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Mercado Aberto
MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br
Empresa pode ter de pagar mais no Procon que no Poder Judiciário
As empresas não dão muita
atenção ao Procon, mas as multas aplicadas pelo órgão podem
atingir cifras tão altas que superam até indenizações aplicadas
pelo Poder Judiciário.
A opinião é do especialista
em direito do consumo Bruno
Boris, que diz que o Código de
Defesa do Consumidor chega a
20 anos sem a devida atenção.
A multa resultante de uma
reclamação ao órgão pode custar mais de R$ 3 milhões a uma
companhia em São Paulo, R$ 6
milhões no Rio e R$ 30 milhões
em Mato Grosso do Sul, diz Boris. O valor varia conforme as
Ufirs (Unidades Fiscais de Referência) de cada Estado.
Em São Paulo, não é incomum que empresas sejam multadas em mais de R$ 3 milhões,
segundo Roberto Pfeiffer, diretor do Procon-SP. "O valor depende do porte da empresa."
Para evitar extremos, o advogado e o diretor do Procon concordam que o fornecedor de
produtos e serviços precisa ter
"espírito conciliador".
"Depois que chega ao Procon
a empresa tem dez dias para resolver. Aí a atitude deve ser solucionar, se o consumidor tiver
razão", afirma Pfeiffer.
Após a solução do conflito,
por meio de acordo, Boris diz
que a empresa, para se proteger, deve garantir que o consumidor retire a queixa no órgão.
"O próprio termo do acordo
pode exigir que o cliente cancele a reclamação. Caso contrário, a questão fica arquivada e
pode ressurgir", diz. Outra medida sugerida pelo advogado é a
instalação de "expressinhos",
pontos de atendimento próximo ao Procon ou dentro dele.
A prática, porém, não é aceita
em todos os Estados. "O Rio
tem boa experiência. As empresas atendem antes que a queixa
seja registrada." Para o diretor
do Procon-SP, a prática estimula as empresas a atuarem
somente após as reclamações.
Redução de multa da Parmalat é inédita no país
Uma decisão judicial que
reverteu a maior autuação
aplicada pela Receita Federal evidenciou as consequências de uma fiscalização
questionável.
A Parmalat Brasil conseguiu na quarta-feira reduzir
o valor do auto de infração de
cerca de R$ 14 bilhões (R$
10,7 bilhões em 1999), herdado do antigo grupo Parmalat,
para uma base de cálculo de
R$ 12 milhões no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais). A Receita
considerou ilegítimas despesas, como compra de leite.
A Parmalat, hoje controlada pela Laep Investments,
chegou a contratar um caminhão para transportar toda
documentação de 1999, que
nem foi examinada.
A decisão foi proferida pela 4ª Câmara da 1ª Seção do
Carf e é de segunda instância. É possível que a Receita
recorra em um ou dois itens.
A autuação teve graves
consequências para a empresa, segundo uma pessoa próxima à companhia. Já em dificuldades, a empresa teve de
arcar com os custos do processo e enfrentar a resistência de bancos que não queriam fazer negócios.
Os R$ 10,7 bilhões em 1999
corresponderiam a 92% da
arrecadação total de IR.
O escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice assessorou a Parmalat Brasil em
parceria com o advogado José Henrique Longoe.
REMÉDIO
PARA
A BUROCRACIA
Cientistas, diretores
de centros de pesquisa
do Brasil e representantes da indústria farmacêutica apresentarão propostas ao Ministério da Saúde para o
avanço da pesquisa clínica. A burocracia retarda a aprovação de
remédios, o país perde
investimentos, há
transferência de tecnologia, conhecimento e
inovação, o que prejudica pacientes brasileiros. "A aprovação de
um protocolo de pesquisa no Canadá demora entre três e quatro
meses; nos EUA, de
quatro a seis, e no Brasil, leva um ano", diz
Paulo Hoff, diretor-clínico do Instituto do
Câncer do Estado de
São Paulo Octavio Frias
de Oliveira e diretor-executivo do Centro de
Oncologia do Hospital
Sírio Libanês. "Nos
EUA, parentes fazem
lobby pelo desenvolvimento de remédios para tratamento de câncer", diz. "Quem ganharia [com aperfeiçoamentos] seriam os pacientes que teriam novos medicamentos."
O QUE ESTOU LENDO
Reprodução
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SENHORA DO TEMPLO
Em meio à campanha, a
ex-ministra e pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff dedica-se à
leitura de "The Secrets of
the Temple - How the Federal Reserve Runs the
Country " (em tradução livre, "Os Segredos do Templo - Como o Federal Reserve dirige o País"), de
William Greider.
"É sobre o Federal Reserve (o banco central dos Estados Unidos)", diz a ex-chefe da Casa Civil.
Greider foi repórter por
40 anos e escreveu para
"Washington Post".
Da política monetária para o cinema. A ex-ministra
lê ainda um "livrinho fininho, muito interessante"
que ganhou na quarta-feira
passada, em sua primeira
viagem de campanha, em
Minas Gerais. Foi presente
de Marcio Borges, irmão do
cantor e compositor Lô
Borges. "Eu o chamo de
Márcio Godard, porque ele
gostava do Godard", conta.
O livro é sobre o Centro
de Estudos Cinematográficos, "sabe o que é CEC?
Funcionava no Teatro de
Imprensa, na Imprensa Oficial de Minas. Nós frequentávamos o Centro de Estudos Cinematográficos, nos
anos 70. O Marcinho era
meu amigo".
SALA DE AULA 1
Preocupada com a escassez de mão de obra na engenharia, a Federação Nacional dos Engenheiros assina
amanhã acordo de cooperação tecnológica com a Associação de Engenheiros Brasil-Alemanha para a criação
de uma instituição de ensino
superior. Os cursos serão de
graduação nas áreas de engenharia e terão professores
do Brasil e da Alemanha.
SALA DE AULA 2
O objetivo da parceria é o
intercâmbio de inovação
tecnológica entre os países
para contribuir na formação
de profissionais de engenharia. O acordo, que conta com
apoio dos governos, será assinado na presença do Ministro de Ciência e Tecnologia do Brasil, Sergio Rezende, e da Ministra de Educação e Pesquisa da Alemanha,
Annette Schavan.
com JOANA CUNHA e ALESSANDRA KIANEK
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