São Paulo, terça-feira, 11 de março de 2008

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Só 5 companhias disputarão leilão da Cesp

Com desistência de estatais, ficam a franco-belga Suez, a portuguesa EDP, a americana Alcoa e as brasileiras Neoenergia e CPFL

As empresas que seguem na disputa negociam a formação de consórcios; a expectativa é que três grupos concorram no dia 26

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Alvo da maior polêmica até o momento em relação à privatização da Cesp (Companhia Energética de São Paulo), estatais federais e estaduais desistiram de recorrer à Justiça para participar do negócio e ficaram na disputa apenas 5 das 13 empresas inicialmente interessadas na geradora paulista de energia. Pelas regras do leilão, as estatais não poderiam participar da privatização.
Seguem na corrida pela Cesp a franco-belga Suez/Tractebel, a brasileira-espanhola Neoenergia/Iberdrola, a brasileira CPFL, a portuguesa EDP e a americana Alcoa. Todas elas entregaram até ontem à Bovespa a documentação exigida no processo de pré-identificação.
Na sexta-feira, os coordenadores divulgam se todos os pré-identificados estão qualificados para a concorrência. A Cesp vai a leilão no dia 26 ao preço mínimo de R$ 6,6 bilhões.
O motivo alegado pelas estatais para desistir da Cesp foram as incertezas em relação à prorrogação dos contratos de concessão das usinas hidrelétricas. Das seis hidrelétricas da Cesp, apenas a usina Porto Primavera teve a renovação de concessão por mais 20 anos recomendada pela Aneel. Em 2011, vence a concessão de Três Irmãos e, em 2015, a de Jupiá.
Na reta final da disputa, desistiram os fundos americanos de "private equity" Blackstone e KKR, que representariam os interesses da Elektro, distribuidora no litoral e interior de São Paulo e que pertencia ao extinto grupo Enron. Também saiu do páreo o fundo brasileiro Pátria. A ítalo-espanhola Enel/Endesa também não apresentou a documentação.
A surpresa ontem ficou por conta da desistência da distribuidora fluminense Light, da qual a Cemig tem participação. Também surpreendeu a entrada da Alcoa, produtora americana de alumínio e grande consumidora de energia.
"O cadastramento [da Alcoa] apenas revela a intenção de continuar a participar do processo, não representando um firme compromisso de participação no leilão, o que dependerá de decisão a ser tomada em fase mais adiantada do processo. A decisão de participar do leilão, provavelmente em parceria com outras empresas públicas ou privadas, está alinhada com a estratégia energética da Alcoa no Brasil", afirmou a empresa em nota.
Os cinco pré-identificados negociam entre si a formação de pelo menos dois consórcios, podendo ainda formar um terceiro. Um dos consórcios será liderado pela Suez/Tractebel, dona da Gerasul, a maior geradora privada de energia no país. A Suez deve entrar no leilão com a Neoenergia, que tem entre os sócios a Iberdrola.
O segundo consórcio será encabeçado pela CPFL Energia, distribuidora do interior de São Paulo, e que teria a participação da Light. A CPFL tem capital dos grupos Votorantim, Camargo Corrêa, Bradesco e da Previ.
A Energias de Portugal, dona das distribuidoras Bandeirantes (SP), Enersul (MS) e Excelsa (ES), negocia a adesão a um dos grupos ou a formação de um consórcio próprio. Os portugueses estavam acertando a associação com os italianos e espanhóis do grupo Enel/Endesa, que não apresentaram a documentação exigida.
Os qualificados terão de depositar garantias no valor de R$ 1,74 bilhão um dia antes do leilão. Os lances serão feitos por meio de envelopes fechados. A Bovespa só abrirá o leilão em viva-voz se a segunda maior oferta pela Cesp for de pelo menos 90% do valor do maior lance pela geradora paulista.


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