São Paulo, terça-feira, 11 de março de 2008

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Bolsa cai 3% e fica abaixo de 60 mil pontos

Alta do petróleo e especulações sobre a situação de instituições financeiras americanas levam ao 3º dia de nervosismo global

Com receio de que recessão nos EUA atinja o Brasil, investidores deixam de lado otimismo e adotam cautela; dólar volta a superar R$ 1,70

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bovespa, que nas últimas semanas mostrava menos estragos diante das turbulências em Wall Street, rendeu-se ontem ao nervosismo internacional causado pela disparada dos preços do petróleo e pelas preocupações com a saúde das instituições financeiras americanas e européias. Recuou 3,02%, para 59.999 pontos. Desde o pico de 28 de fevereiro, as perdas somam 8,47%. O dólar comercial avançou 1,3% e fechou cotado a R$ 1,706. Fazia nove dias que a moeda não ultrapassava o nível de R$ 1,70.
Segundo analistas, tanto empresários quanto investidores no mercado financeiro brasileiro haviam adotado um otimismo exagerado, que não está resistindo às más notícias que surgem diariamente.
"As informações são as de que a economia americana está em recessão. Isso, para um país como o nosso, grande exportador de commodities, traz algumas incertezas em relação ao futuro. A retração de grandes potências reflete nas nações exportadoras, e, em relação ao Brasil, isso pode significar uma desaceleração também", destaca Romeu Vidali, gerente de renda fixa da filial do Rio de Janeiro da corretora Concórdia.
As Bolsas de Nova York caíram pela terceira sessão consecutiva. O índice Dow Jones teve queda de 1,29%, e a Nasdaq (ações de empresas de tecnologia) recuou 1,95%.
Os papéis do banco de investimentos Bear Stearns despencaram 11,1%, com os rumores de que está enfrentando dificuldades de caixa -especulações classificadas pelo banco como "totalmente ridículas". A Moody's Investors Service rebaixou a classificação de títulos de dívida do Bear Stearns lastreados por hipotecas do tipo Alt-A, que são destinadas a famílias que não conseguem comprovar renda ou possuem algum problema de crédito.
Circularam, ainda, rumores de que a Fannie Mae, uma das maiores financeiras dos EUA a emprestar dinheiro para a compra de imóveis, estaria buscando ajuda do governo para não quebrar. Suas ações registraram desvalorização de mais de 10%. Na esteira, foram os papéis de diversas outras instituições. As do Bank of America caíram 3,9%, e as do Citigroup tiveram baixa de 5,8%.
Na Bolsa brasileira, os papéis do setor igualmente sentiram o golpe. Os do Bradesco recuaram 2,44%, e os do Itaú tiveram queda de 1,8%. Entre as "blue chips" (ações de maior liquidez) locais, as perdas mais expressivas aconteceram com as ações da Companhia Vale do Rio Doce - 3,85% na preferencial (PN) e 3,07% na ordinária (ON). Já as da Petrobras tiveram as menores desvalorizações, de 1,84% na PN e 1,57% na ON, por causa do avanço do petróleo, que bateu em US$ 108.
"O clima é de preocupação. Creio que o mercado vai observar os desdobramentos dessa crise. É claro que, em momentos como este, surgem boas oportunidades para compras de papéis, mas agora os investidores parecem cautelosos", diz Vidali. "Não vejo recuperação no curtíssimo prazo."


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