São Paulo, domingo, 11 de abril de 2010

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Demanda interna em alta leva China ao 1º deficit em 6 anos

Importação cresce mais que vendas para o exterior e deve ajudar esforços de Pequim contra críticas globais ao yuan

Brasil tem superavit de US$ 697 milhões em março, mas exportações chinesas para o país são as que mais crescem no 1ª tri de 2010


DA REDAÇÃO

Com a demanda doméstica em alta, a China teve no mês passado o seu primeiro deficit comercial em seis anos. O resultado deve ajudar os esforços chineses para justificar que o yuan não está "desvalorizado artificialmente" e que não é responsável pelos desequilíbrios da economia global.
O deficit era esperado, já que as autoridades do país vinham sinalizando que isso ocorreria, mas veio de forma muito mais intensa que a esperada por analistas. A diferença entre importações e exportações ficou em US$ 7,2 bilhões, enquanto a expectativa era que ela ficasse abaixo de US$ 1 bilhão.
O resultado negativo na balança comercial, o primeiro desde abril de 2004, deve-se ao aumento expressivo nas importações, que cresceram 66% na comparação com março do ano passado, depois de subirem 45% no mês anterior. Já as exportações não acompanharam o ritmo, com avanço de 24% no mês passado, após expansão de 46% em fevereiro. De janeiro a março, a China acumulou superavit de US$ 14,5 bilhões.
Ainda assim, para os EUA, os principais críticos da política cambial, a situação não mudou muito -o país continuou a ter deficit no comércio com a China. Agora, foram mais US$ 9,9 bilhões e a conta americana está negativa em US$ 30,8 bilhões no primeiro trimestre. Em 2009, a China foi responsável por quase metade do deficit americano de US$ 501 bilhões.
O Brasil teve superavit de US$ 697 milhões com a China em março e de US$ 1,4 bilhão no trimestre. Porém, as vendas chinesas para o país foram as que mais cresceram de janeiro a março (88,3%), enquanto as compras subiram 71,5%.
O governo chinês vem mantendo a cotação do yuan atrelada ao dólar desde julho de 2008. Com uma moeda mais fraca (que torna seus produtos mais competitivos no exterior), a China aumentou a sua participação no mercado global de exportação durante a crise.
Isso vem gerando críticas de diversos governos e organismos, que dizem que a medida provoca desequilíbrios no comércio global e que, em vez de fomentar as exportações, o governo da China deveria incentivar o consumo interno.
A expectativa é que o governo chinês anuncie nos próximos dias que vai deixar o yuan flutuar novamente, mas o principal motivo não seria a pressão externa, mas sim o controle da inflação, já que a valorização da moeda facilitaria a compra de importados, reduzindo a pressão sobre os preços.


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