|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ANÁLISE
País precisa definir foco, dizem especialistas
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
Não ter estratégia sempre foi
a estratégia do Brasil para o comércio internacional, segundo
especialistas.
Funcionaria mais ou menos
assim: as commodities agrícolas e metálicas seguram a balança; no que diz respeito às
mercadorias industrializadas,
tudo depende de para onde os
ventos sopram -quando o
mercado doméstico está aquecido, a ele são dedicados todos
os esforços, mas, se a demanda
interna vai mal, toca separar
uma parte da produção e bater
na porta de outros países para
tentar vender alguma coisa.
Em 2009, com a maior crise
mundial em 80 anos, tal lógica
continuou dando certo. Porém,
o Brasil é chamado à maioridade e à definição do equilíbrio
entre itens básicos e sofisticados na pauta de exportações.
É preciso aproveitar o que de
melhor cada setor pode oferecer, dizem os especialistas. "O
Brasil é muito competente na
utilização de tecnologia na
agropecuária. A certo ponto,
entretanto, vai se perguntar se
é isso mesmo o que deseja em
termos de crescimento", diz
Jan Kregel, professor da Universidade do Missouri, nos
EUA, e ex-economista-sênior
da Unctad, ligada à ONU.
Segundo ele, a China não vai
ser infinitamente importadora
de matérias-primas, "embora
no momento esteja pedindo
que o Brasil abdique de se industrializar para ser um eterno
fornecedor de básicos".
O pesquisador também argumenta que a agricultura e a mineração não geram postos de
trabalho suficientes. E que o
Brasil tem um excesso de mão
de obra nas áreas urbanas e
particularmente no interior.
Para ele, a indústria, que cria
mais empregos por volume
produzido, pode ganhar um
grande impulso se as oportunidades de exportação forem
mais bem exploradas pelo país.
"O Brasil pode pensar em desenvolver a sua manufatura
apoiando-se majoritariamente
no mercado interno. Daí, haja
transferência de renda. O Fome Zero e o Bolsa Família apenas diminuem o problema."
Kregel afirma que "a verdade" é que o país não está proporcionando oportunidades
para que essa parte da população seja autossuficiente.
"É um buraco na filosofia
brasileira de desenvolvimento", diz Kregel.
O modelo adotado por outras
nações que emergiram, por
exemplo a Coreia do Sul, e mesmo pelas que há tempos fazem
parte do grupo das gigantes globais, como o Japão e a Alemanha, combina o investimento
na demanda doméstica e nas
exportações.
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Dona da grife Louis Vuitton investe em hotéis de luxo Índice
|