São Paulo, quarta-feira, 11 de abril de 2007

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Jorge diz que sua função não é defender empresário

Quem é ineficiente não pode ser defendido, afirma

SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Há pouco mais de uma semana no cargo, o novo ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, deixa claro a diferença de estilo em relação ao seu antecessor, Luiz Fernando Furlan. Político, tenta se aproximar do Congresso, mostra ainda afinidade com a área econômica ao tratar de temas polêmicos como a taxa de câmbio e diz que não assumiu a pasta para defender o empresariado.
"Ministro do Desenvolvimento não é defensor dos empresários. É defensor do desenvolvimento, da indústria e do comércio. O empresário que é incompetente, improdutivo, ineficiente não pode ser defendido pelo ministro", disse.
A afirmação foi uma resposta ao questionamento sobre o desgaste sofrido por Furlan ao encampar a bandeira do setor produtivo por mudanças na política cambial, tema polêmico dentro do governo.
Por diversas vezes, o ex-ministro se colocou como o representante do empresariado e chegou a dizer que estava no governo num período sabático para voltar à iniciativa privada.
"Cada um tem seu estilo. Isso não se discute. Não é o meu estilo. Sou negociador. Aprendi a negociar no ABC paulista, que é o melhor lugar do mundo para se aprender."
Miguel Jorge fez coro com as recentes colocações do ministro Guido Mantega (Fazenda) de que o nível atual da taxa de câmbio é algo que preocupa, mas que o Brasil terá que aprender a conviver porque reflete a melhora na economia.
A preocupação de Mantega em evitar novos confrontos públicos nessa área é tanta que a intransigência do ex-secretário de Política Econômica da Fazenda Júlio Sérgio Gomes de Almeida em relação à política cambial é apontada como um dos motivos de a sua demissão ter sido aceita pelo ministro.
Miguel Jorge diz que é preciso evitar distorções que prejudiquem a economia e a competitividade de determinados setores. Mas enfatiza que a questão cambial deve ser tratada com "tranqüilidade" e internamente no governo. "Não pode ser feita pela imprensa."
"Se tem dumping, problemas de oneração demasiada de um setor ou outro, é preciso defender", argumentou, ressaltando que isso deve ser analisado setor por setor.
Se o Brasil optou por um regime de câmbio flutuante, afirma, a taxa vai flutuar. "Ou então teríamos que fixá-la." Como haverá variação, a cotação do real nunca agradará a todos.
"Não se pode querer ter o melhor dos mundos em todos os momentos. O que é bom para uns é ruim para outros."
Ontem, o ministro passou boa parte do dia no Congresso fazendo "visitas de cortesias" aos parlamentares. Sobre a indicação do novo presidente do BNDES, ele disse que já tem três nomes do mercado financeiro e escolherá com o presidente Lula. "Não tenho pressa [em definir o novo nome]."


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