São Paulo, sábado, 11 de abril de 2009

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"Pressa" anulará ganho maior, diz especialista

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A criação do Fator 85/95 poderá ter efeito nulo sobre o comportamento do trabalhador brasileiro na hora da aposentadoria.
Na avaliação do especialista em Previdência Marcelo Abi-Ramia Caetano, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o trabalhador médio tem um perfil classificado de "impaciente" e poderá optar por continuar se aposentando mais cedo com benefício reduzido, apesar de o novo fator oferecer uma recompensa para a postergação da aposentadoria.
"As pessoas no Brasil têm comportamento que chamamos em economia de "impaciente". Isso indica que, se a pessoa pode se aposentar logo, ela prefere. Até porque nada impede que [a pessoa] se aposente e continue trabalhando", declarou Caetano. "Basta ver a compra da geladeira, do fogão. A pessoa prefere pagar juros altíssimos no crediário, mas ter o bem mais rapidamente."
A advogada especializada em direito previdenciário Rafaela Domingos Lirôa acrescenta que o "fantasma" da crise econômica e o aumento do desemprego ainda são fatores que deverão pesar na decisão de adiar ou não a aposentadoria.
"Com a crise e o desemprego, as pessoas preferem se aposentar logo e garantir seu benefício", diz a advogada.

Vitória do governo
Para Caetano, ainda que haja essa tendência, é muito difícil afirmar qual será o resultado do novo fator. E, mesmo que venha a ser nulo devido à falta de adesão, para o governo, isso significará uma vitória.
"Politicamente, o governo poderá dizer que atendeu ao apelo dos trabalhadores, criou uma opção menos rigorosa, mas a população ainda assim decidiu se aposentar pela regra atual", disse o especialista. "Tudo continuará como está."
Projeções elaboradas por Caetano sugerem que o fator poderá atingir maior grau de adesão entre os trabalhadores mais próximos da aposentadoria, já que a opção representaria menos sacrifício. Nesse caso, afirma ele, nos dez primeiros anos haveria redução do déficit da Previdência. Passados 20 anos, no entanto, o rombo passaria a aumentar em 0,2 ponto do PIB a cada ano. (JS)


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