|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Juros para o consumidor mantêm tendência de alta
Pesquisa da Anefac revela que taxas subiram, em março, pelo terceiro mês seguido
Média de 7,28% ao mês é
a maior desde junho; alta
é atribuída à expectativa
de aumento da Selic e ao mercado interno aquecido
TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO
Os juros cobrados dos consumidores tiveram a terceira elevação consecutiva em março,
chegando à média de 7,28% ao
mês, 0,03 ponto percentual superior à de fevereiro e a mais alta desde junho de 2007.
Houve alta em todas as taxas
pesquisadas em relação a fevereiro. A maior taxa continua
sendo a do empréstimo pessoal
em financeiras, que subiu de
11,18% para 11,20% ao mês, seguida pela do cartão de crédito,
que foi de 10,34% para 10,37%.
Para o coordenador da pesquisa e vice-presidente da Anefac (Associação Nacional dos
Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel Oliveira, a alta pode ser
atribuída ao aumento dos juros
futuros por causa da crise nos
EUA, à expectativa de elevação
da Selic e ao aquecimento do
mercado interno. Para as empresas, também houve acréscimo em todas as linhas de crédito, com a média subindo de
4,13% para 4,16% ao mês.
Os números da Anefac mostram que a redução da Selic teve pouca influência nos gastos
do consumidor. Na média, a taxa para pessoa física alcançou
132,39%, contra 141,12% ao ano
em setembro de 2005, o que
corresponde a diminuição de
6,19%. No mesmo período, a redução da Selic foi de 43,04%.
Na análise individual, a
maior redução -e a única de
dois dígitos- aconteceu no
CDC (Crédito Direto ao Consumidor), que caiu 17,22%, seguido do cheque especial (-8,98%),
empréstimo pessoal em bancos
(-8,92%) e financeiras (-7,67%)
e no comércio (-1,99%). No cartão de crédito, houve aumento
de 1,11%. "O problema é que, como as taxas de juros estão muito acima da Selic, a queda em
porcentagem é quase insignificante", afirma Oliveira.
Fábio Pina, assessor econômico da Fecomercio-SP, justifica a redução em patamares
tão diferentes dizendo que "o
"spread" [diferença entre taxas
captadas e repassadas] dos
bancos é monstruoso".
Para ele, o aumento da Selic,
cogitado em até 0,5 ponto percentual na reunião do Copom
na próxima semana, não vai
conter a expansão da demanda.
Carlos Freitas, chefe da divisão econômica da Confederação Nacional do Comércio, diz
que o comportamento dos juros ao consumidor tem relação
imediata com as taxas futuras,
"que dependem da estratégia
da política monetária do Banco
Central". Para ele, se o BC aumentar a Selic em mais de 0,5
ponto, as taxas futuras podem
até cair, pois seria um sinal de
que o órgão quer desaquecer a
demanda rapidamente.
A Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) explica o
"spread" ainda alto pelo aumento do custo de captação do
dinheiro, principalmente para
atender a empréstimos de curto prazo. "É uma questão de tesouraria", diz Nicola Tingas,
economista-chefe da entidade.
Texto Anterior: Meirelles critica pressões de entidades "poderosas" Próximo Texto: CNI ataca proposta de reforma do Sistema S Índice
|