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PIB / PERSPECTIVAS
Economia mantém ritmo lento no primeiro trimestre
Recuperação na produção industrial é tímida para inverter tendência de queda
Representantes da indústria e do comércio consideram que o Brasil corre até o risco de registrar uma recessão técnica neste trimestre
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
O desempenho da economia
brasileira neste trimestre deverá ser tão fraco quanto o registrado no último trimestre de
2008 -apesar da recuperação
já verificada em alguns setores
em janeiro e em fevereiro-, como reflexo da crise mundial.
A retomada da produção industrial neste início de ano -e
de carros-, o crescimento no
fluxo de veículos pesados nas
estradas e a melhora no índice
de confiança dos empresários
ainda são tímidos para indicar
tendência de melhora no ritmo
da economia neste trimestre,
na avaliação de representantes
da indústria e do comércio e de
consultores econômicos.
Para eles, o que existe, sim, é
até a possibilidade de o Brasil
registrar, neste trimestre, uma
recessão técnica, o que seria resultado de dois trimestres seguidos de retração econômica.
Na comparação com igual
período do ano passado, os
principais indicadores do ritmo
de atividade do país estão em
queda. No primeiro bimestre
deste ano, a produção de carros
caiu 24,1% sobre igual período
de 2008. Em janeiro, a produção industrial caiu 17,2% sobre
igual mês do ano passado; a de
papelão ondulado baixou 8,3%.
O fluxo de veículos pesados
nas estradas caiu 8% no mês
passado sobre fevereiro de
2008, e o consumo de energia,
1,8% no período. As vendas a
prazo em São Paulo diminuíram 9,2% no primeiro bimestre
deste ano sobre igual período
de 2008; à vista, 5,3%.
A produção industrial deve
cair 9% no primeiro trimestre
deste ano sobre igual período
do ano passado, puxando para
baixo o ritmo de atividade da
economia brasileira, na avaliação de Fabio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores.
"Indicadores mostram que o
esfriamento na economia veio
para valer. A economia é toda
encadeada e, quando a indústria leva um choque forte, como
ocorreu no final de 2008, demora para se recuperar. A produção não deve, em 2009, atingir os níveis de 2008."
A indústria vai passar por um
período de ajuste neste trimestre, na avaliação de Rogério
Souza, economista do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial). "O que
aconteceu com alguns setores
neste início de ano foi um respiro, que não deu para encher o
pulmão da indústria", afirma.
A queda na demanda interna
e externa e o crédito mais caro e
escasso são os principais motivos dessa retração econômica.
"Até junho, haverá oscilação
entre os setores. Em um mês o
desempenho de um setor será
pior e, em outro, melhor", diz
Flávio Castelo Branco, gerente
executivo de Política Econômica da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
O índice de confiança do empresariado -o ICI-, medido
pela FGV, melhorou em fevereiro sobre janeiro -subiu 1,3
ponto. Mas, ainda assim, os
76,3 pontos atingidos continuam abaixo de 100 pontos (o
índice vai até 200 pontos), o
que significa que o empresariado ainda sente que a atividade
econômica está desfavorável.
Durante todo o ano de 2007 e
até outubro de 2008 o índice ficou acima de 100 pontos.
A FGV constatou em fevereiro, em sondagem com cerca de
mil empresas, que as perspectivas de negócios para os próximos seis meses são pessimistas.
Para 37,7% delas, a situação iria
piorar; para 38,9%, ficar igual,
e, para 23,4%, melhorar. Antes
da crise, em setembro de 2008,
55,1% das empresas previam
melhora e só 3,3%, piora.
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