|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ÂNCORA CAMBIAL
IGP-DI recua de 0,99% para 0,51% em abril, puxado pelo tombo da moeda dos EUA e dos preços agrícolas
Inflação cai à metade com ajuda do dólar
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A desvalorização do dólar diante do real e a normalização da
oferta de produtos do setor agrícola enfraqueceram a inflação em
abril. O IGP-DI, divulgado ontem
pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), registrou elevação de 0,51%,
contra 0,99% em março.
O recuo do IPA (Índice de Preços por Atacado) de 1,14% em
março para 0,33% em abril, puxado pela deflação de 1,60% dos
produtos agrícolas, foi fundamental para o resultado do indicador de preços.
"A queda do IGP-DI se explica
fundamentalmente pelo recuo do
IPA, que havia ficado elevado em
março devido à quebra da safra
agrícola", diz Salomão Quadros,
coordenador de análises econômicas da FGV. "O câmbio mais
baixo também ajudou no resultado, principalmente na parte de insumos industriais."
O resultado do IGP-DI (Índice
Geral de Preços - Disponibilidade
Interna) ficou abaixo das expectativas do mercado. Segundo o boletim Focus elaborado semanalmente pelo Banco Central, a previsão era que o indicador ficasse
em 0,80%.
A desaceleração nos preços do
atacado tende a gerar menor pressão futura para o consumidor.
Por enquanto, isso não ocorreu. A
inflação medida pelo IPC (Índice
de Preços ao Consumidor) subiu
de 0,70% em março para 0,88%
em abril.
Hoje, será conhecido o resultado do IPCA de abril. Se o indicador trouxer surpresas, como o
IGP-DI, poderão crescer as expectativas de que o Copom (Comitê
de Política Monetária) mantenha
inalterada a taxa básica de juros
nos atuais 19,50%. O IPCA é o índice que baliza a política de metas
de inflação. O Copom se reúne na
próxima semana para definir como ficam os juros.
Para Maristella Ansanelli, economista-chefe do banco Fibra, o
dólar baixo e o cenário de acomodação da atividade econômica aumentam as chances de o ciclo de
altas dos juros básicos ter chegado
a seu fim.
Pressão passageira
A economista afirma que as expectativas para o IPCA em 12 meses devem aparecer menores no
Focus da próxima semana, devido à própria metodologia de cálculo do dado. "O câmbio também
está muito baixo, o que favorece a
concretização do fim do ajuste de
alta", avalia Ansanelli.
Apesar da alta de ontem, o dólar
tem desvalorização acumulada de
2,17% no mês. No ano, a baixa da
moeda chega a 6,78%.
"Se o dólar permanecer baixo,
poderemos ver ainda influência
positiva dessa tendência na inflação deste mês também", afirma
Jorge Simino, sócio-diretor da MS
Consulting.
Conservador
Maurício Oreng, economista do
Unibanco, afirma que é bom ter
cautela, pois o "BC pode interpretar o atual nível do dólar como algo temporário". "Trabalhamos
ainda com uma expectativa de
que a Selic seja elevada em 0,25
ponto percentual na próxima reunião do Copom. A ata da reunião
do mês passado ainda estava com
uma visão bem conservadora",
diz o economista.
A piora do mercado internacional ontem pode, se prosseguir nos
próximos dias, influenciar o BC
em sua decisão. Ontem, os juros
futuros já subiram um pouco, e o
dólar voltou a ser vendido a R$
2,47 -depois de bater em R$ 2,45
no início da semana.
Na opinião de Roberto Padovani, da consultoria Tendências, "há
espaço para o BC elevar a Selic em
0,25 ponto percentual". "Mas
achamos que o ciclo de alta deve
ser interrompido já nesta reunião", diz Padovani.
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Opinião Econômica - Paulo Rabello de Castro: Consenso Brasileiro Índice
|