São Paulo, domingo, 11 de abril de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Hollywood quer vetar apostas em filmes

Grandes estúdios pretendem impedir criação de instrumentos financeiros em que investidor aplicaria no sucesso da bilheteria

Um dos grupos favoráveis a investimento afirma que os mercados ajudariam a promover maior transparência no setor


DO "NEW YORK TIMES"

Em uma demonstração de solidariedade, muitos dos grandes grupos do setor de cinema e alguns legisladores simpáticos à causa se alinharam em um esforço de último minuto para bloquear a adoção de novos instrumentos financeiros que permitiriam a negociação em Bolsa de contratos de "swap" relacionados aos resultados de bilheteria de filmes.
Uma coalizão liderada pela MPAA, a associação setorial dos grandes estúdios de cinema, solicitou à Comissão de Operações de Commodities e Futuros (CFTC, na sigla em inglês) norte-americana que rejeite o pedido de criação de um mercado futuro para contratos de filmes, apresentada pela Veriana Networks. Alguns dos maiores sindicatos e organizações profissionais de Hollywood apoiaram o esforço. A MPAA representa estúdios como 20th Century Fox, Paramount Pictures, Sony Pictures Entertainment, Universal Studios, Walt Disney Studios e Warner Brothers.
Duas empresas, a Cantor Fitzgerald e a Veriana Networks, haviam solicitado autorização para lançar mercados em que produtores, distribuidores e estúdios poderiam apostar no desempenho de bilheteria de determinados filmes. Com isso, afirmam que eles poderiam fazer um hedge (proteção) dos seus investimentos nos filmes. Ao longo das duas últimas semanas, duas senadoras, Barbara Boxer e Dianne Feinstein (ambas da Califórnia, onde fica Hollywood), enviaram à comissão uma carta conjunta na qual recomendam cautela na aprovação à negociação de contratos. Deputados federais enviaram cartas de teor semelhante.
Em meio a pressões, a CFTC, no fim da tarde de anteontem, anunciou que adiou a decisão sobre o tema para o dia 16. Para os estúdios, a iniciativa traz uma série considerável de problemas, entre os quais o risco de manipulação de mercado em um setor tão influenciado por boatos quanto o do cinema.
Eles apontam risco de conflitos de interesses entre funcionários do estúdio e prestadores terceirizados de serviços, que poderiam apostar a favor ou contra os filmes em que estão envolvidos; possibilidade de que o desempenho de bilheteria dos filmes seja influenciado por apostas adversas no mercado futuro; dificuldade em obter ou reter salas de exibição para filmes vistos como fracos pelas atividades nos mercados futuros; necessidade de adotar rigorosos controles internos para prevenir a possibilidade de transações com uso de informações privilegiadas.
Entre os potenciais abusos, alegam os estúdios, está a possibilidade de que um especulador divulgue uma primeira versão de um filme na internet e lucre posteriormente quando ele sofrer nas bilheterias.
As duas empresas disseram ter a esperança de que seus pedidos fossem aprovados. "Se eles desejam um diálogo aberto, para nós, isso é ótimo, e não vemos problema em reiniciar o processo de aprovação do produto", disse Rob Swagger, presidente-executivo da Veriana.
Richard Jaycobs, presidente da Cantor Fitzgerald Exchange, disse que vem realizando reuniões com investidores em cinema desde que a MPAA divulgou, em março, uma circular na qual desaprovava os novos mercados. Para ele, os mercados ajudariam a promover maior transparência no setor.
Em carta na qual responde a objeções prévias da MPAA, Jaycobs revela que a empresa procurou a associação em março de 2009 para discutir o mercado. Mas a MPAA se limitou a reconhecer o contato e não "apresentou resposta ou objeção substantiva" até a carta do mês passado, escreveu Jaycobs.

Tradução de PAULO MIGLIACCI



Texto Anterior: Portfólio de grupo tem desde relógio até bebida
Próximo Texto: Empresa vê chance de reduzir riscos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.