São Paulo, quarta-feira, 11 de março de 2009

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PIB / PERSPECTIVAS

Economia mantém ritmo lento no primeiro trimestre

Recuperação na produção industrial é tímida para inverter tendência de queda

Representantes da indústria e do comércio consideram que o Brasil corre até o risco de registrar uma recessão técnica neste trimestre


FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O desempenho da economia brasileira neste trimestre deverá ser tão fraco quanto o registrado no último trimestre de 2008 -apesar da recuperação já verificada em alguns setores em janeiro e em fevereiro-, como reflexo da crise mundial.
A retomada da produção industrial neste início de ano -e de carros-, o crescimento no fluxo de veículos pesados nas estradas e a melhora no índice de confiança dos empresários ainda são tímidos para indicar tendência de melhora no ritmo da economia neste trimestre, na avaliação de representantes da indústria e do comércio e de consultores econômicos.
Para eles, o que existe, sim, é até a possibilidade de o Brasil registrar, neste trimestre, uma recessão técnica, o que seria resultado de dois trimestres seguidos de retração econômica.
Na comparação com igual período do ano passado, os principais indicadores do ritmo de atividade do país estão em queda. No primeiro bimestre deste ano, a produção de carros caiu 24,1% sobre igual período de 2008. Em janeiro, a produção industrial caiu 17,2% sobre igual mês do ano passado; a de papelão ondulado baixou 8,3%.
O fluxo de veículos pesados nas estradas caiu 8% no mês passado sobre fevereiro de 2008, e o consumo de energia, 1,8% no período. As vendas a prazo em São Paulo diminuíram 9,2% no primeiro bimestre deste ano sobre igual período de 2008; à vista, 5,3%.
A produção industrial deve cair 9% no primeiro trimestre deste ano sobre igual período do ano passado, puxando para baixo o ritmo de atividade da economia brasileira, na avaliação de Fabio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores.
"Indicadores mostram que o esfriamento na economia veio para valer. A economia é toda encadeada e, quando a indústria leva um choque forte, como ocorreu no final de 2008, demora para se recuperar. A produção não deve, em 2009, atingir os níveis de 2008."
A indústria vai passar por um período de ajuste neste trimestre, na avaliação de Rogério Souza, economista do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial). "O que aconteceu com alguns setores neste início de ano foi um respiro, que não deu para encher o pulmão da indústria", afirma.
A queda na demanda interna e externa e o crédito mais caro e escasso são os principais motivos dessa retração econômica. "Até junho, haverá oscilação entre os setores. Em um mês o desempenho de um setor será pior e, em outro, melhor", diz Flávio Castelo Branco, gerente executivo de Política Econômica da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
O índice de confiança do empresariado -o ICI-, medido pela FGV, melhorou em fevereiro sobre janeiro -subiu 1,3 ponto. Mas, ainda assim, os 76,3 pontos atingidos continuam abaixo de 100 pontos (o índice vai até 200 pontos), o que significa que o empresariado ainda sente que a atividade econômica está desfavorável. Durante todo o ano de 2007 e até outubro de 2008 o índice ficou acima de 100 pontos.
A FGV constatou em fevereiro, em sondagem com cerca de mil empresas, que as perspectivas de negócios para os próximos seis meses são pessimistas. Para 37,7% delas, a situação iria piorar; para 38,9%, ficar igual, e, para 23,4%, melhorar. Antes da crise, em setembro de 2008, 55,1% das empresas previam melhora e só 3,3%, piora.


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