São Paulo, quarta-feira, 11 de março de 2009

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Depois de cinco anos em alta, consumo das famílias cai 2%

DA SUCURSAL DO RIO

Um dos mais importantes pilares de sustentação do crescimento da economia brasileira nos últimos anos, o consumo das famílias caiu 2% no quarto trimestre de 2008, após expansão de 2,1% no terceiro.
Trata-se do pior resultado desde o terceiro trimestre de 2001 (-2,9%) e interrompe uma virtuosa sequência de 21 trimestres consecutivos (cinco anos e três meses) de resultados positivos.
Segundo Roberto Olinto, coordenador de Contas Nacionais do IBGE, dois fatores pesaram no fraco desempenho do consumo das famílias: os primeiros sinais de perda de renda e a menor confiança dos consumidores diante da crise -que elevou o temor do desemprego.
Apesar da forte retração, o consumo das famílias fechou 2008 com crescimento de 5,4%. O arrefecimento do último trimestre, porém, conteve a expansão, já que no acumulado de janeiro a setembro a taxa era maior: 6,5%, segundo o IBGE.
Em 2007, o consumo familiar também estava mais aquecido -alta de 6,3%. Na comparação com o quatro trimestre de 2007, houve alta de 2,2%.
A inversão de tendência do consumo no final do ano foi forte e surpreendeu analistas. "O desempenho negativo do consumo das famílias surpreendeu. Esperávamos que viesse mais forte. A queda indica que o início da deterioração do mercado de trabalho já afetou de modo mais intenso a confiança do consumidor e sua disposição em entrar em financiamentos", avalia Leonardo Carvalho, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Para Rogério César de Souza, economista do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), o dado mais surpreendente da divulgação do PIB do quarto trimestre foi, de fato, o do consumo das famílias brasileiras.
"A queda da indústria e dos investimentos já era prevista. Mas as restrições de crédito e a cautela maior do consumidor, que está com medo de perder seu emprego, bateram com força no consumo."
Tamanho foi o tombo do consumo das famílias que o fraco desempenho repercutiu nos dados do comércio, um dos poucos subsetores de serviços que tiveram resultado negativo no último trimestre do ano passado.
Em resposta à retração do consumo, o PIB do comércio teve contração de 1,3% no quatro trimestre de 2008 na comparação com os três meses imediatamente anteriores. Trata-se de um desempenho pior do que o setor de serviços como um todo -queda de 0,4%.
No acumulado do ano, o comércio cresceu 6,1%. O resultado positivo foi assegurado nos três primeiros trimestres de 2008, período no qual o setor avançou 8,6%.


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