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PERDAS
Dos três maiores produtores do país, somente gaúchos não terão prejuízo nesta safra, ao contrário dos dois anos anteriores
MT vê menor produtividade de soja em 10 anos
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
O cenário de perda de renda dos
produtores agrícolas se agrava
ainda mais conforme avança a safra de soja. Os novos dados mostram que a produtividade não
atingiu o que se previa e a safra fica, pela terceira vez, abaixo das estimativas iniciais.
Há três safras, os produtores
plantam com perspectivas de obter uma colheita próxima de 60
milhões de toneladas, mas os números finais obtidos ficam bem
distantes dessas estimativas.
Com base em 62% da safra já
colhida, a Agência Rural, de Curitiba, refez as estimativas e prevê,
agora, apenas 54,7 milhões de toneladas.
Fernando Muraro, diretor da
agência, diz que a surpresa vem
do maior produtor nacional, Mato Grosso, onde a produtividade
recuou para 45 sacas por hectare,
o menor volume em uma década.
Quebra de safra, preços em queda e o dólar sem recuperação
-mesmo com tantos distúrbios
na política brasileira- são fatores
que levam os produtores de dois
dos três Estados maiores produtores de soja do país a ter prejuízo
com a oleaginosa neste ano.
Entre os três principais produtores de soja do país -Mato
Grosso, Paraná e Rio Grande do
Sul-, que somam 61% da produção nacional, apenas os gaúchos
não vão ter prejuízos, de acordo
com Muraro.
Gaúchos
A possibilidade de lucros dos
gaúchos nesta safra não indica, no
entanto, uma situação confortável, já que o Rio Grande do Sul foi
o líder de quebra nas safras de
2003/4 e 2004/5. Com um potencial de produção de 9 milhões de
toneladas, o Estado obteve apenas
2,6 milhões de toneladas na safra
passada. Neste ano, a safra será de
8,2 milhões de toneladas.
Para Muraro, os gaúchos vão
obter um pequeno ganho apenas
porque tiveram custos menores
de produção, devido à utilização
de semente geneticamente modificada.
O rendimento médio por hectare no Rio Grande do Sul é de 35
sacas por hectare, e os preços por
saca estão a R$ 21,00.
Os paranaenses estão obtendo
produtividade de 39,9 sacas e conseguem preços até melhores do
que os dos gaúchos por saca (R$
22,00), mas vão ficar no vermelho
porque tiveram custos de produção mais elevados.
As 35 sacas que os gaúchos vão
produzir por hectare geram uma
receita de R$ 735,00, mas gastaram R$ 730 para a produção. A
sobra é de R$ 5,00 por hectare.
Já os paranaenses recebem R$
877,80 pelas 39,9 sacas, mas gastaram R$ 950 para produzi-las. O
prejuízo é de R$ 72,20.
Situação pior é a dos mato-grossenses. Vão colher 45 sacas, mas
recebem apenas R$ 17,5 por saca.
Vão receber R$ 787,50 por hectare, mas gastaram R$ 1.050,00 para
a produção. Ou seja, o prejuízo será de R$ 262,50 por hectare. A
produção prevista para o Paraná é
de 9,4 milhões de toneladas, e a de
Mato Grosso, 15,9 milhões.
"As porteiras do Centro-Oeste
estão fechadas", diz Muraro. Com
o câmbio no patamar atual e os
novos custos trazidos pela ferrugem da soja, a produção se tornou
inviável na região, afirma ele.
Essa perda é grande em Mato
Grosso porque a sojicultura do
Estado deve contabilizar quebra
de cerca de 1 milhão de toneladas
nesta safra, se comparado ao resultado de produtividade obtido
na safra passada.
Com 90% da área plantada colhida, os números indicam que
neste ciclo a média estadual ficará
em 45 sacas por hectare, contra 48
na safra 2004/05. Esse rendimento
será o pior desde a safra 95/96,
quando a produtividade foi de 41
sacas por hectare.
Mais quebra
O Departamento de Agricultura
dos Estados Unidos também refez
os dados de safra de soja do Brasil
e agora estima 57 milhões de toneladas, uma queda de 1,5 milhão
em relação à previsão feita em
março. Já a Conab recuou a estimativa para 55,7 milhões.
O governo norte-americano reduziu também as estimativas do
volume a ser exportado pelo Brasil. A projeção caiu de 26 milhões
para 25,5 milhões de toneladas.
O Usda manteve a produção argentina desta safra em 40,5 milhões de toneladas e a chinesa em
18,3 milhões. A norte-americana
foi confirmada no recorde de 84
milhões.
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