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CRISE NO AR
Agência Nacional de Aviação Civil não aprova compartilhamento de vôos e complica a situação da companhia aérea
Acordo da Varig com a Ocean Air é vetado
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Anac (Agência Nacional de
Aviação Civil), que regula a aviação civil no país, não aprovou o
acordo operacional anunciado na
última sexta-feira entre Varig e
Ocean Air para fretamento de
aviões. O acordo, que previa que
os passageiros da Varig voassem
em aeronaves da Ocean Air, poderia dar um fôlego extra de 90
dias para a companhia aérea, que
está em recuperação judicial.
Segundo Leur Lomanto, diretor
da Anac, a agência entendeu que a
proposta seria transferência de
concessão, o que é proibido pela
legislação. "Da maneira que foi
colocada a proposta, o contrato
estaria transferindo uma concessão dada pelo governo a terceiros." De acordo com o diretor, a
Anac decidiu também que as linhas que a Varig deixou de operar
por mais de sete dias, como as da
região Sul do país, poderão ser
ocupadas por outras empresas.
"Se nesses locais houver uma
outra companhia operando, ela
passa a ocupar o espaço da Varig
nos aeroportos. Onde não houver
outra empresa, será feito pelo critério geral, ou seja, quem solicitou
primeiro pode disputar."
A proposta apresentada na semana passada previa o pagamento de despesas operacionais dos
vôos compartilhados como leasing, combustível ou manutenção
pela Ocean Air. Na prática, se o
acordo fosse fechado, a Ocean Air
entraria com as aeronaves, e a Varig, com os passageiros.
Como moeda de troca para assumir as despesas de operação da
Varig, o empresário Germán
Efromovich queria uma garantia
de que no futuro poderia obter
mais espaço nos aeroportos. Seria
um atalho para que a Ocean Air,
atualmente com 0,6% do mercado, conseguisse crescer.
No momento em que o governo
sinaliza que não vai tomar maiores providências para ajudar a
companhia, a reprovação do
acordo operacional agrava a situação da Varig. Na semana passada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que não seria possível ajudar a empresa. O
presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Demian Fiocca,
afirmou que o banco tomaria
uma decisão técnica.
Outros entraves poderiam impedir o acordo. Fontes do setor
afirmam que a Ocean Air não poderia pedir financiamento ao
BNDES para investir nos vôos
com a Varig, possibilidade aventada na semana passada. Isso
ocorreria por conta de uma dívida, negada pela empresa aérea.
Hoje, 300 trabalhadores, representantes das associações de pilotos e dos sindicatos, seguem em
avião da companhia aérea para
Brasília a fim de pedir o auxílio do
governo. Eles querem ser recebidos pelo presidente Lula.
Enquanto isso, a situação do
principal credor da Varig, o Aerus, agravou-se. O presidente do
fundo foi demitido na última sexta. A Secretaria de Previdência
Complementar enviou dois auditores fiscais da previdência para
uma fiscalização do fundo. A medida pode levar a uma intervenção caso sejam apuradas irregularidades. As dívidas da aérea com o
Aerus chegam a R$ 2 bilhões.
Infraero
A Infraero, que vinha cobrando
início imediato do pagamento
diário das tarifas aeroportuárias
pela Varig (uma liminar, que suspendia tal pagamento, foi derrubada no mês passado), disse ontem que, enquanto o acórdão da
liminar não for publicado, não
poderá cobrar a companhia.
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