cotado a
R$ 1,706. Fazia nove dias que a
moeda não ultrapassava o nível
de R$ 1,70.
Segundo analistas, tanto empresários quanto investidores
no mercado financeiro brasileiro haviam adotado um otimismo exagerado, que não está resistindo às más notícias que
surgem diariamente.
"As informações são as de
que a economia americana está
em recessão. Isso, para um país
como o nosso, grande exportador de commodities, traz algumas incertezas em relação ao
futuro. A retração de grandes
potências reflete nas nações exportadoras, e, em relação ao
Brasil, isso pode significar uma
desaceleração também", destaca Romeu Vidali, gerente de
renda fixa da filial do Rio de Janeiro da corretora Concórdia.
As Bolsas de Nova York caíram pela terceira sessão consecutiva. O índice Dow Jones teve
queda de 1,29%, e a Nasdaq
(ações de empresas de tecnologia) recuou 1,95%.
Os papéis do banco de investimentos Bear Stearns despencaram 11,1%, com os rumores
de que está enfrentando dificuldades de caixa -especulações classificadas pelo banco
como "totalmente ridículas". A
Moody's Investors Service rebaixou a classificação de títulos
de dívida do Bear Stearns lastreados por hipotecas do tipo
Alt-A, que são destinadas a famílias que não conseguem
comprovar renda ou possuem
algum problema de crédito.
Circularam, ainda, rumores
de que a Fannie Mae, uma das
maiores financeiras dos EUA a
emprestar dinheiro para a
compra de imóveis, estaria buscando ajuda do governo para
não quebrar. Suas ações registraram desvalorização de mais
de 10%. Na esteira, foram os papéis de diversas outras instituições. As do Bank of America
caíram 3,9%, e as do Citigroup
tiveram baixa de 5,8%.
Na Bolsa brasileira, os papéis
do setor igualmente sentiram o
golpe. Os do Bradesco recuaram 2,44%, e os do Itaú tiveram
queda de 1,8%. Entre as "blue
chips" (ações de maior liquidez) locais, as perdas mais expressivas aconteceram com as
ações da Companhia Vale do
Rio Doce - 3,85% na preferencial (PN) e 3,07% na ordinária
(ON). Já as da Petrobras tiveram as menores desvalorizações, de 1,84% na PN e 1,57% na
ON, por causa do avanço do petróleo, que bateu em US$ 108.
"O clima é de preocupação.
Creio que o mercado vai observar os desdobramentos dessa
crise. É claro que, em momentos como este, surgem boas
oportunidades para compras
de papéis, mas agora os investidores parecem cautelosos", diz
Vidali. "Não vejo recuperação
no curtíssimo prazo."
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