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Empresas estatais apontam incertezas e desistem de participar de privatização
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM BELO HORIZONTE
DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
A geradora federal Furnas
Centrais Elétricas, empresa do
grupo Eletrobrás, e as distribuidoras estatais Cemig (MG) e
Copel (PR) não entregaram a
documentação necessária para
participar da privatização da
Cesp. O prazo vencia ontem às
14h na sede da Bovespa.
Para Furnas, a desistência resulta das incertezas associadas
à prorrogação do prazo de concessão e da dificuldade de avaliação das necessidades de investimento para a manutenção
do parque gerador da Cesp.
Já a Cemig não admite que
está fora da disputa. Para a estatal mineira, o fato de não ter
entregue a documentação não a
deixa fora do negócio. Isso porque, como minoritária em um
consórcio, não precisaria se
pré-identificar. Por outro lado,
afirma que pode não participar
da concorrência por considerar
alto o preço e pequeno o tempo
para obter o retorno do investimento.
A direção da Cemig avalia entre R$ 20 bilhões e R$ 25 bilhões (valor que inclui as dívidas da Cesp) o custo real para o
consórcio que adquirir a empresa paulista. Argumenta que
três das principais usinas da
Cesp terão a licença de concessão encerrada até 2015. E, sem
garantias de renovação das
concessões, avalia que o comprador dificilmente terá condições de recuperar o valor investido em apenas sete anos.
"Interessados nós estamos,
mas nessas condições vai ser
difícil nós estarmos presentes
[no leilão]", disse o presidente
da Cemig, Djalma Morais.
Segundo a Cemig, uma eventual desistência não teria relação com as restrições à participação de estatais no leilão da
Cesp, conforme diz o edital.
Em nota, a Copel informou
que a desistência da Cesp decorre também da falta de definição sobre o prazo de prorrogação da concessão das usinas e
de "detalhes" do passivo da
companhia "que não puderam
ser devidamente estudados". O
presidente da Copel, Rubens
Ghilardi, afirmou, por meio de
sua assessoria, que "muitas incertezas" impediram que a empresa tivesse "a segurança necessária para um investimento
desse vulto".
Há duas semanas, a Copel
ameaçou recorrer à Justiça para assegurar sua presença no
leilão. Uma cláusula do edital
de venda da Cesp veta a participação de estatais de outros Estados. Nesse ponto, o presidente da Copel continua sustentando haver discriminação. "Se
a engenharia financeira de uma
eventual participação da Copel
no leilão da Cesp tivesse apresentado como resultado um cenário que fosse favorável, sem
dúvida a empresa tomaria as
medidas judiciais cabíveis."
O governo do Estado de São
Paulo afirma que o veto à participação de estatais em privatizações paulistas decorre de
uma lei estadual, sancionada à
época do governador Mário Covas. Pela lei, empresas em processo de privatização não podem ser vendidas para empresas que não sejam de capital
privado, o que desqualificaria a
retirada do Estado da gestão de
uma companhia.
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