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Jorge diz que sua função não é defender empresário
Quem é ineficiente não pode ser defendido, afirma
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Há pouco mais de uma semana no cargo, o novo ministro do
Desenvolvimento, Miguel Jorge, deixa claro a diferença de
estilo em relação ao seu antecessor, Luiz Fernando Furlan.
Político, tenta se aproximar do
Congresso, mostra ainda afinidade com a área econômica ao
tratar de temas polêmicos como a taxa de câmbio e diz que
não assumiu a pasta para defender o empresariado.
"Ministro do Desenvolvimento não é defensor dos empresários. É defensor do desenvolvimento, da indústria e do
comércio. O empresário que é
incompetente, improdutivo,
ineficiente não pode ser defendido pelo ministro", disse.
A afirmação foi uma resposta
ao questionamento sobre o
desgaste sofrido por Furlan ao
encampar a bandeira do setor
produtivo por mudanças na política cambial, tema polêmico
dentro do governo.
Por diversas vezes, o ex-ministro se colocou como o representante do empresariado e
chegou a dizer que estava no
governo num período sabático
para voltar à iniciativa privada.
"Cada um tem seu estilo. Isso
não se discute. Não é o meu estilo. Sou negociador. Aprendi a
negociar no ABC paulista, que é
o melhor lugar do mundo para
se aprender."
Miguel Jorge fez coro com as
recentes colocações do ministro Guido Mantega (Fazenda)
de que o nível atual da taxa de
câmbio é algo que preocupa,
mas que o Brasil terá que
aprender a conviver porque reflete a melhora na economia.
A preocupação de Mantega
em evitar novos confrontos públicos nessa área é tanta que a
intransigência do ex-secretário
de Política Econômica da Fazenda Júlio Sérgio Gomes de
Almeida em relação à política
cambial é apontada como um
dos motivos de a sua demissão
ter sido aceita pelo ministro.
Miguel Jorge diz que é preciso evitar distorções que prejudiquem a economia e a competitividade de determinados setores. Mas enfatiza que a questão cambial deve ser tratada
com "tranqüilidade" e internamente no governo. "Não pode
ser feita pela imprensa."
"Se tem dumping, problemas
de oneração demasiada de um
setor ou outro, é preciso defender", argumentou, ressaltando
que isso deve ser analisado setor por setor.
Se o Brasil optou por um regime de câmbio flutuante, afirma, a taxa vai flutuar. "Ou então teríamos que fixá-la." Como
haverá variação, a cotação do
real nunca agradará a todos.
"Não se pode querer ter o
melhor dos mundos em todos
os momentos. O que é bom para uns é ruim para outros."
Ontem, o ministro passou
boa parte do dia no Congresso
fazendo "visitas de cortesias"
aos parlamentares. Sobre a indicação do novo presidente do
BNDES, ele disse que já tem
três nomes do mercado financeiro e escolherá com o presidente Lula. "Não tenho pressa
[em definir o novo nome]."
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