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Depois de cinco anos em alta, consumo das famílias cai 2%
DA SUCURSAL DO RIO
Um dos mais importantes pilares de sustentação do crescimento da economia brasileira
nos últimos anos, o consumo
das famílias caiu 2% no quarto
trimestre de 2008, após expansão de 2,1% no terceiro.
Trata-se do pior resultado
desde o terceiro trimestre de
2001 (-2,9%) e interrompe uma
virtuosa sequência de 21 trimestres consecutivos (cinco
anos e três meses) de resultados positivos.
Segundo Roberto Olinto,
coordenador de Contas Nacionais do IBGE, dois fatores pesaram no fraco desempenho do
consumo das famílias: os primeiros sinais de perda de renda
e a menor confiança dos consumidores diante da crise -que
elevou o temor do desemprego.
Apesar da forte retração, o
consumo das famílias fechou
2008 com crescimento de
5,4%. O arrefecimento do último trimestre, porém, conteve a
expansão, já que no acumulado
de janeiro a setembro a taxa era
maior: 6,5%, segundo o IBGE.
Em 2007, o consumo familiar também estava mais aquecido -alta de 6,3%. Na comparação com o quatro trimestre
de 2007, houve alta de 2,2%.
A inversão de tendência do
consumo no final do ano foi
forte e surpreendeu analistas.
"O desempenho negativo do
consumo das famílias surpreendeu. Esperávamos que
viesse mais forte. A queda indica que o início da deterioração
do mercado de trabalho já afetou de modo mais intenso a
confiança do consumidor e sua
disposição em entrar em financiamentos", avalia Leonardo
Carvalho, economista do Ipea
(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Para Rogério César de Souza,
economista do Iedi (Instituto
de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), o dado mais
surpreendente da divulgação
do PIB do quarto trimestre foi,
de fato, o do consumo das famílias brasileiras.
"A queda da indústria e dos
investimentos já era prevista.
Mas as restrições de crédito e a
cautela maior do consumidor,
que está com medo de perder
seu emprego, bateram com força no consumo."
Tamanho foi o tombo do consumo das famílias que o fraco
desempenho repercutiu nos
dados do comércio, um dos
poucos subsetores de serviços
que tiveram resultado negativo
no último trimestre do ano passado.
Em resposta à retração do
consumo, o PIB do comércio
teve contração de 1,3% no quatro trimestre de 2008 na comparação com os três meses imediatamente anteriores. Trata-se de um desempenho pior do
que o setor de serviços como
um todo -queda de 0,4%.
No acumulado do ano, o comércio cresceu 6,1%. O resultado positivo foi assegurado nos
três primeiros trimestres de
2008, período no qual o setor
avançou 8,6%.
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