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ECONOMIA GLOBAL
Fase atual é a melhor em 35 anos; retomada não pressiona inflação e está bem espalhada, sugerem dados do FMI
Mundo deve crescer perto de 5% em 2006
FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O crescimento da economia
mundial deve encostar em quase
5% em 2006, consolidando quatro
anos consecutivos de taxas positivas superiores a 4% -algo não
visto há quase 35 anos.
O ritmo de crescimento global
tende a continuar beneficiando,
neste ano e no próximo, emergentes como o Brasil e suas exportações de commodities.
A outra boa notícia é que a atual
onda de crescimento está bastante distribuída ao redor do mundo
e não vem acompanhada, pelo
menos por enquanto, de pressões
inflacionárias.
Os juros nas economias centrais
devem, portanto, continuar relativamente baixos, estimulando o
fluxo de dólares na direção das
economias emergentes.
EUA, China e agora o Japão serão os principais "motores" da
economia global em 2006. Entre
os membros do G7 (EUA, Japão,
Alemanha, Reino Unido, França,
Itália e Canadá), o crescimento no
ano ficará ao redor de 2,8%.
Segundo dados já ventilados na
Europa com base em informações
atribuídas ao FMI (Fundo Monetário Internacional), a economia
norte-americana, a maior do
mundo, deve crescer 3,3% neste
ano e 3,6% em 2007. A China crescerá 9,5% em 2006, e o Japão,
2,8% -consolidando o fim de
um longo período de estagnação
de mais de uma década.
Revisão para cima
Segundo dados "vazados" pelo
próprio FMI na Ásia, o mundo
como um todo deverá crescer
4,9% neste ano. A taxa é superior
aos 4,3% previstos pelo próprio
Fundo em setembro passado. Para 2007, a previsão permanece otimista: 4,7% de alta.
No caso brasileiro, o país vem ficando há vários semestres "na
lanterninha", com taxas de crescimento bem abaixo da de outros
emergentes concorrentes, como
China e Índia, e também da média
geral de crescimento mundial e da
própria América Latina.
Até ontem, não havia sido ventilada nenhuma estimativa do FMI
para o Brasil em 2006.
Dados finais e análises sobre essas expectativas serão divulgados
no dia 19, em Washington, no primeiro capítulo do relatório bianual "Perspectivas para a Economia Mundial", a ser apresentado
antes da reunião anual do FMI.
Entre os principais riscos contra
essa expectativa otimista, devem
constar no relatório a supervalorização dos imóveis nos EUA e na
Europa e os desequilíbrios fiscal e
nas contas externas americanas.
Essas preocupações vêm aparecendo em relatórios do Fundo
desde 2003, e a instituição já alertou de que a correção dos desequilíbrios tem sido muito lenta.
Outras análises do Fundo sobre
a economia e os mercados mundial serão conhecidos já na próxima sexta-feira.
Discussão sobre cotas
Como o Brasil decidiu há alguns
meses antecipar o pagamento de
US$ 15,5 bilhões que devia ao
Fundo, um dos assuntos de maior
interesse do país no encontro da
próxima semana do FMI será
uma nova rodada de discussões
sobre o sistema de representatividade dos seus países-membros.
Além do Brasil, vários emergentes, como China, Índia e Coréia do
Sul, têm interesse em uma mudança na atual sistemática. Dificilmente, porém, haverá qualquer
passo mais firme no sentido de
acabar com as distorções atuais
nas cotas, que determinam o poder de voto nas principais decisões do Fundo.
Países como Brasil, China e Índia vêm tentando forçar uma mudança no seu grau de representatividade há pelo menos cinco reuniões semestrais do Fundo.
O atual sistema é considerado
defasado, mas enfrenta uma série
de resistências a mudanças. As
principais vêm dos países que integram a União Européia e que
vêm perdendo, ano após ano, terreno para outras economias
emergentes.
Hoje, como reflexo da concepção do FMI, em 1944, um país como a Holanda, com um PIB (Produto Interno Bruto) quatro vezes
menor que o da China, tem poder
de voto quase igual ao do gigante
asiático. Mesmo o Brasil, com um
PIB duas vezes maior que o da
Bélgica, tem representatividade
menor nas decisões do Fundo:
1,41%, contra 2,13% dos belgas.
Uma nova proposta sobre as cotas já encaminhada pelo diretor-gerente do Fundo, Rodrigo de Rato, deverá começar a ser discutida
mais profundamente somente a
partir de outubro deste ano.
Para que ocorra qualquer alteração no atual sistema, são necessários 85% dos votos dos países-membros. Juntos, os 25 países
que compõem a União Européia
têm 31,9% desses votos, o que pode inviabilizar mudanças.
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