São Paulo, domingo, 11 de abril de 2010

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Mercado Aberto

MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br

Empresa pode ter de pagar mais no Procon que no Poder Judiciário

As empresas não dão muita atenção ao Procon, mas as multas aplicadas pelo órgão podem atingir cifras tão altas que superam até indenizações aplicadas pelo Poder Judiciário.
A opinião é do especialista em direito do consumo Bruno Boris, que diz que o Código de Defesa do Consumidor chega a 20 anos sem a devida atenção.
A multa resultante de uma reclamação ao órgão pode custar mais de R$ 3 milhões a uma companhia em São Paulo, R$ 6 milhões no Rio e R$ 30 milhões em Mato Grosso do Sul, diz Boris. O valor varia conforme as Ufirs (Unidades Fiscais de Referência) de cada Estado.
Em São Paulo, não é incomum que empresas sejam multadas em mais de R$ 3 milhões, segundo Roberto Pfeiffer, diretor do Procon-SP. "O valor depende do porte da empresa."
Para evitar extremos, o advogado e o diretor do Procon concordam que o fornecedor de produtos e serviços precisa ter "espírito conciliador".
"Depois que chega ao Procon a empresa tem dez dias para resolver. Aí a atitude deve ser solucionar, se o consumidor tiver razão", afirma Pfeiffer.
Após a solução do conflito, por meio de acordo, Boris diz que a empresa, para se proteger, deve garantir que o consumidor retire a queixa no órgão.
"O próprio termo do acordo pode exigir que o cliente cancele a reclamação. Caso contrário, a questão fica arquivada e pode ressurgir", diz. Outra medida sugerida pelo advogado é a instalação de "expressinhos", pontos de atendimento próximo ao Procon ou dentro dele.
A prática, porém, não é aceita em todos os Estados. "O Rio tem boa experiência. As empresas atendem antes que a queixa seja registrada." Para o diretor do Procon-SP, a prática estimula as empresas a atuarem somente após as reclamações.

Redução de multa da Parmalat é inédita no país

Uma decisão judicial que reverteu a maior autuação aplicada pela Receita Federal evidenciou as consequências de uma fiscalização questionável.
A Parmalat Brasil conseguiu na quarta-feira reduzir o valor do auto de infração de cerca de R$ 14 bilhões (R$ 10,7 bilhões em 1999), herdado do antigo grupo Parmalat, para uma base de cálculo de R$ 12 milhões no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais). A Receita considerou ilegítimas despesas, como compra de leite.
A Parmalat, hoje controlada pela Laep Investments, chegou a contratar um caminhão para transportar toda documentação de 1999, que nem foi examinada.
A decisão foi proferida pela 4ª Câmara da 1ª Seção do Carf e é de segunda instância. É possível que a Receita recorra em um ou dois itens.
A autuação teve graves consequências para a empresa, segundo uma pessoa próxima à companhia. Já em dificuldades, a empresa teve de arcar com os custos do processo e enfrentar a resistência de bancos que não queriam fazer negócios.
Os R$ 10,7 bilhões em 1999 corresponderiam a 92% da arrecadação total de IR.
O escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice assessorou a Parmalat Brasil em parceria com o advogado José Henrique Longoe.

REMÉDIO PARA A BUROCRACIA
Cientistas, diretores de centros de pesquisa do Brasil e representantes da indústria farmacêutica apresentarão propostas ao Ministério da Saúde para o avanço da pesquisa clínica. A burocracia retarda a aprovação de remédios, o país perde investimentos, há transferência de tecnologia, conhecimento e inovação, o que prejudica pacientes brasileiros. "A aprovação de um protocolo de pesquisa no Canadá demora entre três e quatro meses; nos EUA, de quatro a seis, e no Brasil, leva um ano", diz Paulo Hoff, diretor-clínico do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira e diretor-executivo do Centro de Oncologia do Hospital Sírio Libanês. "Nos EUA, parentes fazem lobby pelo desenvolvimento de remédios para tratamento de câncer", diz. "Quem ganharia [com aperfeiçoamentos] seriam os pacientes que teriam novos medicamentos."

O QUE ESTOU LENDO

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SENHORA DO TEMPLO
Em meio à campanha, a ex-ministra e pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff dedica-se à leitura de "The Secrets of the Temple - How the Federal Reserve Runs the Country " (em tradução livre, "Os Segredos do Templo - Como o Federal Reserve dirige o País"), de William Greider. "É sobre o Federal Reserve (o banco central dos Estados Unidos)", diz a ex-chefe da Casa Civil. Greider foi repórter por 40 anos e escreveu para "Washington Post". Da política monetária para o cinema. A ex-ministra lê ainda um "livrinho fininho, muito interessante" que ganhou na quarta-feira passada, em sua primeira viagem de campanha, em Minas Gerais. Foi presente de Marcio Borges, irmão do cantor e compositor Lô Borges. "Eu o chamo de Márcio Godard, porque ele gostava do Godard", conta. O livro é sobre o Centro de Estudos Cinematográficos, "sabe o que é CEC? Funcionava no Teatro de Imprensa, na Imprensa Oficial de Minas. Nós frequentávamos o Centro de Estudos Cinematográficos, nos anos 70. O Marcinho era meu amigo".

SALA DE AULA 1
Preocupada com a escassez de mão de obra na engenharia, a Federação Nacional dos Engenheiros assina amanhã acordo de cooperação tecnológica com a Associação de Engenheiros Brasil-Alemanha para a criação de uma instituição de ensino superior. Os cursos serão de graduação nas áreas de engenharia e terão professores do Brasil e da Alemanha.

SALA DE AULA 2
O objetivo da parceria é o intercâmbio de inovação tecnológica entre os países para contribuir na formação de profissionais de engenharia. O acordo, que conta com apoio dos governos, será assinado na presença do Ministro de Ciência e Tecnologia do Brasil, Sergio Rezende, e da Ministra de Educação e Pesquisa da Alemanha, Annette Schavan.

com JOANA CUNHA e ALESSANDRA KIANEK



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