São Paulo, domingo, 11 de abril de 2004

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EFEITO WALDOMIRO

Indicadores mostram que país pagou preço alto pela crise política e por dúvidas quanto ao ritmo de retomada

Brasil segue na contramão de emergentes

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Diversos indicadores do mercado financeiro do Brasil mostram que o país pagou, nos últimos dois meses, um preço alto pela combinação entre crise política e dúvidas quanto ao ritmo de retomada da economia.
Embora tenha ensaiado uma recuperação nas últimas duas semanas, o mercado brasileiro continua bem atrás dos de outros emergentes. Além disso, especialistas ainda têm dúvidas sobre como será o desempenho dos ativos brasileiros daqui para a frente.
Na contramão dos demais países emergentes, o risco-país brasileiro, até a última terça-feira, apresentava uma alta acumulada de 13,8% em 2004. No mesmo período, o Embi+, índice que mede o risco-país dos mercados emergentes calculado pelo JP Morgan, exibia queda de 1%.
Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) encerrou o mês de março com queda de 1,4% em dólares no ano. Entre 25 Bolsas de mercados emergentes, a Bovespa figurava numa lista de apenas quatro que acumulavam desvalorizações em 2004.
Na última quarta-feira, o mercado acionário brasileiro estava com um desempenho melhor -alta de cerca de 1% em dólar no ano-, mas insuficiente para tirar o país da lista das dez Bolsas com pior desempenho no mundo.
Ainda que tenha subido mais de 100% em dólares no ano passado -e, por isso, parte da queda possa ser atribuída a uma realização de lucros-, a Bolsa também sofre os efeitos da crise política e da lenta retomada econômica.
Um sinal disso é o fato de que outros mercados acionários emergentes que tiveram desempenho similar ao da Bovespa em 2003, como o argentino e o venezuelano, mantiveram altas no primeiro trimestre de 2004.
"Há dúvidas sobre a perspectiva de crescimento da economia brasileira", diz Gustavo Alcântara, do Banco Prosper. "Para piorar, o cenário político ficou ruim, contribuindo para um apetite menor pelo mercado acionário do país."
Outro indicador de que diminuiu o apetite de investidores estrangeiros em relação ao país no início deste ano foi a forte retração no ritmo das captações externas de empresas brasileiras.
Entre meados de fevereiro e o fim de março, apenas três novas captações foram fechadas.


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