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"Pressa" anulará ganho maior, diz especialista
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A criação do Fator 85/95 poderá ter efeito nulo sobre o
comportamento do trabalhador brasileiro na hora da aposentadoria.
Na avaliação do especialista
em Previdência Marcelo Abi-Ramia Caetano, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada), o trabalhador médio
tem um perfil classificado de
"impaciente" e poderá optar
por continuar se aposentando
mais cedo com benefício reduzido, apesar de o novo fator oferecer uma recompensa para a
postergação da aposentadoria.
"As pessoas no Brasil têm
comportamento que chamamos em economia de "impaciente". Isso indica que, se a
pessoa pode se aposentar logo,
ela prefere. Até porque nada
impede que [a pessoa] se aposente e continue trabalhando",
declarou Caetano. "Basta ver a
compra da geladeira, do fogão.
A pessoa prefere pagar juros altíssimos no crediário, mas ter o
bem mais rapidamente."
A advogada especializada em
direito previdenciário Rafaela
Domingos Lirôa acrescenta
que o "fantasma" da crise econômica e o aumento do desemprego ainda são fatores que deverão pesar na decisão de adiar
ou não a aposentadoria.
"Com a crise e o desemprego,
as pessoas preferem se aposentar logo e garantir seu benefício", diz a advogada.
Vitória do governo
Para Caetano, ainda que haja
essa tendência, é muito difícil
afirmar qual será o resultado do
novo fator. E, mesmo que venha a ser nulo devido à falta de
adesão, para o governo, isso significará uma vitória.
"Politicamente, o governo
poderá dizer que atendeu ao
apelo dos trabalhadores, criou
uma opção menos rigorosa,
mas a população ainda assim
decidiu se aposentar pela regra
atual", disse o especialista. "Tudo continuará como está."
Projeções elaboradas por
Caetano sugerem que o fator
poderá atingir maior grau de
adesão entre os trabalhadores
mais próximos da aposentadoria, já que a opção representaria menos sacrifício. Nesse caso, afirma ele, nos dez primeiros anos haveria redução do déficit da Previdência. Passados
20 anos, no entanto, o rombo
passaria a aumentar em 0,2
ponto do PIB a cada ano.
(JS)
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