|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lula cobra agilidade dos EUA para negociar retaliações
Represália aos subsídios do algodão se concentrará em produtos culturais, como filmes
Governo teme que quebra de patentes de remédios ou retaliações no setor de máquinas desestimule investimentos no Brasil
MALU DELGADO
ENVIADA ESPECIAL A CUBATÃO (SP)
EDUARDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem um apelo
ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para que o
país negocie "rapidamente com
o Brasil", que obteve da OMC
(Organização Mundial de Comércio) o direito de aplicar retaliações de US$ 830 milhões
por conta dos subsídios concedidos pelo governo americano a
produtores de algodão.
Lula negou haver intenção de
confrontar os Estados Unidos e
abordou o assunto em discurso
na inauguração de uma usina
termelétrica da Petrobras em
Cubatão -obra do PAC que
custou cerca de R$ 1 bilhão.
"O Brasil não tem nenhum
interesse em nenhuma confrontação com os Estados Unidos. Mas o Brasil tem interesse
que os Estados Unidos respeitem as decisões da OMC", afirmou o presidente. "Ou nós obedecemos as instituições multilaterais ou o mundo vai ficar
desgovernado."
Segundo o presidente, "teoricamente os Estados Unidos deveriam acabar com o subsídio
ao algodão", o que não ocorreu.
O ministro Celso Amorim
(Relações Exteriores) disse que
não há motivo para o presidente Lula conversar com Obama
sobre a retaliação. Segundo ele,
esse assunto já foi tratado entre
as chancelarias dos dois países.
"Por que ele vai falar? Isso é
uma coisa [retaliação] que
acontece todo dia na OMC",
afirmou Amorim, em Brasília.
Hollywood
Prevista para entrar em consulta pública no próximo dia
23, a lista de retaliação cruzada
contra propriedade intelectual
dos EUA deve se concentrar em
produtos culturais, como filmes de Hollywood, em vez da
quebra de patentes de medicamentos e outros bens.
Segundo apurou a Folha, a
decisão deve afetar principalmente os canais de TV por assinatura que têm a programação
quase toda tomada por séries e
produções cinematográficas
dos estúdios americanos. Além
disso, o setor audiovisual teria
força para pressionar os congressistas daquele país a alteraram a legislação que concede
subsídios considerados ilegais
aos produtores de algodão.
Por outro lado, a esperada
quebra de patentes de medicamentos deve ser evitada para
não desestimular investimentos do setor no país, assim como também não deve haver
medidas duras em relação a
máquinas e equipamentos.
Enquanto os EUA preparam
uma contraproposta para evitar a retaliação, cuja lista de
bens no valor de US$ 591 milhões foi divulgada nesta semana, o próximo capítulo da novela sobre o direito que o Brasil
obteve na OMC envolve outros
US$ 238 milhões em medidas
que também incluirão o bloqueio de royalties e outras remunerações.
Texto Anterior: Previdência: Contribuição menor para doméstica passa no Senado Próximo Texto: Comércio internacional: Brasil é o que mais cresce como destino de exportações chinesas Índice
|