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RECALL DA PRIVATIZAÇÃO
Verbas do Fust e do Orçamento vão só para a telefonia fixa; banda B perdeu R$ 2 bilhões em 2001
Ajuda do governo não chega para celulares
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os planos do governo de destinar R$ 341 milhões do Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações), além
de mais R$ 112 milhões do Orçamento da União, para a expansão
da telefonia no país em 2002 não
vai beneficiar as operadoras de telefonia celular da banda B. São
justamente essas companhias que
enfrentam mais dificuldades econômicas atualmente.
Levantamento realizado ontem
pela Folha entre bancos de investimentos e operadoras de telefonia mostra que várias operadoras
da banda B, como a ATL e a Telet,
somaram juntas, no ano passado,
um prejuízo de mais de R$ 2 bilhões. A banda A da telefonia celular também não receberá auxílio do governo, mas apenas um
balanço foi negativo no ano passado nesse segmento: o da Tele
Norte Cel. A empresa amargou
perdas de R$ 6,6 milhões.
Os grandes beneficiados da investida do Ministério das Comunicações para a expansão das telecomunicações serão as operadoras de telefonia fixa (algumas delas possuem participações em
operadoras da banda B). Muitas
das operadoras de telefonia fixa
estão até mesmo longe de enfrentar dificuldades, como é o caso da
Telefônica, de São Paulo, que conseguiu em 2001 contabilizar um
lucro líquido de R$ 1,5 bilhão,
contra o R$ 1,4 bilhão de 2000.
Vale lembrar ainda que a legislação da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) não
prevê auxílio para as operadoras
da banda B que por acaso quebrarem. Os usuários dessas empresas, criadas para concorrer com as
operadoras de telefonia celular da
banda A (originárias da Telebrás),
também estariam desprotegidos
de uma hipotética quebradeira
das operadoras.
A Anatel informou que tentaria
procurar alguma maneira de
amenizar os danos aos consumidores, mas não há proteção prevista na legislação.
Efeito dominó
O clima nas empresas da banda
B é ainda mais delicado porque a
BCP, que opera na Grande São
Paulo, deixou de pagar no dia 28
de março US$ 375 milhões relativos a uma parcela de uma dívida
total de US$ 1,7 bilhão que a operadora tem com um consórcio de
bancos.
A BCP está tentando renegociar
essa dívida. Um analista de telecomunicações afirmou à Folha, no
entanto, que se a renegociação der
certo, haverá um efeito em cadeia
em todas as operadoras da banda
B. Todas passariam a renegociar
seus débitos, o que criaria um clima de instabilidade.
A situação é bem menos complicada nos segmento de telefonia
fixa e na banda A. Ainda assim, a
BrasilTelecom iniciou neste ano a
venda de telefones fixos pré-pagos para reduzir a inadimplência
na empresa, que está em 2,8%.
Cerca de 2 mil dos 10 milhões de
usuários da empresa nas regiões
Sul, Centro-Oeste e Norte já utilizam o sistema, baseado na venda
de cartões nos valores de R$ 15, R$
30 e R$ 60.
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