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Governo já acena com concessão a prestadores
Planalto teme derrubada do veto presidencial a emenda de prestador de serviço
Ministros se reúnem com congressistas e sindicalistas e falam em novo projeto para regulamentar ação
de fiscais da Receita
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo voltou a acenar
com concessões na tentativa de
adiar a votação do veto presidencial ao texto, aprovado em
fevereiro por larga maioria pelo
Congresso, que protegia os
contratos de prestação de serviços por profissionais liberais
na condição de pessoa jurídica.
Em reunião ontem com líderes governistas, o Planalto indicou que abandonará o projeto
enviado ao Legislativo no mês
passado, logo após o veto, para
regulamentar a ação da Receita. A proposta havia sido mal
recebida pelas entidades empresariais favoráveis ao texto
vetado pelo presidente.
Mais tarde, com representantes das centrais sindicais, o
ministro Guido Mantega (Fazenda) e o secretário da Receita, Jorge Rachid, debateram
projeto para estabelecer em
que casos e condições um profissional pode ser contratado
como pessoa jurídica. Para hoje, está previsto encontro com o
empresariado.
A movimentação tem o objetivo de ganhar tempo. O governo sabe que corre grande risco
de derrota quando o Congresso
examinar o veto de Lula ao texto -uma emenda incluída no
projeto que fundiu as estruturas de arrecadação e fiscalização dos ministérios da Fazenda
e da Previdência Social, criando
a chamada Super-Receita.
A emenda explicitava o entendimento segundo o qual os
auditores fiscais não têm competência para dissolver contratos que, no seu entender, encobrem relações trabalhistas. Tal
decisão, segundo o texto, é exclusiva da Justiça.
Atendendo às bases sindicais
do governo, Lula vetou o texto,
mas, diante do amplo apoio político à emenda, enviou ao Congresso um projeto para disciplinar as autuações do fisco -estabelecendo que a decisão caberá aos delegados da Receita,
após a defesa do contribuinte.
"O governo sabe que aquele
projeto de lei não resolve e está
discutindo uma solução com a
Receita e com a Procuradoria
Geral da Fazenda", disse o líder
do governo no Senado, Romero
Jucá (PMDB-PR).
"A Receita entendeu isso, e o
ministro Guido vai mandar um
adendo para melhorar o projeto ainda mais", disse o ministro
Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais).
Na semana passada, a Receita já havia anunciado a suspensão temporária das autuações,
alegando dúvidas jurídicas, aliviando a pressão no Congresso.
Em tese, já foi esgotado o
prazo regimental para a votação do veto -ou seja, uma sessão com esse objetivo pode ser
marcada ainda hoje pelo presidente do Senado e do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL). Mas um acordo político
pode esticar o prazo.
"A primeira coisa é garantir
que o Congresso não ponha o
veto em votação", disse o deputado Paulinho da Força (PDT-SP), após a reunião com Mantega. "Precisamos de duas ou três
semanas para construir uma
proposta alternativa."
Além de alterar o projeto que
disciplina a ação dos fiscais da
Receita, o governo agora também fala em definir regras para
evitar que os contratos de prestação de serviços se tornem
"uma reforma trabalhista silenciosa", nas palavras de Rachid.
Uma das idéias em discussão
é só autorizar tais contratos em
situações em que a renda anual
do prestador de serviços seja
de, pelo menos, R$ 300 mil.
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