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Para Anatel, cliente de Dirceu não é sócio da Eletronet
VALDO CRUZ
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações)
não reconhece o empresário
Nelson dos Santos, cliente do
ex-ministro José Dirceu, como sócio da Eletronet.
Para a agência, os donos da
Eletronet ainda são a AES
(multinacional do setor de
energia) e as estatais do setor
elétrico, representadas pela
Eletropar (ex-Lightpar).
A agência informou ainda
que a mudança de sócios na
empresa só tem validade
com a sua aprovação.
Em julho de 2004, a AES
submeteu à Anatel, para
anuência prévia, contrato de
compra e venda de cotas celebrado com a Contem Canada. Nele, estava incluída como condição "precedente e
suspensiva" para implementação da operação a obtenção
de aprovação da agência reguladora para o negócio.
Por conta do pedido de falência da Eletronet, o processo de análise foi suspenso pela agência reguladora em 2006, sem deliberação final.
Independentemente da
aprovação da agência, Nelson dos Santos comprou, da
Contem Canada, por R$ 1,
25% de participação na Eletronet. O negócio foi feito
por meio da empresa
"offshore" Star Overseas.
A aprovação da Anatel, porém, era necessária para que
a operação da venda da participação da AES para a Contem fosse confirmada.
Além disso, segundo a
agência, "as partes [AES e
Contem] informaram que
implementariam a operação
e a registrariam na Junta Comercial do Estado de São
Paulo somente após a aprovação da Anatel".
Autofalência
A aprovação ainda não
aconteceu porque a Anatel
foi informada, durante a análise do processo, que a Eletronet estava em processo de
autofalência. Segundo a
agência reguladora, assembleia-geral extraordinária,
realizada em setembro de
2002, havia suspendido os
direitos de controle acionário da AES sobre a Eletronet,
inclusive direitos de voto.
A Anatel informou que recebeu indicação de que o "requerimento de transferência
societária não foi realizado
nem teve a concordância dos
outros acionistas da Eletronet". Ainda em 1999, quando
o governo, por meio da
Lightpar, fez edital para selecionar seu sócio estratégico
na Eletronet (quando a AES
entrou no negócio), já estava
previsto que eventuais mudanças de sócio teriam que
ser aprovadas pela Anatel.
A agência enviou à Folha
trecho do documento, que
diz: "O sócio estratégico somente poderá vender, alienar, ceder ou transferir os
seus direitos sobre os 51% do
capital votante da Eletronet
com a prévia e expressa
anuência da Lightpar e dos
órgãos reguladores pertinentes". Ele também diz que
a "alienação dessas ações,
sem a referida anuência [da
Anatel], será nula e inválida
de pleno direito".
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